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Dia a dia

Vinte médicos já morreram vítimas da covid-19 no estado

Em menos de uma semana, entre a última quarta-feira e domingo, 5 profissionais já perderam a vida

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O Espírito Santo perdeu nas duas últimas semanas sete médicos vítimas da Covid-19, o último caso foi o da ginecologista e obstreta Ednildes de Almeida Olímpio, de 51 anos. Outros quatro profissionais faleceram em decorrência de complicações da doença desde a última quarta-feira (9). Desde o início da pandemia, 20 médicos já perderam a vida no estado segundo dados do Simes (Sindicato dos Médicos do Espírito Santo)

Com o aumento dos casos nas últimas semanas e um possível retorno de mais municípios para a categoria vermelha do mapa de risco, os profissionais da categoria que atuam na linha de frente do combate ao coronavírus seguem preocupados com a falta de cuidados que os capixabas tem cometido.

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O diretor-presidente do Simes e médico cirurgião, Leonardo Lessa, relatou em entrevista à BandNewsFM Espírito Santo que a contaminação entre os profissionais da saúde causa bastante abalo, “Não só eu mas toda a classe médica acompanha isso com muita tristeza, profissionais, amigos, alguns estavam na linha de frente e isso causa muita consternação na classe médica toda.”

Lessa chegou a perder um amigo próximo na última semana por decorrência de complicações causadas pelo covid. Marcos Mantelmacher era médico gastroenterologista e atuava como socorrista no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

“O caso do Dr. Marcos foi um dos que me afetou particularmente, estudamos juntos na faculdade. Quando começamos a ver as pessoas que estão próximas, e os casos vão deixando de ser números e tomando forma com nomes e rostos, é quando sentimos mais a perda.” comentou Leonardo.

Não se sabe ainda se o aumento dos casos fatais entre médicos é uma coincidência ou segue a tendência de um número maior de casos entre a segunda onda de contaminação. “É difícil de dizer ainda se o crescimento irá se manter ou se foi uma coincidência em uma semana,” conta o médico sobre o aumento dos óbitos na última semana.  “Precisamos de um tempo maior pra poder acompanhar essa tendência”.

Apesar do aumento na contaminação, Leonardo reconhece que a categoria médica atua hoje com maior conhecimento no tratamento contra a doença. “Realmente, com o ar do tempo aprendemos a melhor maneira de se tratar e de se abordar a doença, fazemos também mais testes então a base de infectados aumenta,” lembrou o cirurgião. “Nós temos mais pessoas contaminadas em comparação ao numero de óbitos, que se mantém ou as vezes até diminui.”

Questionado sobre os leitos nos hospitais particulares, em um cenário onde quase 84% dos leitos de UTI encontram-se ocupados na rede pública, o presidente do Simes reforçou que que não há falta de leitos no setor privado mas não entrou em detalhes sobre os números de vagas ocupadas.

“Em geral estão cheios mas não há falta de leitos, o paciente que busca o hospital privado tem encontrado a resposta pra doença dele, não só da covid como de outras enfermidades.”

Ainda com a disponibilidade de leitos no serviço de saúde, a jornada exaustiva dos profissionais que estão na linha de frente é uma situação que se repete desde o primeiro pico de contaminação. Para Leonardo, apesar do peso na rotina que eles vivem, a promessa da categoria é de força e continuidade no trabalho.

“O ano todo foi exaustivo, os profissionais estão cansados, a situação permanece como desde o começo da pandemia, e tivemos uma fase de remissão, e o que aparece ser novamente um aumento da quantidade de casos. Mas estamos aqui, estamos próximos, a sociedade pode contar com o nosso trabalho, nosso juramento foi feito e vamos continuar na linha de frente.”