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Brasileiro trabalhou 149 dias em 2025 só para pagar impostos

Carga tributária consome 40,82% da renda e país segue na lanterna mundial em retorno dos tributos à população

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contas, imposto de renda, dinheiro

Cálculos mostram o peso dos tributos no bolso do brasileiro. Foto: Divulgação

O brasileiro precisou trabalhar até o dia 29 de maio de 2025 — ou seja, 149 dias — apenas para quitar impostos, taxas e contribuições aos governos federal, estadual e municipal. O dado, que representa 40,82% da renda média anual, consta em um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), que avaliou tributos sobre renda, consumo e patrimônio. A marca se manteve estável em relação a 2024.

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Apesar do esforço, o Brasil continua na última posição do Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade (IRBES), que compara os 30 países com maior carga tributária. A lista considera o retorno em áreas como saúde, educação e segurança. Segundo o IBPT, mesmo cobrando como nações desenvolvidas, o país entrega serviços públicos de baixa qualidade.

Tributos crescem com reoneração e fim de isenções

Três fatores pesaram mais no bolso do contribuinte em 2025: o fim de desonerações fiscais, a reoneração da folha de pagamento de 17 setores econômicos e o aumento das alíquotas do ICMS em diversos estados. Minas Gerais, Bahia e Ceará, por exemplo, aram a cobrar 20% de ICMS como forma de garantir maior fatia futura no Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), previsto na reforma tributária.

A tributação de remessas internacionais de até 50 dólares, via programa Remessa Conforme, também contribuiu para o aumento da carga, assim como a elevação do IOF, que adicionou quatro dias de trabalho à conta tributária do brasileiro.

Desigualdade tributária penaliza mais os pobres

O peso dos tributos varia conforme a renda. De acordo com o estudo, brasileiros que ganham até R$ 3 mil por mês trabalharam até 29 de maio para quitar seus impostos. Já quem ganha entre R$ 3 mil e R$ 10 mil encerrou essa jornada tributária em 22 de maio. Os que recebem acima de R$ 10 mil só concluirão esse ciclo em 5 de junho, devido à maior incidência de Imposto de Renda.

Segundo João Eloi Olenike, presidente executivo do IBPT, o brasileiro hoje trabalha mais que o dobro do que trabalhava nos anos 1970 só para manter a máquina pública. “O Brasil cobra como país rico, mas entrega serviços de país pobre”, critica.

Impostos sobre consumo puxam a maior parte da carga

O levantamento mostra que os tributos sobre o consumo representam 22,73% da carga tributária, o equivalente a 83 dias de trabalho. Já os impostos sobre renda, como o IRPF, somam 15,06% (55 dias). Os tributos sobre o patrimônio, como IPTU, IPVA e ITBI, respondem por 3,03% — ou 11 dias.

Reforma quer mais transparência na nota fiscal

Entre as mudanças previstas na reforma tributária está a exigência de que notas fiscais mostrem com clareza o valor e o percentual de cada tributo incidente sobre produtos e serviços. As informações incluirão o IBS, a CBS e o Imposto Seletivo, quando aplicável.

Para o advogado tributarista Samir Nemer, a medida é essencial para ampliar o controle social. “A transparência na nota fiscal é um o essencial para que o cidadão entenda o verdadeiro peso dos tributos no seu dia a dia”, afirma.

O estudo do IBPT considera o período de maio de 2024 a abril de 2025 e inclui todos os tributos diretos e indiretos pagos pelos brasileiros.

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