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A primeira Lei de Newton, a sociedade, o Estado e a economia
- Por Roberta Valiatti Ferreira
Uma das lições de Física mais fáceis de entender na escola foi sobre a primeira lei de Newton, conhecida como princípio da inércia. Num resumo bem simples, ele indica que um corpo que está em movimento tende a continuar em movimento, assim como um corpo parado tende a assim permanecer, salvo se uma força diferente atuar sobre ele. Nada mais adequado para explicar certos fenômenos sociais, econômicos e políticos.
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No âmbito das relações sociais, podemos fazer um parâmetro com o hábito. Para mudá-lo, é preciso aplicar uma outra força e, uma vez criado o novo hábito, como uma repetição natural e automática de determinado comportamento, ele tende a se manter.
O mesmo podemos dizer sobre as pessoas acostumadas a trabalhar em empregos formais, sem assumir qualquer risco de um empreendimento, mas que, com o desemprego ou a insatisfação, saem dessa aparente ou quase estabilidade para empreender, criando empregos e “movimentando” a roda da economia – com o perdão do trocadilho.
O que assusta, porém, é lembrar que, quanto maior a massa do corpo, maior deve ser a força capaz de pará-lo ou movimentá-lo. Quanto maior o Estado, também.
Vejamos o triste exemplo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes): com um orçamento maior que a imensa maioria dos municípios do estado, a Universidade ficou meses sem qualquer movimento para superar as dificuldades de os de alguns alunos e ao menos diminuir a defasagem do calendário. Nada. Um corpo inerte (ao menos inerte quanto ao diálogo com a sociedade que a sustenta sobre as iniciativas que estaria tomando).
Conforme notícia divulgada em 17/07/2020 pelo portal ES360, somente após meses parada, a Universidade começou a discutir o retorno das aulas, embora a reportagem informe também que “A universidade não deixou claro como vai garantir que todos os alunos tenham o ao conteúdo disponibilizado online”.
Ora, ainda que o número de estudantes sem o à internet ou a computadores seja grande – o que certamente não é, dado o nível econômico de grande parte dos alunos da Ufes –, é preciso iniciar o processo de mudança e acelerá-lo, pois o tal “novo normal” está aí! Lemos as notícias sobre segunda e terceira ondas da covid-19 pelo mundo, o que significa que tão cedo não voltaremos a ter salas cheias nas aulas presenciais. Como esses alunos farão? Ficarão mais um ano sem aulas?
É preciso sair da inércia e, para isso, a iniciativa privada, sempre em movimento, tem muito a ensinar aos es públicos. Pode-se pensar em parcerias com empresas dos diversos ramos para fazer chegar equipamentos e internet aos estudantes que não dispõem desses recursos, ainda que seja no interior do estado. Ou, ainda, parcerias com prefeituras e entidades civis locais para disponibilizar espaços e equipamentos a esses alunos (com todos os cuidados de prevenção, claro!). Ideias não faltam e recursos também não!
É possível que não se encontre a solução perfeita e que continue havendo alguma defasagem no calendário acadêmico? Claro que sim! Entretanto, não podemos aceitar mais que o poder público, especialmente instituições onde deveria ser fomentado o pensamento, a gestão eficiente, a inovação e a criação de tecnologias, esteja com os pés fincados e a cabeça mergulhada no século ado.
Sobre a autora

Roberta Valiatti Ferreira. Foto: Divulgação
Roberta Valiatti Ferreira é Advogada especialista em Direito Empresarial e do Trabalho, sócia do Escritório Lima & Valiatti Advogados e Diretora de Relacionamento do IBEF Academy e do IBEF Jovem ES.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.
