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Estados devem dobrar ritmo de vacinação para cumprir calendário

ES aplicou 1ª dose em 1,2 milhão dos 3 milhões de adultos e prevê atingir toda população em outubro

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Pessoas com mais de 50 anos serão vacinadas contra a covid na Serra

Vacinação contra a covid-19

Esta quinta-feira (17) foi o dia que o Brasil mais imunizou contra a covid-19, com a aplicação de 2.220.845 doses. Mas para cumprir a promessa de imunizar antecipadamente sua população adulta contra a covid-19, estados que anunciaram a medida vão precisar pelo menos dobrar o número de pessoas vacinadas por dia. É o que aponta levantamento do Estadão que compara a atual cobertura vacinal com as novas metas divulgadas pelos governos locais.

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Ao menos 13 estados projetam aplicar mais cedo a primeira dose em todos os maiores de 18 anos, com datas finais que variam entre agosto e o fim de outubro. Inicialmente, a previsão era concluir a vacinação até o fim do ano. Para antecipar o prazo, esses estados alegam ser preciso receber os rees previstos pelo Ministério da Saúde, que planeja distribuir 213,3 milhões de doses.

Com população adulta estimada em 6,9 milhões, o Ceará começou a imunizar a faixa etária entre 55 e 59 anos e é quem tem a previsão mais otimista de encerrar a primeira rodada da campanha no País: até 25 de agosto. Em contrapartida, também é a unidade que vai precisar acelerar mais o ritmo de vacinação. Dados do consórcio de veículos de imprensa apontam que o Ceará havia aplicado cerca de 2 milhões de primeiras doses até o início desta semana, 30% do público-alvo. Para atender os 70% restantes, portanto, a média diária de vacinados tem de quase quintuplicar: ando de 14 mil para 66,4 mil.

Melhor situação vive o Espírito Santo, que aplicou a primeira dose em 1,2 milhão dos 3 milhões de adultos e também prevê alcançar toda a população em outubro. Para isso, a vacinação precisa avançar de 8,4 mil para 13,2 mil por dia (56,6%). “Nós só não detalhamos o período por semanas, porque acreditamos que ainda existem diversas instabilidades no Programa Nacional de Imunização e o calendário pode ser tanto prejudicado quanto antecipado”, afirma o secretário da Saúde, Nésio Fernandes.

Em São Paulo, a promessa do governador João Doria (PSDB) é atender toda a população até o dia 15 de setembro. Entretanto, o Estado também tem o desafio de dobrar a aplicação diária da primeira dose. Em média, 109,6 mil novas pessoas receberam imunizante do início da campanha até segunda-feira. Esse indicador tem de subir para 240,7 mil, ou 119,5%.

A população estimada em São Paulo é de 36 milhões, dos quais 13,6 milhões receberam a primeira dose até o início da semana. Em nota, a gestão Doria diz que a rede de saúde conta com 6 mil salas de vacinação e seria capaz de aplicar mais de 1 milhão de doses por dia – o que ainda não ocorreu.

Os governos de Pará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná também prometem finalizar o cronograma até 30 de setembro Entre eles, o governo gaúcho é quem precisa acelerar menos, aumentando o atendimento médio dos atuais 25,2 mil para 48,6 mil (92,6%). Para o potiguar, o salto deve ser de 184% (5,8 mil para 16,5 mil), enquanto que no Pará a meta é ainda mais difícil, de 11 mil para 41,1 mil, ou 273%.

Antecipação nem sempre é positiva

Professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor), Jorge Kalil alerta que antecipar o calendário nem sempre é positivo. “Quando começa a diminuir o número de vacinados por dia, significa que há menos pessoas de grupos prioritários buscando o posto de saúde. Então, alguns lugares decidem avançar por idade para não ficar com doses estocadas”, afirma. “Para o plano dar certo, é preciso que as vacinas cheguem e as pessoas compareçam ”

No Rio, a cobertura para os grupos prioritários ainda está em 58,4% em relação à primeira dose. Para satisfazer a previsão de atender todas as pessoas acima de 18 anos até o fim de outubro, o Estado tem de quase triplicar o atendimento. Hoje, a média é de 25,1 mil vacinas por dia. O necessário são 73,3mil. “O desenvolvimento do calendário está associado ao envio de vacinas pelo Ministério da Saúde”, diz a gestão Claudio Castro (PL), em nota.

Também com prazo em outubro, os outros estados que precisam acelerar a vacinação são: Piauí (141,7%), Minas (118,2%), Paraíba (114,8%), Alagoas (98,1%) e Santa Catarina (97,4%). “Com a quantidade total prevista de distribuição de doses pelo Ministério da Saúde entre os meses de junho e outubro, considerando que Minas receberá 10% do total, deverá aplicar mais de 140 mil doses por dia”, diz o governo Romeu Zema (Novo).

Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai pondera que seria “temeroso” anunciar a antecipação de cronogramas estaduais sem ter 100% de garantia de que as doses estão disponíveis, uma vez que há histórico de atrasos e até entregas de lotes menores.

“A gente corre o risco de frustrar as pessoas e isso afetar na adesão.” Esse é o motivo alegado por Bahia, Pernambuco, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul para, diferentemente de outro locais, não apresentarem cronogramas. “A questão é: vai ser mantida a entrega de vacinas? Todos os meses, a gente tem uma quebra de expectativa”, diz o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo.