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Coluna André Andrès

Vinho e torresmo? Cinco rótulos para uma combinação gostosa

Preconceitos cercam essa harmonização. Mas em outras partes do mundo ela é comum. E a carne de porco combina com brancos, tintos e espumantes

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Talvez seja uma questão de preconceito. Talvez seja o fato de haver uma concorrência muito forte da cerveja. Talvez seja só falta de informação mesmo. Seja qual for o motivo, a ideia de combinar vinho e torresmo parece ser estranha para muitas pessoas. Possivelmente porque parece juntar dois mundos um tanto distintos: o popular, representado por um petisco conhecidíssimo e barato, e o elitista, como muitos ainda veem os vinhos. É um equívoco por vários motivos. Entre eles está o fato de a barriguinha, o corte originalmente usado para fazer um bom torresmo, há tempos ter deixado de frequentar apenas as mesas de botecos. Hoje, ela é usada em pratos elaborados de restaurantes cinco estrelas. O vinho, por sua vez, está cada vez mais popular no Brasil. De qualquer forma, a combinação torresminho crocante e cerveja gelada parece ser insuperável, não é? Nem tanto… Em alguns países, a escolta ideal da carne de porco pururucada é um bom vinho. É o caso da Bairrada, em Portugal, por exemplo. E há a harmonização clássica com espumantes. Importante mesmo é o vinho ter uma boa acidez, para equilibrar com a oleosidade e o sabor intenso do torresmo. Como essa acidez pode aparecer tanto em brancos quanto em tintos, dá para buscar várias opções de combinação.

Selecionamos cinco rótulos para você experimentar, se deliciar e substituir velhos preconceitos por novos prazeres…

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Espumante Conde de Cantanhede Baga Rosé Brut – Vamos começar com uma combinação clássica. Os espumantes têm a fama de funcionar como coringas em harmonizações, porque combinam com quase tudo. Mas neste caso, a harmonização é recomendadíssima, por conta do equilíbrio entre a acidez do espumante e a untuosidade da carne de porco. Além disso, ele “limpa” o paladar. Enfim, funciona muito bem. Este Conde de Cantanhede é ainda mais recomendado por ser produzido com a Baga, a principal casta da Bairrada, região de Portugal conhecida por fazer um dos melhores leitões assados do planeta. E se eles, lá, adoram essa combinação, quem somos nós para discordar?
Quanto? R$ 58

Adobe Reserva Riesling. Foto: Divulgação

Adobe Reserva Riesling – Essa casta, a Riesling, deveria ser mais consumida no Brasil. Porque tem uma tipicidade marcante: combinação de toques minerais e florais e acidez equilibrada, como acontece com esse rótulo chileno. Vinhos brancos vão bem com torresmo, desde que tenham essa acidez. É um pouco mais complicado quando o vinho a por estágio em madeira, como é normal ocorrer com a Chardonnay. O vinho fica mais macio, mais amanteigado, sem a acidez necessária para equilibrar o paladar com a carne de porco. E além do mais, é necessário sair da mesmice de provar sempre vinhos brancos das mesmas uvas. Inovar é preciso.
Quanto? R$ 69,00

Casal Mendes Tinto – Muitas pessoas não sabem, mas existem vinhos verdes… tintos! Pois é. Vinho Verde é uma região demarcada de produção em Portugal, mas para muitas pessoas trata-se de uma definição específica de um vinho branco esverdeado. Não é o caso e este é um assunto para tratarmos mais detalhadamente em outra coluna. Importante aqui é ressaltar a acidez do vinho verde. Por isso o vinho verde mais tradicional, branco, também pode acompanhar bem um bom torresmo. O Casal Mendes Tinto tem uma outra vantagem: é bastante ível, como são íveis grande parte dos vinhos produzidos nessa região de Portugal. Não é tão intenso quanto um tinto tradicional e é mais encorpado que os brancos. Opção curiosa.
Quanto? R$ 38

Cordero Con Piel de Lobo – São bastante curiosas as histórias embutidas na linha dos rótulos da qual o Cordero Con Piel de Lobo faz parte. O vinho faz parte de um enorme catálogo de produção de  José Millan, o homem à frente de vinícolas como Musquita Muerta e Los Toneles. O nome inverte a lógica da frase “lobo em pele de cordeiro”. Neste caso, o vinho em uma aparência de enorme potência por conta da casta, Malbec, e da cor intensa. Mas tanto nos aromas quanto no paladar se mostra elegante, leve, fácil de beber e, importante, neste caso, com uma boa acidez. Boa opção para quem sempre prefere os vinhos tintos.
Quanto? R$ 60

Cabriz Escolha – Para quem prefere algo mais encorpado, os vinhos do Dão são sempre uma excelente escolha, com o perdão do trocadilho. Eles têm longa vida pela frente. Duram muito. Este Cabriz é produzido com Aragonez e Touriga Nacional. É um vinho mais estruturado (por isso ele dura tanto) e, portanto, a bem os sabores marcantes da carne de porco. A sua faixa de preço está um pouco acima dos rótulos citados, mas há uma enorme vantagem: o Cabriz Colheita já conquistou diversos títulos de vinho com melhor custo-benefício de Portugal, além de já ter figurado na lista dos 100 melhores vinhos do ano da respeitada revista Wine Spectator. Ótimo tinto.
Quanto? R$ 94

André Andrès

Há mais de 10 anos escrevo sobre vinhos. Não sou crítico. Sou um repórter. Além do conteúdo da garrafa, me interessa sua história e as histórias existentes em torno dela. Tento trazer para quem me dá o prazer da sua leitura o prazer encontrado nas taças de brancos, tintos e rosés. E acredite: esse prazer é tão inesgotável quanto o tema tratado neste espaço.

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