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Coluna Vitor Vogas

Rose: “Trabalho por um MDB unido e coeso no Espírito Santo”

Ex-senadora promete realizar convenção estadual até 15 de setembro, para eleição do próximo Diretório do MDB no ES. Mas não revela se será candidata

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Senadora Rose de Freitas. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Ex-senadora Rose de Freitas. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A ex-senadora Rose de Freitas afirma: trabalha pessoalmente por um MDB unido e coeso no Espírito Santo. Presidente estadual do órgão de direção provisória do partido desde março de 2021, Rose garantiu ontem (23) à coluna que realizará, na primeira quinzena de setembro, a aguardada convenção estadual para eleição do próximo Diretório Estadual Permanente. A data estimada por ela é entre 10 e 15 de setembro.

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A princípio, a convenção estadual deveria ser realizada, “dentro do possível”, até o dia 31 de agosto, com base em decisão da Comissão Executiva Nacional do MDB.

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No dia 8 de março, o órgão nacional de direção da sigla se reuniu e, conforme registrado em ata, acatando sugestão do presidente nacional, Baleia Rossi, “fixou, dentro do possível, um limite temporal para a realização das reuniões municipais e estaduais, a saber: convenções municipais até 30/06/2023 e convenções estaduais até 31/08/2023”.

Como o edital da convenção estadual deveria ser lançado com ao menos oito dias de antecedência para dar tempo hábil ao registro de chapas, terminou ontem o prazo para cumprimento rigoroso desse calendário oficial no Espírito Santo.

A convenção nacional do MDB está marcada para 6 de outubro. Por isso, a direção nacional quer que todos os estados tenham realizado as respectivas convenções antes disso, a fim de unificar os períodos de vigência dos mandatos dos dirigentes em todas as instâncias partidárias.

O atual mandato de Rose à frente da Comissão Executiva Estadual Provisória expira no dia 21 de setembro. A ex-senadora enfatiza a importância de o MDB fazer, sim, essa convenção, mas da forma mais coesa possível.

“Fazer partido não é fácil. A gente está tentando ‘coesionar’ as forças para ter um partido unido, não esfacelado. Queremos ser um partido unido tanto quanto seja possível. Todos que fizeram essa convenção fizeram unidos. Quem fez convenção em situação de confronto, o partido praticamente acabou.”

Rose afirma que está seguindo as orientações da direção nacional do MDB e que está dentro do prazo permitido pela legalidade. Sobre a pequena demora, ela explica: “Estamos buscando construir afinidades e preparando a convenção, por isso estamos dando um tempinho para que todos possam se preparar”.

Com mandato prestes a expirar como presidente da Executiva Provisória, Rose não dá certeza de que se candidatará à presidência do novo Diretório Estadual Permanente:

“Isso também está fazendo parte de uma grande e ampla discussão política. A primeira coisa que falei para você foi sobre esse esforço coletivo para a gente fazer um partido coeso. Não tem nada de democrático eu me declarar candidata ou outro se declarar candidato.”

Enquanto Rose prega a união, o MDB no Espírito Santo chega às portas de sua convenção estadual com alguns sinais de fratura e pelo menos um foco de oposição interna. Em entrevista à coluna no dia 27 de julho, o ex-deputado federal e ex-presidente estadual do MDB Lelo Coimbra declarou ter a intenção de encabeçar uma chapa e fez críticas à condução do partido no Estado por Rose – as quais a ex-senadora prefere não comentar.

Como Rose está pregando a união do partido e salientando a importância de coesão interna, perguntei-lhe se ela espera que essa coesão se traduza no lançamento de uma chapa de consenso. Segundo ela, coesão partidária não significa necessariamente chapa única:

“O que espero é coesão. O fato de haver disputa não quer dizer que não haja coesão. Unidade é chapa de consenso. Coesão é todos olhando na mesma direção, com o mesmo propósito, e portanto fazer um partido de fato representativo.”

