O Gestor
Bluzz Saúde: Márcio Almeida destaca atenção primária e o cuidado integral
O criador da Bluzz Saúde, Márcio Almeida, conta como foi o processo de criação da empresa e como ela funciona com a medicina de proximidade

Márcio Almeida, CEO da Bluzz, foi o convidado da semana. Foto: Reprodução/Youtube
O podcast “O Gestor”, apresentado por Bruno Rigamonti e Gabriel Feitosa, recebeu Márcio Almeia, CEO da Bluzz Saúde. O podcast vai ao ar toda segunda-feira pelo youtube.
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O que é a Bluzz Saúde
- A Bluzz surgiu da concepção de um novo modelo de cuidado em saúde. O modelo adotado prioriza a proximidade com o paciente.
- Cada pessoa tem um médico de referência, geralmente um clínico geral ou médico de família. A ideia é que esse profissional acompanhe o paciente de forma contínua, ainda que ele consulte outros especialistas.
- No Brasil, o modelo foi adaptado: acima de 14 anos, o cuidado é feito por um clínico adulto; abaixo disso, por um pediatra. O foco está na integração e na continuidade do cuidado.
- Cada cliente conta com uma equipe de saúde dedicada: médico, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta e enfermeiro. Esse modelo garante que o acompanhamento seja contínuo, mesmo envolvendo vários profissionais.
- Em vez de lojas físicas, a Bluzz atua com um modelo de concierge integrado à clínica. O concierge ajuda o paciente a resolver todas as demandas diretamente no ambiente de cuidado.
- “Blue” vem das Blue Zones, regiões onde as pessoas vivem mais e com melhor qualidade de vida. O “ZZ” remete à tecnologia, mas não a qualquer tecnologia — apenas àquelas que de fato agregam valor à saúde.
Problema na formação médica
- A base da educação médica brasileira é voltada para a superespecialização. Diferente da Europa, onde há mais clínicos e generalistas do que especialistas.
- Em países como Holanda, Reino Unido e Portugal, o governo define as áreas de residência médica com base nas necessidades do sistema. No Brasil, desde o primeiro ano da faculdade, estudantes escolhem especialidades com foco em retorno financeiro.
- A mudança começou há cerca de 10 anos com a formação de mais médicos de família no Brasil. Márcio destaca que essa é uma especialidade complexa e essencial, pois exige conhecimento amplo.
- O excesso de especialistas faz com que o paciente seja tratado em partes, sem uma visão integrada. Essa desconexão entre os profissionais é um risco real à saúde.
A proposta da Bluzz
- Na Bluzz, o cuidado é coordenado por uma enfermeira especialista, garantindo integração entre os profissionais. Todos os casos são discutidos em equipe, como o de uma paciente com carcinoma citado por Márcio.
- O objetivo é definir o melhor caminho de cuidado para cada pessoa, com decisões compartilhadas e centradas no paciente. Essa prática, chamada de “navegação de cuidado”, promove uma gestão integrada da saúde.
- Um dos principais ganhos do modelo é a redução do desperdício. Muitos pacientes am por vários médicos que pedem os mesmos exames.
- Com o prontuário único, todos os profissionais am os mesmos dados e resultados. Isso evita repetição de exames e diminui custos para o plano de saúde.
- A Bluzz evita o uso do termo “prevenção” e prefere falar em promoção da saúde: prevenir remete à ideia de evitar doenças e promover saúde envolve incentivar práticas contínuas de bem-estar.
Liderança presente e ativa no atendimento
- Apesar de ser CEO, Márcio também atua como médico no projeto. Ele acompanha pessoalmente a jornada do paciente e faz melhorias constantes.
- Aos 60 anos, mesmo com vida profissional estabilizada, Márcio decidiu criar um projeto disruptivo por acreditar que é o caminho correto.
- Ele é o responsável por selecionar os médicos que participam do projeto. Para Márcio, o profissional precisa ter o “perfil Bluzz”, com foco no cuidado integral, e não apenas em salário.
Mudança no perfil de custo da saúde
- O CEO da Bluzz acredita que separar atendimentos por perfil, como somente para crianças ou idosos, é uma visão limitada. Ele defende que a saúde deve ser tratada de forma ampla, pois o mesmo paciente atravessa diferentes fases da vida.
- Segundo o executivo, o maior custo da saúde atualmente está nas crianças, especialmente as que demandam cuidados especiais.
- Em 2019, os custos com procedimentos para esse público representavam cerca de 9% do total. Em 2025, o índice dobrou, chegando a 17%, ultraando inclusive os gastos com oncologia.
- Ele afirma que, do ponto de vista atuarial, uma criança atípica pode gerar mais despesas que um adulto de meia idade. Esse cenário muda a lógica tradicional, onde adultos e idosos costumavam ser os que mais demandavam atenção financeira no sistema.
Telemedicina como prioridade
- A empresa já realiza 40% dos atendimentos clínicos por telemedicina e pretende expandir esse número.
- A modalidade traz agilidade e comodidade, evita perda de dias de trabalho e beneficia pessoas em situações específicas, como mães com recém-nascidos.
- A Bluzz reforça que a qualidade do atendimento é mantida mesmo no formato digital. Nem todo atendimento exige exame físico presencial, e a telemedicina já provou ser eficiente em muitos casos.
- A empresa já utiliza IA para apoiar diagnósticos, validando se terapias estão adequadas. A tecnologia é vista como apoio, não substituição da avaliação médica.
Pronto-socorro virtual
- A Bluzz aposta fortemente no pronto-socorro virtual, com foco em resolver casos simples e recorrentes.
- Evita que pacientes fiquem horas esperando em prontos-socorros para problemas que podem ser resolvidos online.
- Cerca de 80% das demandas dos prontos-socorros poderiam ser resolvidas virtualmente, segundo o executivo.
Crescimento com acolhimento
- O principal desafio é crescer sem abrir mão do acolhimento individualizado.
- A Bluzz aposta em um modelo de expansão baseado em clínicas pequenas e descentralizadas: quando uma unidade atinge sua capacidade, outra é aberta, em vez de ampliar a estrutura física da existente.
- O objetivo é manter o atendimento próximo, humano e com chamado pelo nome, não por senha. A proposta é atuar como “ilhas pequenas” de cuidado contínuo e personalizado.
- Para a Bluzz, saúde é individual, não padronizada: cada paciente tem uma realidade específica, mesmo que compartilhe o mesmo diagnóstico.
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