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Coluna Vitor Vogas

“PP continua sócio do governo Casagrande”, afirma Da Vitória

Novo presidente estadual do PP diz que convidou Marcelo Santos para a sigla e não convidou Pazolini. Novo grupo político pode estar em formação no ES

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O deputado federal Josias da Vitória (PP).

Recém-alçado pela cúpula nacional do Progressistas (PP) à presidência do partido no Espírito Santo, o deputado federal Josias da Vitória procura silenciar rumores de que, com a troca de guarda, a sigla poderia se afastar do governo Casagrande (PSB) e da coalizão político-partidária liderada no Estado pelo governador.

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Por decisão do presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, Da Vitória substituiu no cargo o ex-deputado federal Marcus Vicente, que há cerca de dez anos presidia o partido no Espírito Santo e, desde 2019, é secretário de Desenvolvimento Urbano no governo Casagrande.

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Segundo Da Vitória, a mudança na direção não muda em nada a relação política do PP com o Palácio Anchieta.

“Estamos compondo o governo do Estado. É um governo que ajudei a eleger. Sou sócio dele e torço para que o governo dê certo. Foi minha opção e a opção do PP em 2022. Se dependesse de mim, seria a opção de todos os membros do partido até o fim do 2º turno”, afirma o novo presidente estadual, referindo-se a algumas defecções na fase final da eleição para governador, disputada entre Casagrande e Manato (PL), como a do então deputado federal Neucimar Fraga, que foi para o palanque do candidato de Bolsonaro.

“As pessoas se antecipam muito e começam a fazer conjecturas. Mas não tem nenhuma ação diferente disso. Para mim, não muda nada”, emenda Da Vitória.

Na verdade, tanto Marcus Vicente como Da Vitória são antigos aliados de Casagrande. Vicente chegou à presidência estadual, numa disputa interna com o então presidente Nilton Baiano, justamente num contexto em que ele preferia apoiar Casagrande contra Paulo Hartung, enquanto Baiano preferia o contrário.

Vicente foi importante para bancar o apoio oficial do PP a Casagrande nas três últimas eleições para o Governo do Estado: 2014, 2018 e 2022. Na última, com o agravante de que, ao contrário de Casagrande, o PP apoiava a reeleição de Bolsonaro (PL) nacionalmente e fazia parte da coligação do presidente da República. No 2º turno, a direção estadual do PP segurou a pressão de parte dos progressistas para que mudasse de lado e apoiasse Manato.

Da mesma forma, como deputado estadual, Da Vitória foi aliado de Casagrande na Assembleia. Durante o último governo Paulo Hartung (2015-2018), filiado ao PDT, ficou entre a independência e a oposição. Como deputado federal, também foi apoiador de Casagrande em todo o mandato ado (2019-2022). No último ano, apoiou a reeleição do socialista no 1º e no 2º turno.

Da Vitória também nega qualquer sequela na relação pessoal e política com Vicente: “Sempre tive o perfil de construir partidos. Muitas pessoas tornaram-se mandatárias no PDT e no Cidadania por força dos meus convites. Agora, aqui no PP, vamos trabalhar para ter unidade. Vou encontrar pessoalmente o Marcus Vicente, e vamos trabalhar em harmonia”.

Mirando as eleições municipais de 2024, Da Vitória adianta que em breve o PP filiará três prefeitos. Eles vão se somar aos seis que o partido já tem no Espírito Santo, segundo suas contas.

“O PP já é grande no Estado e a meta é fazê-lo crescer nas eleições municipais, com prefeitos e vereadores, e também na próxima eleição estadual. Vamos ter tamanho para isso.”

Pazolini

Ao lado do União Brasil, o PP é um dos partidos mais citados como possível futura casa do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, se ele sair mesmo do Republicanos para disputar a reeleição no próximo ano.

No fim de março, com o também deputado federal do PP Evair de Melo, Da Vitória almoçou com Pazolini. Ele refuta, porém, que Pazolini queira sair do Republicanos e que ele tenha convidado o prefeito para se filiar ao PP.

“Pazolini não pensa em sair do Republicanos. Essa é a declaração que ele me deu. Esse convite não cabe agora diante da afirmação que ele fez. Eu não me senti confortável para fazer esse convite, até porque isso não foi tratado na Executiva do PP. Dialogamos com o Pazolini para sentir o ambiente, até porque tenho uma relação muito próxima com ele. É uma dinâmica minha dialogar com todas as forças que podem disputar as eleições, e Evair tem estado muito próximo da minha condução.”

Marcelo Santos

Sobre a reaproximação de Marcelo Santos (Podemos) com o MDB, revelada aqui nessa quarta-feira (12), e a busca do presidente da Assembleia Legislativa por outra legenda, Da Vitória afirma que convidou o aliado político para entrar no PP.

“Em relação ao MDB, não tenho informação de como está, e não está na minha pauta essa agenda. O convite que tenho para o Marcelo é para ele vir para o Progressistas. Ele tem dificuldade ainda, por conta do impedimento de sair do Podemos. Você sabe da minha relação de amizade com Marcelo. Ele seria muito bem-vindo por mim e por Evair e seria um grande ganho para o PP. Não posso trabalhar para dar tamanho a qualquer partido que não seja o meu primeiro.”

Da Vitória rasga elogios ao parceiro: “Acredito que Marcelo é potencial candidato a deputado federal em 2026. Seguramente é um dos nomes a ocupar uma das 10 vagas do Espírito Santo lá na frente”.

Novo grupo político?

As informações não são confirmadas por Da Vitória, mas recentes sinais – a chegada “por cima” de Da Vitória à presidência estadual do PP, a movimentação de Marcelo Santos para “pegar um partido” para si, o mergulho de Erick Musso desde princípios de fevereiro – acendem especulações de que pode estar em formação um novo grupo político no Espírito Santo.

Seria uma coalizão partidária formada pelo PP sob nova direção com Da Vitória, o Republicanos sob o comando de Erick Musso e o eventual novo partido de Marcelo (MDB? PSD?).

Se concretizado, esse grupo não nasceria fazendo oposição ao governo Casagrande, tampouco estaria localizado na direita bolsonarista. Correria numa raia própria, com vistas às eleições de 2024 e de 2026.

Apesar das declarações de Da Vitória sobre manter a sociedade com o governo, comenta-se que ele não estaria muito contente com o governador, por um acúmulo de razões.

Preterido por Rose de Freitas (MDB), o deputado do PP não teve o apoio de Casagrande para ser candidato a senador no ano ado e adiou esse plano; como muitos outros aliados, teria a convicção de que o governo ajudou muito mais Gilson Daniel (Podemos) a se eleger deputado federal do que o auxiliou, inclusive nos mesmos redutos; para completar, não teria conseguido emplacar indicações pleiteadas por ele a Casagrande no primeiro escalão do governo atual e do ado.