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Tarcísio Meira: O que explica morte mesmo após duas doses de vacina

Especialistas lembram que nenhum imunizante protege 100% contra nenhuma doença; idade avançada também diminui resposta imunológica

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Tarcísio Meira tomou a segunda dose da vacina em março. Foto: Divulgação

Tarcísio Meira, um dos atores mais importantes da dramaturgia brasileira, morreu na manhã desta quinta-feira (12), vítima da covid-19. Ele tinha 85 anos e já tinha recebido a segunda dose da vacina contra o coronavírus em março. Por isso, levantou-se novamente a discussão sobre a eficácia dos imunizantes. Glória Menezes, mulher de Tarcísio desde 1962, também foi infectada pelo vírus, mas seu quadro é um pouco mais brando e em breve ela deve receber alta do hospital Albert Einstein, em São Paulo.

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A epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Macial, disse que é importante lembrar que nenhuma vacina protege 100% contra nenhuma doença. Elas impedem formas graves e óbitos, mas não cobrem todos os casos. “A gente está no meio de uma pandemia, com muitas pessoas transmitindo. Aquelas pessoas que tomaram a vacina que são idosos ou têm alguma doença que compromete o sistema imunológico, são as que precisam de mais proteção. Não adianta achar que tomou a vacina e que pode fazer tudo. Israel começou a dar a terceira dose em todas as pessoas acima de 60 anos. Porque a gente já espera que a idade compromete a nossa resposta imunológica. É esperado que essas pessoas tenham diminuição da resposta de defesa com o tempo”, detalha.

A infectologista da Unimed Vitória Ana Carolina D’Ettorres acrescenta que no idoso, particularmente, existe um fenômeno chamado imunossenescência, que é o envelhecimento do sistema imunológico. Por natureza do envelhecimento, ele produz menos anticorpos ao longo dos anos. “Usando a vacina ele tem uma possibilidade maior de ar pela covid. Não anula os riscos totalmente, mas a chance de ele sobreviver é maior. Nenhum idoso responde à vacina como um jovem de 30 anos. Ele terá uma eficácia menor, isso é esperado”, detalha.

Existem muitas variáveis que vão além da simples introdução da vacina. “Cada corpo reage de uma forma. Existem algumas particularidades, por exemplo, em pacientes que têm deficiência de imunidade e oncológicos, que produzem menos anticorpos”, diz Ana Carolina. A infectologista esclarece que nenhuma vacina, de nenhum laboratório, garante 100% de eficácia contra óbitos. As vacinas reduzem a gravidade e aumentam a chance de sobrevivência do vacinado.

“A eficácia das vacinas é analisada diante da média populacional observada pelo estudo. Existem alguns subgrupos específicos que podem reagir menos à vacina. Infelizmente alguns óbitos vão acontecer. O objetivo da vacinação é reduzir o global, a queda do número de óbitos em grande escala. Isso vemos com clareza desde o início da vacinação no Brasil”, reforça Ana Carolina.

Terceira dose

Ethel destacou também sobre a importância de se discutir a aplicação de uma terceira dose para algumas pessoas. Segundo ela, além de Israel, os Estados Unidos também vão fazer uma estratégica diferente, sendo possível que a aprovação nesta semana da terceira dose de vacinação contra os imunossuprimidos, pessoas com problemas renais, transplantados e em tratamento para câncer e ainda idosos que moram em asilos. “Independente da vacina, a resposta imunológica se beneficiaria com uma terceira dose para essas pessoas”, afirma.

Segundo  ela, ainda é cedo para falar em terceira dose no Brasil, visto que o país está em uma situação em que a maioria ainda não tem bem a primeira. “Mas acho importante o PNI (Plano Nacional de Imunizações) planejar porque a ciência está mostrando que as pessoas se beneficiariam de uma proteção extra, porque são elas que podem agravar”, frisou.