Política
Wassef, ex-advogado da família Bolsonaro, é investigado por lavagem de R$ 2,6 mi
MPF identificou rees de ao menos R$ 2,6 milhões feitos a escritório de Wassef por parte de um outro escritório de advocacia que teria desviado cerca de R$ 4,4 milhões do Senac e do Sesc do Rio, entre 2016 e 2017
Ao pedir a expedição de mandados de busca e apreensão contra dois endereços ligados ao advogado Frederick Wassef, a força-tarefa da Lava Jato no Rio apontou fortes elementos da prática de atos de lavagem de dinheiro envolvendo o ex-defensor do senador Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas e dinheiro desviado da Fecomércio. Segundo publicou o jornal Estadão, o Ministério Público Federal identificou rees de ao menos R$ 2,6 milhões feitos em benefício do escritório de Wassef por parte de um outro escritório de advocacia que teria desviado cerca de R$ 4,4 milhões do Senac e do Sesc do Rio, entre dezembro de 2016 e maio de 2017.
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Ex-advogado de Flávio é um dos alvos da Operação E$quema S, deflagrada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pela Receita para investigar suposta estrutura irregular de pagamento a escritórios de advocacia e possíveis desvios de até R$ 355 milhões entre 2012 e 2018 das seções fluminenses do Serviço Social do Comércio (Sesc RJ), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac RJ) e da Federação do Comércio (Fecomércio/RJ). Em meio ao fogo cerrado que ameaça sua estrutura e seu futuro, a Lava Jato dá seu o mais audacioso dos últimos tempos. A Operação E$quema S é uma ofensiva arrojada que mira advogados que detêm currículos importantes, sobretudo em Brasília, e que carregam no sobrenome suas maiores credenciais, filhos de ministros de tribunais.
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No caso de Wassef, a Procuradoria solicitou autorização para diligências em endereço ligado ao advogado em São Paulo e ainda em seu escritório em Atibaia – local onde o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, apontado como suposto operador financeiro do esquema de rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro enquanto deputado estadual no Rio, foi preso no âmbito da Operação Anjo.
Na representação enviada ao juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, a Lava Jato fluminense apontou que entre dezembro de 2016 e maio de 2017, foram desviados ao menos R$ 4.475.000,00 da Fecomércio do Rio e seus órgãos subordinados (Sesc e Senac), mediante pagamentos de honorários advocatícios, por serviços que efetivamente não foram prestados. “Os elementos colhidos até o momento revelam rees sequenciais de tais recursos a Márcia Zamperon e Frederick Wassef, ocultando a sua origem e distanciando o dinheiro de sua origem ilícita”, apontaram.
Segundo o delator Orlando Santos Diniz, ex-presidente da Fecomércio, o escritório contratado no caso, Eluf Santos Sociedade de Advogados foi, na verdade, uma maneira dissimulada de contratar Wassef. O primeiro foi o ‘recebedor ostensivo do dinheiro’ e ocultou ‘os reais proprietários dos valores, em típica atividade de lavagem de capitais’, segundo os procuradores.
“Tão logo os valores relativos a honorários advocatícios devidos pela Fecomércio/SESC/SENAC RJ foram depositados na conta de escritório ELUF, a maior parte deles foi reiterada e sequencialmente destinada a duas principais contrapartes: o escritório Wassef &Sonnerburg Sociedade de Advogados e Marcia Carina Castelo Branco Zampiron”, frisou a força-tarefa da Lava Jato.
A Procuradoria da República fluminense ainda apontou que entre janeiro de 2015 e abril de 2017 – abrangendo período em que foram realizadas as transferências do Eluf Santos Sociedade de Advogados vinculadas aos desvios da Fecomércio do Rio – , o escritório de Wassef recebeu mais de R$ 4 milhões de empresas ligadas a Maria Cristina Boner Leo, sua ex-mulher que, até mês ado, defendia e prestava consultorias à família Bolsonaro. Segundo os procuradores, tais movimentações indicam que ‘o uso de pessoa interposta para recebimento de valores por Wassef mostra-se como prática reiterada e forma de atuação para prática de lavagem de dinheiro’.
A defesa do advogado Frederick Wassef
A reportagem entrou em contato com o advogado. O espaço está aberto para manifestações.
