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A falta de humildade profissional é um fator que impede o desenvolvimento

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  • Por Ricardo Coelho

Você já ouviu falar na Teoria das Restrições? De uma forma geral, a teoria gira em torno do estudo dos gargalos de processos. Um gargalo é tudo o que limita um fluxo, tanto em uma linha de produção quanto na movimentação de pessoas. Deixe-me explicar melhor: imagine uma garrafa de uma bebida qualquer que tenha um bojo com um diâmetro X e o seu gargalo tem um diâmetro 3 vezes menor. Se não existisse o gargalo, o líquido que está dentro da garrafa seria despejado quase instantaneamente. O gargalo mais estreito existe para controlar o fluxo do líquido, limitando a sua saída.

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Os gargalos são importantes e inevitáveis. O discurso sobre capacidades infinitas é equivocado (para não dizer mentiroso). Todo processo é limitado, sem exceções, porque todo recurso (matéria-prima, dinheiro, pessoas, tempo etc.) é finito e limitado. Até mesmo a nossa quantidade de conhecimento e a nossa capacidade de agir são limitadas e podem ser gargalos. Gargalos estes muito preocupantes com consequências catastróficas.

Por que catastróficas? O fenômeno que pode explicar isso é o chamado efeito Dunning-Kruger. Resumidamente, esse efeito pode ser explicado como “quanto menor a competência, maior nível de confiança para agir, e quanto maior a nossa competência, menor é a percepção de quão boa a pessoa é!”. Todos estamos sujeitos a sofrer desse efeito, somos míopes a respeito da nossa real capacidade.

Poderia, então, o efeito Dunning-Kruger ser um gargalo para o desenvolvimento? Na minha percepção, sim. Os três pilares do desenvolvimento são economia, sociedade e meio ambiente, e todos eles são sustentados pelo conhecimento. Conhecimento é a chave de tudo. Quanto maior o seu nível de conhecimento, a probabilidade de ter um nível maior de competência é maior. E, quando digo conhecimento, eu não estou falando em horas dentro de uma sala de aula ou atrás de um livro, mas em entender profundamente um assunto específico.

Aquele que vos fala sofreu na pele a consequência deste fenômeno:

“Logo que me formei engenheiro eu fui trabalhar como supervisor de fabricação, em uma multinacional, e a minha equipe era formada por pessoas com, no máximo, segundo grau completo. Eu tinha o maior nível acadêmico, mas o meu conhecimento específico era aquém do necessário e infinitamente inferior aos da minha equipe. Eu sabia ler um gráfico, eles sabiam o que era realmente importante para produzir. Meu nível de conhecimento era baixo e acreditava que sabia demais (nível alto de confiança) e aqueles que realmente sabiam acreditavam que faltava muito para aprender e acatavam muito das besteiras que eu falava (nível baixo de confiança). A sorte é que caí na real rapidamente.”

O fato de acreditarmos saber um determinado assunto nos impede de buscar saber ainda mais, e achamos que conhecer outros assuntos é desnecessário. A nossa falta de humildade profissional é relacionada ao efeito Dunnig-Krugger. Então, para amenizar esse efeito, eu posso sugerir três coisas simples:

  1. 1. Pergunte sobre s e leve em consideração todos eles;
  2. 2. Mantenha-se aprendendo; e
  3. 3. Seja humilde. O mundo é complexo demais para sermos arrogantes.

Sobre o autor:

Ricardo Coelho. Foto: Divulgação

Ricardo Coelho. Foto: Divulgação

Ricardo Coelho é Engenheiro de Produção e Mestre em istração de Empresas. Atualmente é Consultor de Empresas, Conselheiro do CREA/ES e membro do IBEF Academy.

IBEF Academy

O IBEF Academy é o programa de auto formação do IBEF-ES, com foco em gestão, economia, finanças e filosofia. Seu objetivo é contribuir para a evolução do ambiente de negócios no Espírito Santo, qualificando profissionais e fortalecendo o ecossistema econômico e financeiro do estado.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.