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Coluna Vitor Vogas

Philipe Lemos no Podemos e vice na chapa de Vidigal? Há chances reais

Vidigal e Gilson Daniel estão à frente da articulação. O próprio Lemos diz não haver nada concreto, mas líderes do Podemos já dão por certa a filiação

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Sérgio Vidigal, Philipe Lemos e Gilson Daniel

Em abril de 2022, o jornalista Philipe Lemos filiou-se ao PDT, sob orientação do governador Renato Casagrande (PSB), para candidatar-se a deputado federal. Obteve 45.260 votos e não beliscou uma vaga na Câmara. Desde fevereiro deste ano, Lemos é o secretário de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer da Serra, cidade istrada por Sérgio Vidigal, maior líder do PDT no Espírito Santo. Sempre se diz aliado de Vidigal e integrante do grupo político do prefeito.

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Agora, por trás das câmeras, estão em curso intensas articulações que podem levar Lemos a se filiar ao Podemos e ser içado a companheiro de chapa de Vidigal na eleição municipal de 2024.

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Participam dessas articulações o próprio Vidigal, o presidente estadual do Podemos, Gilson Daniel, e outros atores influentes do Podemos no Estado. Todos são aliados de Casagrande.

O próprio Lemos desmente qualquer definição relacionada a mudança de partido. Mas líderes do Podemos ouvidos pela coluna já dão inclusive como certa a chegada dele à legenda.

Há duas semanas, o secretário de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer da Serra conversou sobre a possível filiação com o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos. Na última quinta-feira (5), ele se reuniu na Prefeitura da Serra com Vidigal e Gilson Daniel.

Na tarde da última sexta-feira (6), sob a batuta de Gilson, o Podemos realizou um grande encontro estadual em um hotel na Reta da Penha, com a presença de todos os seus personagens mais destacados no cenário capixaba, entre prefeitos, deputados e secretários de Estado.

Na ocasião, Gilson apresentou aos correligionários os planos e metas do Podemos para as próximas eleições municipais no Espírito Santo, as articulações em andamento para fortalecer o partido, alguns nomes recém-filiados e outros na iminência de com a sigla.

Segundo relatos de participantes, a entrada de Lemos no Podemos foi tratada no evento como assunto resolvido. Gilson informou aos companheiros que ele vai entrar na sigla. Os presentes também foram informados que o secretário de Turismo da Serra havia confirmado presença no encontro, mas, por um contratempo, não pôde ir. Lemos ainda foi incluído em um dos slides de uma apresentação feita por Gilson.

O Podemos tem um projeto de crescimento político para Lemos, já devidamente exposto ao jornalista. Trata-se de um “plano de carreira” de curto e médio prazo, dividido em duas etapas.

Se ele trocar o PDT pelo partido de Gilson Daniel, torna-se automaticamente um player de verdade na próxima eleição majoritária na Serra, podendo participar em dois papéis: candidato a prefeito ou a vice de Vidigal, sendo muito mais provável a segunda alternativa. Na fase 2 do plano, Lemos poderá concorrer a deputado federal na chapa do Podemos em 2026 – aumentando o peso de uma chapa que já nasce pesada e impõe respeito.

Fontes ligadas ao Podemos afirmam que Gilson poderia até entregar a Lemos a direção municipal do partido na Serra – a qual não seria necessariamente exercida pelo próprio, até por inexperiência em gestão partidária, mas por alguém de sua inteira confiança.

As vantagens para as partes

O primeiro papel a ser jogado por Philipe Lemos no Podemos, hoje muito mais provável, é o de companheiro de chapa de Vidigal em 2024. A princípio, mudando de partido, ele se firmará como potencial candidato a vice de Vidigal.

Para o atual prefeito, pode ser muito interessante ter alguém com o perfil de Lemos como companheiro de chapa, aliando a juventude do pupilo com a experiência do mentor.

Mesmo que chegue competitivo à largada da próxima campanha, Vidigal fatalmente sofrerá, em algum grau, com a fadiga política e a rejeição despertada por alguém que estará a buscar o quinto mandato no cargo e que será candidato a prefeito pela sétima vez em oito eleições municipais disputadas na Serra desde 1996. Essa falta de frescor político pode afugentar aquele eleitor que anseia por algo de novo no front eleitoral do município.

Trazer Philipe Lemos como complemento seria, para Vidigal, uma maneira de equilibrar e oxigenar a chapa. Além da juventude, o prefeito pode capitalizar a popularidade de Lemos como ex-apresentador de telejornais da Rede Gazeta e a sua imagem de “bom rapaz” (expressão ouvida pelo colunista em meio a esta apuração).

O arranjo também garantiria a Vidigal a presença de um partido emergente como o Podemos em sua coligação, fortalecendo-a. Mas o prefeito não poderia lançar uma chapa puro-sangue, tendo Lemos como vice pelo próprio PDT? Poder ele até poderia, mas que outra força partidária agregaria com isso?

