Alexandre Brito
Com a psicanálise descobrimos o quanto somos infantis

Psicanálise. Foto: FreePik
O quanto somos infantis em nossa relação com o outro é umas daquelas teses difíceis de se contestar. Não perceber isso é parte desta infantilidade!
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Infantis em ao menos dois sentidos: de ser criança e de infantilidade.
Somos crianças quando desejamos, inventamos, amamos, brincamos. Mas é lamentável que com o tempo percamos nossa capacidade de desejar, criar, amar e brincar sem desconfiar, sem se entregar ou sem intenções duvidosas.
Por outro lado, nenhum adulto perde a sua patética infantilidade na hora de resolver seus problemas com o outro. Adotamos atalhos e caminhos hostis e desonestos, como uma criança que desconhece a moral. O problema é sempre o outro, a família, os políticos, as escolas, o mundo, etc.
Como se a nossa felicidade fosse um dever do outro!
Ou, ainda, como se toda nossa infelicidade fosse sempre uma dádiva do outro.
A psicanálise denuncia o quanto somos infantis. A reação mais comum e imediata diante disso é outra reação infantil: odiá-la sem sequer compreendê-la!
E as pessoas se odeiam sem sequer conhecer uns aos outros. Perdem a oportunidade de aprender juntos ou viver coisas maravilhosas apenas pela assombração vaidosa de sua infantilidade.
Um leitor desatento pode acreditar que se trata de uma regressão, que retornamos para os trilhos e rastros da infantilidade depois de adultos. No entanto, trata-se de um lugar que dificilmente desocupamos, como se fosse um ório que não tiramos do corpo.
Para voltar à infantilidade seria preciso antes alcançar alguma maturidade, responsabilidade e compromisso ético com o próprio desejo e respeito com o outro. Com a humanidade!
Portanto, uma psicanálise, junto da arte e de práticas de libertação, nos conduz para a autonomia e felicidade, mas é impossível uma vida mais livre sem antes reconhecer suas próprias prisões, suas piores e mais estúpidas infantilidades!
Um ato de coragem e de humildade!
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