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Eleição 2020: turismo e população carente são focos de João Coser em Vitória
Ex-prefeito da capital, petista João Coser concorre mais uma vez à prefeitura de Vitória neste ano, ao lado de Jackeline Rocha. Confira entrevista

Ex-prefeito de Vitória, João Coser tenta reeleição. Foto: Divulgação/PT-ES
Ex-deputado federal por dois mandatos e prefeito de Vitória entre 2005 e 2013, o advogado João Coser quer reassumir a principal cadeira do Executivo municipal. Fechado em uma chapa com Jackeline Rocha, a atual presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) no estado, ele foi confirmado na quarta-feira (16) como o candidato petista à prefeitura de Vitória, apostando em uma gestão para as populações mais pobres e na reestruturação da cidade após a pandemia da covid-19.
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Entre as suas principais propostas, estão melhorias na mobilidade urbana, o fim da perseguição política na educação e a transformação de Vitória em um dos maiores polos turísticos do país. Em entrevista à BandNews FM Espírito Santo, o candidato também pontuou as desvantagens de representar o PT no estado e fez uma autoavaliação sobre seus antigos projetos. Confira os destaques da entrevista abaixo:
Motivações para disputar o cargo
“De certa forma, atendi um chamado das ruas. Vitória precisa de uma istração que traga um olhar pro futuro, mais novo. Tenho uma capacidade, graças a Deus, razoável de conversar e ouvir as pessoas. Me sinto muito preparado e em condições de enfrentar os desafios do governo no pós-pandemia, olhando para o momento das dificuldades, mas também para o futuro. Vitória é uma cidade linda, com perspectiva de modernidade… Impulsionar Vitória é um desafio para qualquer gestor. Nos últimos anos, percebemos uma manutenção nos bairros mais nobres, mas as periferias estão largadas. Há um desmonte em várias áreas do serviço público. Então, assim, eu sinto na rua um chamado mesmo. As pessoas me provocam muito, me chamam muito para ser candidato a prefeito, porque eu dei às pessoas uma dignidade. Tenho capacidade de retomar tudo isso, mesmo que em outro cenário social. Estou preparado”
PT
“As desvantagens de representar o PT em Vitória são construídas pelos outros. Foi feito um trabalho muito grande de desmonte do partido, embora o PT só tenha feito bem ao país. No meio pode ter havido equívocos, mas no conjunto das ações dos governos da Dilma e do Lula, além dos nossos governos aqui, com Helder Salomão, em Cariacica, só fizemos o bem. Não tem, na conta de todos os governos do PT, qualquer ação que desabone nossa ação coletiva partidária, apenas ação individual de um membro ou de outro. Do ponto de vista positivo, onde o PT governa, o povo ganha. Naturalmente, os pobres ganham mais, pois nós sempre achamos que, para ser justo, tem que dar mais a quem tem menos. Do ponto de vista negativo, o PT sofreu um bombardeio. Ele perdeu a popularidade. Agora está recuperando. Chegamos a ter 30% de aprovação, tivemos 7% e agora estamos de novo entre 26% e 27%. O importante é termos uma base sólida, que acredita que nós governamos bem e para o povo. Não somos entreguistas, liberais, nós defendemos as empresas e o serviço público, como o SUS.”
Autoavaliação
“Talvez, no meu último governo, eu tenha executado obras demais. Executei um bilhão em obras, muita obra, todas realizadas e entregues. Errei pouco em Vitória porque ouvi muito. Acho que vai ser um governo diferente, com mais políticas sociais, recuperando a vida das pessoas e as empresas de pequeno e médio porte. Vai ser um período mais de cuidar que do de fazer. Cerca de 30% das empresas em Vitória estão de portas fechadas, e uma parte delas não vai conseguir reabrir. Então, seria um olhar mais social, de cuidar da cidade com investimentos grandes na periferia, onde tem gente com muitas dificuldades neste momento. A área mais nobre de Vitória precisa de limpeza pública, faixas, trânsito… Quero voltar a conversar muito com a cidade, ser eleito com o povo e governar com o povo. Todas as vidas importam e precisamos cuidar delas”.
Mobilidade urbana
“Na capital, nós temos dois problemas: um interno, que é o sistema de transportes coletivos, que precisa ser integrado urgentemente. Uma cidadã de São Pedro, para ir até Jardim Camburi, precisa pagar duas agens. Tem que integrar os dois sistemas – Transcol e verdinho – e, segundo, ampliar (dentro do limite do possível) a circulação para que as pessoas não dependam só de carros, como ciclovias e ciclofaixas. O transporte coletivo é um desafio metropolitano, tanto do governo do estado quanto do município. Ele é um desafio ainda maior em Vitória, porque o sistema de ônibus da capital não é integrado. Mas também é preciso ter mais espaço, para as pessoas não dependerem de ônibus para tudo. Ciclovia e ciclofaixa precisam ser avaliados sempre”.
Educação
“Nos últimos anos, amos por um processo de perseguição na educação. Alguns diretores foram afastados e demitidos sem razão, apenas por diferenças políticas. Tem de voltar a ter um ambiente democrático dentro do município. A perseguição política contra qualquer ser humano é inável. Depois, tem de fazer concurso público. Houve oito anos, praticamente, sem nenhum reajuste para os professores. É preciso dar o mínimo para que eles possam sobreviver dignamente. As estruturas escolares estão montadas, mas ficou claro que houve um desmonte em várias áreas do município. Nós tínhamos, por exemplo, um sistema que beneficiava as crianças especiais. Era um trabalho com um estagiário da educação. Mas foi reduzido muito. Os meninos vão perdendo as condições de ficar na sala de aula, e ainda atrapalham a produtividade dos outros”
Investimentos
“Estamos agora na fase final de elaboração do programa de governo. Priorizamos a recuperação dos pequenos negócios; turismo como foco principal do desenvolvimento de Vitória; projetos de avanço na área de tecnologia avançada e, naturalmente, aposta nas áreas da cultura, educação e meio ambiente. Qualquer prefeito tem que sair da sua cadeira e ir até Brasília, para articular ações por lá. Também buscar parcerias no setor privado. Na minha gestão, não fiquei esperando as oportunidades e o dinheiro caírem do céu, mas sim circulava muito”
Polarização política
“Estou me preparando para governar a cidade de Vitória. Não estou disputando com Bolsonaro, não sou Lula, não vou disputar às eleições presidenciais. Quero aproximação, não a ruptura. Não espere de mim um coração amargurado, de ruptura. A nossa ideia é construir a solidariedade, porque as pessoas estão sofrendo. Estou preparado, naturalmente, para responder aos questionamentos, mas só caso o debate contribua com a cidade de Vitória. Lógico que o país hoje está mais radicalizado, tem uma direita rancorosa e odiosa, mas não acredito que isso agregue na gestão de uma cidade e no debate eleitoral. Não acho que isso vá ser o centro do debate, não. Estou preparado no sentido de saber o que pode acontecer, mas não tem nada a ver com o que queremos fazer para a cidade. Inclusive, nas eleições adas, já existia um pouco isso, e nunca respondi nada sobre PSDB, PSL… Não deixo de dormir por isso, não. Toco a minha vida tranquilo”
Ouça a entrevista na íntegra:
