Dinheiro
Exportação no Espírito Santo pode dobrar em até 10 anos
Acordo de livre comércio Mercosul-UE deve beneficiar, principalmente, o setor agrícola do Estado, como a produção de café e mamão

Espírito Santo exportou, em 2018, 250 toneladas de café em grão | Seag/divulgação
O acordo de livre comércio assinado entre o Mercosul e a UE (União Europeia), na última semana, pode dobrar o número de exportações do estado em 10 anos, segundo o Sindiex (Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do estado). A expectativa é que o setor agrícola seja o mais beneficiado e que comece a ampliar o volume de exportações em um prazo de dois anos, tempo necessário para adequações às certificações internacionais e para aumento da produção local.
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O acordo prevê que a UE zere as tarifas de importação de 92% dos produtos do Mercosul até 10 anos, depois de entrar em vigor. No mesmo período, o Mercosul deverá zerar a tarifa de 72% das mercadorias vindas da Europa. Cada categoria de produto terá um cronograma específico.
No estado, os principais produtos que devem se beneficiar com a medida e ter a exportação ampliada são café (em grão e solúvel), carne de boi e mamão, além de frango e peixe, explica o secretário de estado de Desenvolvimento, Heber Resende. “A Europa já é, hoje, o principal cliente de mamão do estado, mas à medida em que forem simplificadas as questões aduaneiras e que os impostos forem reduzidos, abre-se a possibilidade de ampliação desse mercado”, exemplifica.
Ainda de acordo com o secretário, no ano ado, o estado exportou 250 mil toneladas de café em grão e 5 mil toneladas de café solúvel. Juntas, as duas mercadorias respondem por 5% de todas as exportações.
“A Europa abre as portas para agroindústria e nós abrimos as portas para a importação de alta tecnologia, o que pode ajudar na modernização da nossa indústria e aumentar a competitividade com outros mercados”, explica.
Expansão gradativa
O coordenador executivo do Fórum Mais Negócios da Findes (Federação das Indústrias do Espírito Santo), Durval Vieira de Freitas, explica que o acordo não entra em operação imediatamente e que é preciso um período de pelo menos dois anos para que a indústria se adeque às regras e à expansão do mercado.
“A curto prazo, produtos agrícolas como café, pimenta-do-reino, gengibre e mamão, além de alimentos como chocolate serão beneficiados por essa expansão. A médio e longo prazos, num período de cinco a 10 anos, é preciso haver melhorias na infraestrutura portuária, rodoviária e ferroviária para que possamos atrair investimentos e outras empresas para, então, ampliarmos outras exportações”, diz.
Durval também explica que apesar de o minério de ferro, o aço, o petróleo e a celulose representarem cerca de 80% das exportações do estado, dificilmente esses produtos terão as exportações ampliadas de imediato, já que trata-se de mercados consolidados. Por ano, o estado exporta US$ 10 bilhões.
O acordo deve também impactar diretamente na arrecadação do estado, diz o Sindiex, já que as exportações, hoje, representam 40% do PIB (Produto Interno Bruto) do estado.
Exportações em 2018
Café em grão
No ano ado, o Espírito Santo exportou 250 mil toneladas do produto, totalizando US$ 450 milhões. Os cafés em grão e solúvel são, juntos, responsáveis por 5% de todas as exportações.
Mamão
O estado exportou 18 mil toneladas, totalizando US$ 22 milhões. A Europa é hoje o principal cliente de mamão do estado.
Café solúvel
Foram 5 mil toneladas, somando US$ 38 milhões.
Carne de boi
Foram 7 mil toneladas e US$ 27 milhões.
Apostas
Outros produtos do Espírito Santo que podem ter a importação ampliada dentro de dois anos: pimenta-do-reino, gengibre, chocolate, móveis e confecção, entre outros.
