Enchentes e alagamentos podem causar doenças

Bairro Universal, em Viana. Foto: Divulgação/Prefeitura de Viana

As chuvas no Espírito Santo, finalmente, deram uma trégua. E, além das mortes, a perda de casa, móveis, comércios e plantação, ainda há outra preocupação: a água contaminada. Se molhar ou permanecer em uma enchente eleva o risco de doenças infectocontagiosas como leptospirose, hepatite A, gastroenterites infecciosas e toxoplasmose.

De acordo com a médica Polyana Gitirana, infectologista do Vitória Apart Hospital, essas doenças possuem sintomas inespecíficos como tosse, febre e dor abdominal, que podem facilmente ser confundidos com outras doenças.

“Nas próximas duas semanas (após o contato com a água), os casos que manifestarem febre, vermelhidão no corpo, aparecimento de íngua, dor abdominal, o paciente precisa procurar a unidade de saúde para ser devidamente avaliado. Toda doença que possa aumentar o risco de o paciente ter tosse e febre, em um contexto como o de agora, de aumento de casos de covid, são doenças que merecem um olhar especial da equipe médica. Para que se possa fazer um tratamento adequado e a pessoa não fique isolada por sete dias sem que isso traga benefício para ela”, pondera.

Entre todas as doenças relacionadas à enchente, a mais perigosa é a leptospirose. Isso por que é a doença com maior incidência e maior grau de letalidade. Abaixo a médica explica as características de cada doença.

Leptospirose: É uma doença com manifestação de febre mais alta, pode cursar com exantema, que é vermelhidão no corpo, e cursar posteriormente com a icterícia, que é o aspecto amarelado da pele. O que mais preocupa é que é uma doença que evolui, nos casos mais graves, para insuficiência renal e às vezes o paciente precisa até de diálise.

Hepatite A: A principal característica é a icterícia, aquela coloração amarelada da pele. Pode estar acompanhada também de sintomas respiratórios como tosse, além de dor de cabeça, mal estar e dor abdominal. A hepatite A é uma doença raramente associada à hepatite fulminante, que é a hepatite mais grave. O curso clínico costuma ser benigno, mas é importante que o paciente busque o hospital.

Gastroenterite: Os principais sintomas são febre, dor abdominal, vômitos e diarreia. Neste caso, o maior risco é a desidratação. Por isso, a hidratação vigorosa e o soro caseiro têm papel fundamental na prevenção de complicações.

Toxoplasmose: É uma doença associada a excretas, de contato direto ou indireto com animais domésticos e principalmente as fezes desses animais. É uma doença que pode dar febre, o paciente pode ter dor no corpo, calafrio, muito comum que o paciente tenha também adenopatia, que é o aumento das ínguas no corpo. A grande maioria das vezes isso costuma se limitar em torno de uma semana e depois tem uma regressão espontânea.

A área onde moro está alagada e preciso entrar em contato com a água. O que fazer? A infectologista explica como se prevenir antes e depois do contato com a enchente.

“A recomendação é sempre que possível usar bota de cano alto, calçado apropriado, para evitar o contato direto com água de chuva. E todas as áreas de alagamento são áreas que precisam ser devidamente higienizadas antes que as pessoas voltem a habitá-las. Tem que ser devidamente higienizadas com água, sabão, água sanitária e evitar consumir alimentos que tenham entrado em contato com água de enchente”, conclui.