Afundado por cerca de dois anos em lutas internas entre os grupos de Lelo Coimbra e do ex-deputado federal Marcelino Fraga (expulso do partido pela direção nacional em março de 2021), o MDB foi muito mal nas eleições municipais de 2020 no Espírito Santo. Hoje, não tem nenhum vereador na Grande Vitória inteira. Na eleição estadual do ano ado, o grande partido colheu o pior resultado de sua história nesta capitania: não elegeu nenhum deputado estadual e nem sequer lançou chapa de federais. Rose não se elegeu senadora.

Quem quer que seja o presidente eleito nessa próxima convenção estadual, terá pela frente o desafio de recolocar o MDB de pé em solo capixaba, perseguindo um resultado digno, mais compatível com o porte da sigla, nas disputas municipais do ano que vem. Para isso, promover a coesão e a união dos emedebistas será realmente um primeiro o imprescindível.

Convenções municipais

Rose afirma ter conseguido organizar a direção do MDB em quase todas as cidades capixabas.

Na Grande Vitória, um novo Diretório acaba de ser eleito e constituído em Vila Velha, no início deste mês. Viana realizou sua convenção em maio. A da Serra foi no ano ado. Cariacica está sob a direção de um órgão provisório (que expirou ontem). Mas em Vitória o partido segue acéfalo. A ex-senadora relata que, na Capital, houve uma “dificuldade adicional”.

“Poderia ter sido realizada, mas teria sido uma convenção fragilizada”, explica ela, reconhecendo que o partido precisa se fortalecer na Capital. Para isso, acrescenta, é preciso agregar mais forças políticas. “Já filiamos algumas pessoas interessantes, como o César Colnago. O MDB está procurando parceiros para se fortalecer na Capital junto com Lelo, Colnago e todos que fazem parte do MDB em Vitória.”

Por enquanto, o partido continua sem órgão diretivo em Vitória, situação que perdura desde junho de 2021.

Atualmente trabalhando como assessora do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Rose faz questão de mencionar que mantém contatos diários com representantes de diversos diretórios municipais, alguns deles recém-constituídos – rebatendo assim, muito sutilmente, acusações de “inércia” vindas da oposição.

“Todos os dias faço reuniões daqui de Brasília com o Espírito Santo. Hoje mesmo já conversei com pelo menos três diretórios municipais: Jaguaré, Piúma e Ponto Belo”, exemplifica.

A importância das convenções estaduais

Além de poder enviar uma delegação completa, com direito a voto, à convenção nacional de 6 de outubro, um Diretório Estadual eleito pelo voto dos convencionais tem muito maior legitimidade e representatividade que um órgão provisório de direção nomeado por caciques nacionais do partido.

O Estatuto do MDB estabelece o prazo de vigência de 90 dias para uma Comissão Executiva Provisória, prorrogáveis duas vezes por igual período – totalizando um tempo máximo de 270 dias, ou nove meses de vigência.

Em março de 2021, a cúpula nacional do MDB instalou Comissão Executiva Provisória no Espírito Santo e designou a então senadora Rose de Freitas para presidi-la. Seguindo-se fielmente o que reza o estatuto partidário, esse órgão só poderia ter sido mantido até dezembro de 2021. Entretanto, após nove sucessivas prorrogações, aprovadas pela direção nacional, a Executiva Provisória presidida por Rose já acumula 29 meses, ou dois anos e 5 meses de vigência.

Em reunião da Executiva Nacional no dia 8 de março deste ano, conforme ata, o próprio deputado federal Baleia Rossi, presidente nacional da legenda, destacou “que o Estatuto do partido prevê prazo de 90 dias, renováveis por duas vezes, para as Comissões Provisórias e que as prorrogações dos mandatos são medidas excepcionais, aplicáveis em situações específicas. Acrescentou que a Justiça Eleitoral tem buscado o máximo possível evitar a constituição de órgãos partidários provisórios, com vigência indeterminada, diante da relevância de haver órgãos devidamente eleitos e constituídos na estrutura partidária”.