Dia a dia
Renova contesta estudo da Ufes e diz que rejeito encontrado não é tóxico
A fundação alega que rejeito encontrado em estudo não é tóxico, nem nocivo, e é composto por minerais e elementos naturais presentes em rochas e solos da região

Rio Doce. Foto: Divulgação/Prefeitura de Linhares
Uma pesquisa com a participação de professores da Ufes apontou quantidade anormal e tóxica dos elementos químicos alumínio, cromo, manganês e níquel nas praias ao norte do Rio Doce. Também foram constatados altos níveis de lama de rejeitos minerais, próximo a 80%, na desembocadura do rio, na localidade de Regência, em Linhares.
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Em contrapartida, a Fundação Renova esclarece que estudos sobre o rejeito foram norteados por discussões conjuntas entre aproximadamente 80 pesquisadores respeitados no Brasil e no mundo, com a participação de órgãos ambientais. Os resultados desses estudos indicam o retorno progressivo dos rios às condições anteriores ao rompimento.
Os pesquisadores afirmam que ainda é um desafio distinguir o que já existia nas praias em função da atividade de mineração na Bacia do Rio Doce e o que é consequência do rejeito que desceu a correnteza com o desmoronamento da barragem da Samarco, controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton, em Mariana, Minas Gerais. Isso porque não há pesquisas feitas nas praias antes da tragédia ambiental.
O acúmulo de rejeitos de lama na zona submersa da praia modificou as características físicas locais, segundo Albino. “O sedimento mais fino deixou a praia mais aplanada e mais erosiva. A praia perde altura e, junto com o espraiamento da onda, os elementos químicos presentes no rejeito são espalhados para a porção alta da praia e alcançam a restinga”.
A lama de rejeitos, que possui grãos menores, impacta também os hábitats de microrganismos que vivem em areias. “Há uma fauna específica, chamada de fauna bentônica da praia. O equilíbrio desses microrganismos está diretamente ligado aos sedimentos do local. Alterando o sedimento, temos uma consequência ecológica para a fauna: podemos ter, por exemplo, um desequilíbrio ecológico entre dois diferentes grupos, a macrofauna e a mesofauna”, afirma a professora.
Mas a Renova ressalta que o rejeito não é tóxico, nem nocivo, e é composto por minerais e elementos naturais presentes em rochas e solos da região.
RENOVA DESEMPENHA AÇÕES DE RECUPERAÇÃO
Segundo a Renova, a fundação “vem desempenhando ações de reparação e compensação, atuando no campo socioeconômico (pagamento de indenizações e incentivo à diversificação de atividades econômicas etc), assim como em atividades socioambientais (restauro florestal, bioengenharia, renaturalização de cursos d’água, assistência técnica rural, monitoramento da qualidade da água etc). É importante destacar que monitoramentos da qualidade da água e dos sedimentos seguem sendo realizados ao longo da bacia do rio Doce”.
O Programa Manejo de Rejeitos da Fundação Renova desenvolveu estudos com a área de Engenharia Costeira & Oceanográfica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (COPPETEC), sob a coordenação do professor e pesquisador Paulo César Colonna Rosman, Ph.D., voltados a avaliações quantitativas sobre o espalhamento e deposição de sedimentos finos na zona costeira adjacente à foz do rio Doce, após o rompimento da barragem de Fundão, em 2015.
Os resultados dos estudos, segundo a Renova, apontaram que a contribuição e a extensão da pluma de rejeitos, ao longo da zona costeira e marinha, foram temporárias e pouco significativas. Além disso, os resultados apontam que a área potencialmente impactada é reduzida em relação à zona de proibição de pesca.
Por meio de ferramentas de modelagem computacional, foi possível estimar e isolar a parcela de rejeitos que chegou pela foz do rio Doce. “Constatou-se que a contribuição de rejeitos foi significativa apenas até meados de março de 2016. A partir de abril de 2016, as concentrações de sedimentos registradas se mostram equivalentes ao comportamento natural típico desse tipo de estuário e refletiram os períodos de chuvas que ocorrem sazonalmente”.
De acordo com a Renova, os programas da biodiversidade mantêm iniciativas de monitoramento ambiental que buscam entender as alterações no ambiente possivelmente causadas pelo rompimento da barragem de Fundão e pelas diversas atividades humanas.
O Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática (PMBA) é executado pela Rede Rio Doce Mar (RRDM) desde 2018. A Fundação Renova e a Fundação Espírito-Santense de Tecnologia da Universidade Federal do Espírito Santo (FEST/UFES) possuem um acordo de cooperação técnica em atendimento a uma das cláusulas do Termo de Transação e Ajuste de Conduta (Cláusula 165, TTAC).
