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Dia a dia

Por que a dengue cresceu 488% no Espírito Santo

Retorno do sorotipo 2 da doença, falta de inseticida e pouco envolvimento da população no combate estão entre os problemas

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Pneus no barródromo de Jacaraípe, Serra

Pneus, por exemplo, podem virar foco do mosquito. O ideial é entregá-los ao serviço de limpeza urbana da cidade. Foto: Chico Guedes

Mesmo com a chegada do inverno, quando as temperaturas amenas ajudam reduzir a incidência do mosquito Aedes aegypti, a dengue continua avançando no estado. Só nos primeiros seis meses deste ano, foram mais de 55,4 mil casos da doença – número 488% maior que o registrado no mesmo período do ano ado, com 9.433 notificações. Também já foram confirmadas 21 mortes pela doença. Quatro fatores principais explicam esse crescimento, segundo a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde): o retorno do sorotipo 2 da doença, a extensão do período quente para o outono e o inverno, a falta do inseticida Malathion e o pouco envolvimento da população no combate aos focos dentro de casa.

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Os números deste ano só não são maiores que os de 2013, quando o estado registrou 73 mil casos de dengue nos seis primeiros meses. O período com mais registros em 2019 foi a primeira semana de junho, quando foram contabilizados 4.186 casos da doença. As notificações de zika de chikungunya também cresceram 145% e 58%, respectivamente, em comparação com o ano ado.

“O sorotipo 2 da dengue não circulava no estado há oito anos, e como uma grande parcela da população não teve contato com ele, há um aumento do número de casos. O sorotipo 2 também tende a levar a casos mais graves, com necessidade de internações”, explica o coordenador do Programa Estadual de Combate ao Aedes aegypti, Roberto Laperriere.

A demora para a queda das temperaturas no estado – o que só ocorreu a partir do último final de semana – também explica o avanço da dengue. “As temperaturas altas aceleram o ciclo biológico do mosquito, fazendo com que ele chegue à fase adulta mais rapidamente”, diz.

Remédio e população

Aliado a esses fatores, a batalha contra o mosquito também está prejudicada. Desde abril, o estado não recebe do Ministério da Saúde o inseticida Malathion – o único autorizado para combater o mosquito adulto. De acordo com Laperriere, não há previsão de reabastecimento. A situação afeta todo o país e ocorreu devido a um problema em um lote do produto, que ainda não foi reposto.

Por fim, estados e prefeituras também apontam a importância da participação da população no combate, já que cerca de 80% dos focos do mosquito normalmente estão dentro das casas.
A gerente de Vigilância em Saúde de Cariacica, Marcela Oliveira, explica que, durante o horário de visitas dos agentes, cerca de 40% dos imóveis estão fechados. “As pessoas estão trabalhando ou fora de casa, e isso é normal. Mas o que precisamos é que todos se conscientizem da importância de escolher um dia da semana para eliminar os criadouros e qualquer água parada”, diz.

Na Grande Vitória, as prefeituras afirmam terem intensificado as visitas às casas, os mutirões de limpeza e vistorias em terrenos baldios, que são feitas mesmo sem a presença do proprietário quando é identificado risco de focos do mosquito.

Número de casos

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, até o final de junho foram registrados:

Dengue

Alta: de 488%
2018: 9.433
2019: 55.425

Chikungunya

Alta: de 58%
2018: 716
2019: 1.137

Zika

Alta: de 145%
2018: 313
2019: 769

Bairros com mais casos

Vitória

Na capital, os bairros Jardim Camburi, Jardim da Penha e Centro têm maior incidência de dengue neste ano, segundo a prefeitura. Na cidade, já são 4.553 casos de dengue (500% a mais que em 2018), 100 casos de zika e 183 de chikungunya.

Cariacica

Os bairros com mais casos de dengue são: Jardim Botânico, Bandeirantes e Nova Rosa da Penha. Até 2 de julho, a cidade registrou 1.630 casos de dengue, 50 de zika e 56 de chikungunya. Em 2018, no mesmo período, foram 840 casos de dengue, 18 de zika e 20 de chikungunya.

Vila Velha

Os bairros com maior incidência de dengue são: João Goulart, Cobilândia e Guaranhuns. Até agora, são 4.117 casos de dengue, 114 de zika e 146 de chikungunya. Em 2018, foram 1.261, 75 e 115 casos, respectivamente.

Serra

Os maiores números de notificações estão no Bairro das Laranjeiras, Nova Carapina I e Feu Rosa. Já são 13.427 casos de dengue, 83 de zika e 31 de chikungunya. No mesmo período de 2018, foram 580, 38 e 66 casos, respectivamente.