Dia a dia
Secretário da Saúde faz balanço da covid-19 no Espírito Santo
Nésio Fernandes aproveitou para falar de possíveis cenários para o próximo período no estado; confira

Secretário da Saúde, Nésio Fernandes. Foto: Divulgação/Sesa
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Após dez meses de pandemia do novo coronavírus, o estado já registrou 5.777 óbitos em decorrência da covid-19 e 289.606 contaminados. O Secretário da Saúde, Nésio Fernandes, usou o Twitter nesta quinta-feira (28) para fazer um balanço do comportamento do vírus na segunda onda da doença e aproveitou para falar de possíveis cenários para o próximo período no Espírito Santo. Acompanhe a análise:
Durante a primeira onda, a Grande Vitória teve comportamento antecipado de casos, internações e óbitos em relação ao interior.
Até o presente momento, a segunda expansão da pandemia no Espírito Santo foi caracterizada por aumento de casos, internações e óbitos em quase todo o seu território.
No entanto tivemos um comportamento assimétrico invertido em relação a primeira onda: o interior se antecipou a Grande Vitória.
Ao longo de 2020 o vírus viveu “amplo espalhamento” no no Brasil e no Espírito Santo. Em diversos municípios pequenos a primeira onda só ocorreu no último quadrimestre, em outros, o mesmo período, representou uma segunda expansão equivalente ou maior que a primeira onda.
Na ausência de ampla cobertura vacinal em um território e de tratamento medicamentoso específico, onde circulam diversas variações do mesmo vírus e de outras doenças respiratórias, a “onda real” deve acompanhar-se da tríade: 1) +casos novos, 2) +internações e 3) +óbitos.
Neste contexto a ausência do crescimento de óbitos pode representar melhora da capacidade de testagem e tratamento hospitalar em uma população maior de casos leves e moderados. O Brasil é um caldeirão de variações de cepas do coronavírus em franca transmissão comunitária.
Não obstante terem diagnosticado mais casos que na primeira onda, Vitória, Serra, Cariacica e Vila Velha (G4) desenham um comportamento diferente de todas as demais regiões do Espirito Santo: não tiveram na segunda expansão da doença um total de óbitos maior ou igual a 1ª onda.
Ao concluir o mês de janeiro a região Sul do Espírito Santo terá dois meses consecutivos de óbitos por covid-19 superiores aos dois meses de pico da primeira onda.
Já a região Central, deverá alcançar equivalência de óbitos em relação a primeira onda até a primeira quinzena de fevereiro.
Diferente das demais regiões, a região Norte do Espírito Santo apresenta um segundo mês consecutivo de aumento substancial de óbitos quando comparamos dezembro e janeiro. Ressaltando que ainda poderão se confirmar casos novos e em investigação nesses meses.
Na região de Saúde Metropolitana, que abrange também os municípios da região de montanhas, ao retirar o G4, vemos a ascensão consecutiva de óbitos ocorrendo desde outubro, podendo alcançar em janeiro o teto de estabilidade equivalente a dezembro.
Não são significativos os dados do comportamento da covid-19 em solo capixaba entre entre os meses de janeiro e abril de 2020. Mas podemos analisar o comportamento sazonal das doenças respiratórias no Espírito Santo para analisar novo cenário possível.
Ao analisar as sazonalidade das curvas de “Síndromes Respiratórias Agudas Graves” (SRAG) no Espirito Santo, vemos que de 2018 a 2020, o início do aumento de casos foi observado a partir das semanas epidemiológicas 8-9, equivalente a segunda quinzena de fevereiro.
O que poderia modificar o comportamento sazonal? Mudanças de hábitos e estilos de vida da sociedade, novos medicamentos, cobertura vacinal, mudanças na estrutura econômica, mudança climática e outras determinantes. Nenhuma está na perspectiva da sazonalidade esperada para 2021.
O que pode mitigar a sazonalidade?
– uso adequado de máscaras.
– disciplina social no distanciamento social
– cobertura vacinal para gripe e coronavírus
– diagnóstico precoce e bloqueio da cadeia de transmissão
– evitar ambientes fechados
– lavar as mãos e superfícies, etc.
E como estamos:
– Máscaras: adesão moderada
– Distanciamento social: baixo, depende de coesão social e e econômico
– Cobertura Vacinal: chegaremos em junho ainda vacinando grupo de risco
– Diagnóstico precoce: ampliada capacidade de testagem do Estado e Municípios
O Calendário de vacinação contra o coronavírus ainda não garante plena cobertura a população brasileira em 2021. Até o presente momento a Campanha de Imunização contra a “Gripe” não tem um calendário no Ministério. Estimamos que deva começar em abril. Já em franca alça de SRAGs.
Com a imunização ampla dos trabalhadores da saúde, em especial da atenção primária (APS), teremos condições de ousar mais nas ações das equipes de APS e de Vigilância em Saúde nos territórios de suas respectivas responsabilidades sanitárias.
Independente do que se defina nacionalmente, iremos avançar na imunização dos idosos com os próximos lotes da vacina contra a covid-19. Vacinação reduz mortalidade. Testagem em massa reduz letalidade e melhora a capacidade de bloqueio da doença.
Letalidade Alta = Baixa testagem
Observemos nos gráficos abaixo:
Município – Bairro – Letalidade
Vitória – Santo André – 4,4%
Cariacica – Presidente Médici – 5,5%
Vila Velha – São Torquato – 4,1%
Serra – Divinópolis – 5,4%
Territórios com letalidade alta em relação a do estado (1,9%).
As estratégias de enfrentamento a pandemia em 2021 não podem só repetir as fórmulas de 2020: é preciso atualiza-las e incrementar novas práticas.
A letalidade de cada bairro e de cada macroterritório de Saúde precisa ser objeto de intervenção concreta das equipes de APS.
Mapas de Gestão de Risco Municipais precisam ser incorporados, com ações dirigidas ao comportamento de expansão/estabilidade/regressão da doença.
Com leitos seguiremos resistindo, mas com vacinas e ações territoriais podemos avançar na capacidade do controle epidemiológico.
No início da pandemia, analisávamos a doença a cada dia, a cada semana. Já temos temporalidade ampla, capaz de reconhecer seu comportamento ao longo de meses e em diversas épocas do ano.
O governo do Estado seguirá apostando na ciência, na transparência, no planejamento estratégico, na estímulo a ampliação/qualificação da atenção primária, na opção pela epidemiologia de campo, modernizando a regulação, fortalecendo a rede hospitalar e ampliando o SAMU.
A dimensão do que fazemos é da amplitude da nossa responsabilidade. Sim é fato, somos um Estado pequeno, não comandamos o Brasil, mas o que importa é que somos um povo que “só fita os Andes”.
