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Coluna André Andrès

Casal é preso por roubar R$ 8,7 milhões em vinhos raros na Espanha

Garrafas estavam na adega de um restaurante com três estrelas Michelin; uma delas era da safra 1806 e era avaliada em quase R$ 2 milhões

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Adega de restaurante Atrio, da Espanha

Adega de restaurante Atrio, da Espanha, alvo de dupla de ladrões. Foto: Divulgação

Um casal foi detido na Espanha após roubar aproximadamente R$ 8,75 milhões (ou US$ 1,7 milhão) em vinhos finos do renomado restaurante Atrio, em Cáceres. O restaurante atualmente ostenta três estrelas no Guia Michelin, a classificação máxima na “bíblia da gastronomia”, e integra um complexo do qual também faz parte um hotel. Segundo a sentença emitida pela Justiça espanhola na segunda-feira (6), e obtida pela CNN americana, o casal conseguiu retirar 45 garrafas da adega da casa enrolando-as em toalhas dos quartos da propriedade e as escondendo em malas de viagem.

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A mulher, de nacionalidade mexicana, foi condenada a cumprir quatro anos de prisão, enquanto o homem, cidadão romeno e holandês, recebeu uma sentença de quatro anos e meio de prisão por ter roubado as bebidas. Entre as garrafas escolhidas pelo casal estavam vinhos vintage dos anos 1990 e 2000 de rótulos conhecidos. No entanto, duas se destacaram por serem verdadeiras raridades: uma de 1806 e outra de 1883 da Château d’Yquem, uma vinícola sa que pertence ao conglomerado LVMH, dono de marcas de luxo, como a Louis Vuitton.

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Garrafa de Chateau D'Yquem

Garrafa de Chateau d’Yquem, safra 1958. Vinho levado do restaurante era bem mais antigo. E caro. Foto: Divulgação

A mais antiga, que estava no cardápio do Atrio, foi avaliada em 350 mil euros (cerca de R$ 1,9 milhão). A segunda tem um preço de cerca de 45 mil euros (cerca de R$ 224,8 mil). Todo o cuidado para evitar que as garrafas fossem quebradas, a escolha estratégica dos rótulos, entre outros elementos, levaram as autoridades a concluir que o roubo, que ocorreu em 27 de outubro de 2021, foi minuciosamente planejado.

De acordo com a documentação obtida pela CNN, o casal visitou o restaurante três vezes nos meses anteriores ao crime. Na noite em que levaram as garrafas, a mulher estava hospedada no hotel boutique do local, com uma identidade suíça falsa, enquanto o comparsa, que seria seu namorado, se juntou a ela para o jantar. Eles ainda desfrutaram de uma refeição de 14 pratos e um tour guiado pela adega antes de roubar os vinhos.

Às 2h, a mulher ligou para a recepção e pediu uma salada e uma sobremesa para o serviço de quarto. O atendente inicialmente recusou o pedido, explicando que estava sozinho na recepção e não poderia sair do posto, mas ela insistiu e ele foi atender ao pedido. Nesse intervalo, o homem roubou uma chave eletrônica da mesa de trabalho do funcionário e abriu a adega. O casal deixou o hotel com os vinhos por volta das 5h e fugiu. Eles foram presos na fronteira entre Montenegro e Croácia em julho de 2022.

Nenhum dos vinhos foi encontrado. O restaurante recebeu uma compensação de 753 mil euros (cerca de R$ 4,1 milhões) de seu seguro pelos danos do crime. A Justiça espanhola condenou o casal a ressarcir o valor ao restaurante. Mas isso ainda não ocorreu…

André Andrès

Há mais de 10 anos escrevo sobre vinhos. Não sou crítico. Sou um repórter. Além do conteúdo da garrafa, me interessa sua história e as histórias existentes em torno dela. Tento trazer para quem me dá o prazer da sua leitura o prazer encontrado nas taças de brancos, tintos e rosés. E acredite: esse prazer é tão inesgotável quanto o tema tratado neste espaço.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.