Solidariedade
ONGs combatem a fome no ES com doações
Segundo um levantamento do IBGE, 47 mil famílias capixabas aram fome em apenas um ano. ONGs tentam levantar doações para reverter a situação

Doações. Foto: Divulgação
Por trás do indicativo de que 47 mil famílias do Espírito Santo aram fome ao menos uma vez entre 2017 e 2018, segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta quinta-feira (17), existem várias organizações não governamentais (ONGs) que tentam erradicar o problema no estado, seja por meio de doações de cestas básicas ou apoio psicológico às pessoas mais carentes.
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Esses mutirões de arrecadação foram redobrados durante a pandemia da covid-19, quando os índices de desemprego aumentaram e os produtos fundamentais da cesta básica, como arroz, óleo e feijão, tiveram um aumento significativo no preço em setembro.
Um importante grupo que atua pela Grande Vitória e até no interior do estado é o Rua do Céu, que atualmente faz doações em Vila Velha, Vitória, Cariacica, Viana e Muniz Freire. Com dez “funcionários” fixos e 120 voluntários, eles distribuem cestas básicas, além de kits de higiene, leite, fraldas descartáveis e ovos para pessoas cadastradas na iniciativa. Os mantimentos arrecadados vêm tanto de empresas quanto de pessoas físicas.
Antes da crise financeira provocada pela pandemia, cerca de 25 famílias eram ajudadas pela ONG por mês. Agora, após quatro meses de trabalho, já foram distribuídas mais de 2.500 cestas. Trata-se, em média, de 600 cestas mensais. “Nosso foco principal sempre foram as crianças, mas começamos também a pensar nas famílias delas. Foram chegando pedidos e decidimos ampliar o trabalho”, diz Brenda Castro, presidente da ONG.
O cadastro das famílias acontece por meio de moradores das próprias comunidades carentes. Eles viram um “captador” de famílias que estão ando por necessidades, e reem a demanda para os voluntários. “Essas pessoas são da nossa confiança, pois já a conhecemos há algum tempo. Os moradores vão até elas para pedirem ajuda, e nós avaliamos a situação”, explica a presidente, que dedica seu tempo integral ao projeto.
No entanto, segundo Brenda, o trabalho foi reduzido nos últimos dois meses. À medida em que a flexibilização das atividades aconteceram no estado, o número de cestas solicitadas sofreu uma queda. Do total de cestas que eram doadas por mês, apenas 150 estão sendo distribuídas no momento. A previsão é que essas doações em massa aconteçam até o final de dezembro.
Entre as diversas histórias de vida que conheceram, Brenda relembra o caso de uma mãe de família que chegou a pedir assistência psicológica, devido à gravidade da situação em que se encontrava. “Desempregada, a mulher estava sem expectativas de colocar comida dentro de casa, embora precisasse alimentar seus três filhos”, relata a presidente. Uma outra família com seis crianças também correu o risco de ser despejada, na capital, mas o projeto interferiu e pagou os aluguéis atrasados da residência.
Quem quiser participar pode ar o Instagram do projeto e procurar detalhar como quer ajudar, seja atuando como voluntário ou fazendo doações. Também é possível fazer o apadrinhamento de uma criança, dando um valor mensal para o Rua do Céu.
Periferias
Outro grupo de jovens que resolveu se unir para receber doações e montar cestas básicas é do Território do Bem, montado especialmente para atender moradores de bairros da periferia de Vitória. Desde a segunda quinzena de março, quando começaram a receber os mantimentos, mais de mil famílias já foram atendidas com os mantimentos e 100 ainda estão cadastradas para continuarem recebendo alimentos pela iniciativa da “Favela do bem contra o coronavírus”.
O foco do grupo é atender três vertentes de pessoas: idosos, pessoas que têm mais de três filhos e que estão paradas por causa do coronavírus e para mães que já estavam desempregadas. Atendem ainda casos urgentes, como o de pessoas que não têm nada dentro de casa.
“O projeto surgiu a partir de um diálogo com uma professora do Ifes, que é apoiadora do Refeitório do Bem, no Rio de Janeiro. Ela me sugeriu fazer aqui no estado, pensando especialmente nos idosos. Atendemos principalmente as regiões do Bairro da Penha, Jaburu, Floresta, Consolação, Gurigica, Engenharia e Itararé, em Vitória. Mas estamos recebendo muitas denúncias de pessoas que estão ando fome e acionamos alerta máxima, atendendo também Goiabeiras, além de outros municípios, como Serra e Vila Velha”, conta Crislaine Zeferina, 27 anos, que faz parte do grupo.
Ao todo, são duas cestas para cada família: uma básica e outra de higiene. O projeto recebem alimentos como doação e também dinheiro no Piay para fazer montar as cestas. “A gente tem muito descaso do poder público com essas pessoas. A quarentena chegou há muito tempo para elas, pois não têm como sair de casa com a falta de estrutura e doenças. Se não tivermos amor ao próximo, a situação vai piorar”, ressalta.
Para contribuir com a iniciativa, basta procurar a Crislaine pelo telefone (27) 99653-6975 ou enviar qualquer valor para o Piay @fejunes.