Tem mais:

Em uma disputa local na qual fatores de coloração ideológica ainda podem jogar um peso importante, ter consigo o Podemos, partido de centro-direita, também pode convir a Vidigal a fim de quebrar eventuais resistências de eleitores que se recusam a votar em candidatos de esquerda, ou de partidos de esquerda, como é o caso do PDT do prefeito.

É bom ter em mente que, hoje, alguns dos principais adversários de Vidigal vêm correndo pela raia da direita: o deputado estadual Pablo Muribeca (Patriota, em diálogo avançado com o Republicanos), o vereador Igor Elson (PL) e até o ex-prefeito Audifax Barcelos (em diálogo avançado com o PP).

Já para os dirigentes do Podemos, não seria nada mau emplacar o vice-prefeito do maior colégio eleitoral do Espírito Santo, onde hoje o partido não possui nenhum representante renomado e com potencial eleitoral.

Em último caso…

A segunda hipótese, remota, é Lemos candidatar-se a prefeito pelo Podemos no lugar de Vidigal, como alternativa ao prefeito e representante do seu grupo caso ele desista de disputar. Mas isso é muito improvável. Embora o próprio prefeito despiste – reiterando em entrevistas que pode não ser candidato –, ninguém no meio político serrano duvida de que ele o será. Esconder o jogo faz parte da estratégia.

O único cenário que poderia levar Vidigal a desistir, lançando Lemos (ou outro nome) em seu lugar, seria ele chegar às portas da campanha muito mal avaliado e politicamente fragilizado. Ninguém ao redor de Vidigal acredita nisso. Ao contrário, a aposta é no crescimento do prefeito até a campanha.

Câmara dos Deputados em 2026

Hoje, são potenciais candidatos à Câmara dos Deputados pelo Podemos em 2026 os seus dois atuais federais (Gilson Daniel e Victor Linhalis), Marcelo Santos e o secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre Ramalho.

Supondo que todos realmente componham uma chapa do Podemos daqui a três anos, é claro que eles concorrerão entre si, mas a aposta do partido é que, atingindo uma expressiva votação total, a chapa conseguirá eleger pelo menos três deputados federais pelo Espírito Santo. Ou seja, a união de forças de candidatos fortes nesse caso seria boa para todos eles.

A divisão do mapa no Podemos

O Podemos a justamente por um momento de reorganização política e redistribuição de forças no Espírito Santo. O comando da sigla no Estado, até então concentrado nas mãos de Gilson, ará a ser, por assim dizer, socializado por ele com outras eminências locais da legenda, a partir de um acordo mediado pessoalmente pela presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, em Brasília, visando pacificar o partido no Espírito Santo.

Victor Linhalis, Ramalho, Marcelo Santos: cada um deles terá o direito de indicar os dirigentes do Podemos em um determinado número de cidades da Grande Vitória e do interior e, na prática, controlar o partido em tais municípios, garantindo assim a própria zona de influência na partilha do território capixaba.

Na última sexta-feira, essa nova fase do partido foi apresentada por Gilson no encontro estadual do Podemos, assim como as iminentes mudanças no modelo de gestão partidária.

O presidente estadual explicou aos presentes que, quando ele assumiu o cargo, em 2017, o Podemos cabia numa sala, porém o partido cresceu muito – como prova a reunião realizada em um hotel –, de modo que agora se faz necessário dividir a direção.

Na oportunidade, Gilson divulgou aos presentes a meta do Podemos para as eleições de 2024. Segundo ele, o partido pode eleger de 15 a 20 prefeitos no Espírito Santo.

O que diz Philipe Lemos

Enquanto agentes do Podemos tratam como sacramentada a chegada de Philipe Lemos, o próprio coloca panos quentes: “Nada concretizado”.

“Converso com lideranças partidárias dos mais diversos partidos. Mas estou no PDT, sou pedetista e, do mesmo jeito que converso com Gilson Daniel, tenho facilidade de conversar com as mais diversas lideranças”, afirma o secretário de Turismo da Serra.

Lemos cita que é muito amigo do prefeito de Viana, Wanderson Bueno, e que é amigo do prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, há mais de 20 anos. “Desde a campanha do ano ado, também me tornei mais próximo do Gilson”, completa.

Ele confirma a reunião com Vidigal e Gilson na última quinta e revela não ter sido a primeira realizada entre eles, mas afirma que eles só trataram en ant da pauta eleitoral. Nega, ainda, ter recebido um convite formal de filiação ao Podemos. “A porta está aberta, mas não estou buscando e não estou candidato.”

Isso não quer dizer, contudo, que ele pretende ficar de fora do processo eleitoral: “Quero contribuir com o projeto daqueles a quem iro. E me coloco como alguém que pode ajudar nessa construção, muito mais para levar alguém ao cargo”.

Podemos sem ninguém na Serra

De acordo com o site do TSE, o Podemos está sem órgão diretivo na Serra desde julho. O partido era presidido na cidade por Hamilton Luiz da Silva, antigo operador de Audifax Barcelos. Agora, Hamilton colabora com o PL, presidido na Serra pelo vereador Igor Elson, de quem Audifax está próximo.