Dinheiro
Efeito Bolsonaro faz ações da Petrobras caírem 20%; Ibovespa recua 5%
Papéis da Eletrobrás e do Banco do Brasil também recuam; mercado financeiro reage mal à ingerência do presidente no comando da petroleira. Dólar é cotado a R$ 5,51
A intervenção do presidente Jair Bolsonaro na Petrobrás, com o anúncio, na sexta-feira, 19, de que iria trocar o presidente da estatal, trouxe forte impacto para o mercado financeiro nesta segunda-feira. As ações da Petrobrás, claro, são as mais atingidas, com uma queda que chega à casa dos 20%. Mas os efeitos não se restringem à Petrobrás. Os papéis de outras estatais também têm queda forte: Banco do Brasil cai quase 12%, e Eletrobrás, cerca de 5%.
Puxada pelo desempenho das estatais, a B3, bolsa paulista, opera em queda de mais de 5%. O dólar sobe cerca de 2% e ultraou a casa dos R% 5,50. A turbulência também faz crescer a aposta na alta dos juros: aumentaram as projeções de aumentos de 0,5 ponto porcentual da Selic em março e maio.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
Apenas na primeira hora de pregão hoje o valor de mercado da Petrobrás caiu R$ 85 bilhões. Isso, depois de perder quase R$ 30 bilhões na sexta-feira. Pelo menos seis instituições financeiras rebaixaram a recomendação para os papeis e reduziram o preço-alvo da companhia para os próximos 12 meses.
As ações da Petrobrás começaram a semana com forte queda, que chegou a 20%, puxando o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, que recua 5%, e também os papéis de outras estatais, como Eletrobrás e Banco do Brasil. A Petrobrás perdeu R$ 85,7 bilhões em valor de mercado só na primeira hora da sessão desta segunda. Na sexta, a perda de valor já havia sido de R$ 28,2 bilhões, para R$ 365,6 bilhões.
Pelo menos seis bancos e casas de investimento cortaram a recomendação dos papéis da Petrobrás – XP, Guide, Safra, BTG Pactual, Credit Suisse e Bradesco BBI -, apontando os riscos à política de preços da empresa pode com a mudança na presidência e também a nebulosidade que isso traz para outras iniciativas da empresa, como a venda de ativos não essenciais e a alocação de capital no pré-sal, considerado mais rentável.
Ainda no fim de semana, a XP rebaixou a recomendação das ações da Petrobrás para “venda”, de “neutro” anteriormente. Também revisou o preço-alvo do papel de R$ 32 para R$ 24.
No Safra, o preço-alvo para as ações ou de R$ 40 para R$ 29,50. “O principal motivo é a incerteza trazida pela maior interferência do governo na empresa, em vez de uma opinião negativa sobre o Luna. Esperamos mais volatilidade no preço das ações e limite de valorização no curto prazo”, escreveram os analistas Conrado Vegner e Victor Chen.
Para o BTG Pactual, “o controle de preços dos combustíveis em meio ao aumento do petróleo é a razão óbvia para se preocupar, mas pode nem ser a principal”. “Com o ano eleitoral se aproximando, nossa principal preocupação fica com o que o novo CEO e sua nova diretoria implicam para a alocação de capital e, mais importante, o fluxo de dividendos; e a venda de ativos não essenciais, principalmente a venda de refinarias e seus preços, com compradores agora podendo retirar propostas ou oferecer um tíquete muito menor”, diz o relatório assinado pelos analistas Thiago Duarte, Pedro Soares e Daniel Guardiola.
Para membros do conselho de istração da Petrobrás, que têm reunião marcada para terça-feira, 23, a mudança no comando da empresa é vista como inevitável. Alguns conselheiros da estatal estudam votar pela recondução do presidente Roberto Castello Branco, mas o estatuto dá poder à União para fazer a troca.
O mercado também acompanha novas mudanças prometidas por Bolsonaro. No sábado, ele disse que fará trocas no governo envolvendo o primeiro escalão. “Eu não tenho medo de mudar, não. Semana que vem deve ter mais mudança aí para… E mudança comigo não é de bagrinho, não, é tubarão”, disse a apoiadores. “Vamos meter o dedo na energia elétrica, que é outro problema também”, completou.
