Dia a dia
Prefeitura de Vitória desiste de ampliar a Linha Verde
Faixa causou polêmica e exigiu da interferência da Justiça em 2018. Especialista de trânsito critica o projeto: “Parece que foi abandonado”
Depois dois anos e meio, a prefeitura de Vitória enfim confirmou que não irá mais ampliar a Linha Verde pela capital. Desde que foi lançado, em março de 2018, o projeto de mobilidade que prioriza ônibus, táxis, vans e carros com três ageiros ou mais dividiu a opinião de motoristas, usuários de transporte coletivo e até mesmo da Justiça.
A faixa funciona hoje na Praia de Camburi, entre o píer de Iemanjá e o cruzamento da rodovia Norte-Sul; e em dois pontos da avenida Desembargador Santos Neves, um para quem a a Reta da Penha e outro no sentido contrário, na rua Duckla de Aguiar, o à Terceira Ponte.
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Linha Verde na Avenida Dante Michelini, em Vitória. Foto: Chico Guedes
Ainda em 2018, a prefeitura chegou a testar a Linha Verde da orla, em Jardim da Penha, ando pela Praia do Canto, na avenida Saturnino de Brito, até o Hortomercado, na Enseada do Suá. Os testes duraram poucos dias. E, desde então, o projeto foi engavetado.
Engenheiro especialista em trânsito, Paulo Lindoso critica a descontinuidade da Linha Verde e questiona o seu funcionamento. “A impressão é que o projeto foi abandonado. E pelo que vejo, não foi significativo, não trouxe nenhuma grande vantagem para a população. E não sabemos sequer se ocorre a devida fiscalização para garantir sua existência”.
Segundo Lindoso, o projeto ainda carece de estudos de tráfego, investimentos e presença da faixa em outros trechos da capital.
“A linha Verde deve priorizar os principais eixos viários, como toda a orla, Reta da Penha, Leitão da Silva e avenida Vitoria, por exemplo. Além disso, é preciso investir em equipamentos semafóricos de qualidade, requalificar a sinalização da cidade nas vias de maior circulação e oferecer ônibus que garantam segurança, conforto e pontualidade aos usuários. Sem isso, não se faz um projeto de mobilidade”, frisa o especialista em trânsito.
Por meio de nota, a prefeitura de Vitória afirmou que a Linha Verde, nesta gestão, está consolidada e não será replicada em novos trechos.
Polêmicas

Linha Verde na Praia de Camburi, em Vitória. Foto: Chico Guedes
Dias após a sua implantação, em 2018, a Linha Verde chegou a ser suspensa pela Justiça após uma ação popular contra o projeto na avenida Dante Michelini. Em seguida, a prefeitura conseguiu uma liminar garantindo o funcionamento da faixa. Em novembro do mesmo ano, a Justiça se manifestou novamente e decidiu em favor do município. A faixa, no entanto, permaneceu inativa por um ano. Apenas em novembro de 2019 o município iniciou a fiscalização dos automóveis.
Fiscalização duvidosa
Exatos nove meses após o início da fiscalização na Praia de Camburi, em Vitória, 410 veículos foram multados por trafegarem de maneira irregular na via. Até o dia 27 de agosto, foram aplicadas, em média 1,5 multas.

Desde que foi iniciada a fiscalização da Linha Verde na avenida Dante MIchelini, cerca de 1,5 multas são aplicadas diariamente.
O número está abaixo do registrado entre 27 de novembro de 2019 e o dia 20 de janeiro de 2020. Nesse período, a média era de 2,6 infrações ao dia. Na ocasião, motoristas já criticavam a falta de fiscalização no local e, consequentemente, o maior número de motoristas utilizando a faixa de maneira irregular.
De acordo com a prefeitura, o total de multas aplicadas até o momento corresponde a 0,68% do universo de mais de 60 mil veículos que trafegam diariamente pela avenida Dante Michelini.
Ainda assim, a Secretaria de Segurança Urbana de Vitória garante que a fiscalização do trânsito nas ruas e avenidas de Vitória, incluindo a Linha Verde, acontece de forma rotineira.
