Dia a dia
Os números da covid-19 no Espírito Santo após três meses de isolamento
Proporcionalmente, registro de casos de coronavírus no Estado é o maior do Sudeste e supera também a média nacional

Curva da covid-19 cresce no Espírito Santo. Foto: Gerd Altmann/Pixabay
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Há exatos três meses, no dia 20 de março, o governo do estado anunciava uma série de regras restritivas para estimular o isolamento social, medida considerada fundamental para combater o avanço da covid-19. Entre essas medidas estava o fechamento de grande parte do comércio. O primeiro caso da doença no estado havia sido registrado no dia 5 de março. No dia 20 de março, eram apenas dois registros de coronavírus. Após 92 dias, são 33.232 casos oficialmente confirmados. Mas o número de infectados é bem maior: segundo o inquérito sorológico divulgado no sábado, dia 13, 295.773 moradores tiveram contato com o vírus; 28% deles não apresentaram sintomas. A primeira morte provocada pela covid-19 no estado ocorreu no dia 1º de abril. Após 80 dias, foram mais 1.266 óbitos. Sempre citada como doença “esquecida” por conta da pandemia, a dengue matou 41 pessoas ao longo de todo o ano de 2019 no Espírito Santo.
Apenas na sexta-feira, dia 19, foram registrados 44 óbitos causados pela covid-19 no estado. Ou seja, em um dia, o coronavírus superou o número de mortes pela dengue em um ano. Há um dado bom a ser considerado: o número de pessoas recuperadas supera a de infectadas. Segundo o da Secretaria da Saúde, das 33.232 pacientes registradas no estado, 19.092 se recuperaram.
Tomando como base os dados divulgados na quinta-feira, dia 18, é possível apontar uma liderança incômoda para o Espírito Santo: proporcionalmente, o estado tem o maior número de infectados no Sudeste. São 720,4 casos confirmados da doença para cada 100 mil habitantes, acima do registrado nos estados do Rio de Janeiro (482,7), São Paulo (414,4) e Minas Gerais (104). O índice supera, inclusive, a média nacional, de 439.
A velocidade da doença é flagrante. Do dia 1º ao dia 30 de abril, o estado saltou de 199 casos para 3.975, um acréscimo de 3.776 infectados. Em maio, o número de registros da doença foi multiplicado por 20. Foram mais 16.789 testes positivos, e o total de infectados chegou a 20.764.
Comparação
Por conta do tamanho da população, o quadro da doença no estado pode ser comparado com o do Uruguai. O país tem cerca de 3,5 milhões de habitantes, o Espírito Santo, algo em torno de 3,8 milhões. Nos dois locais, há uma concentração de moradores nas capitais. Assim como ocorre com a Grande Vitória, praticamente metade da população uruguaia mora no região metropolitana de Montevideo. Lá, não houve a decretação da quarentena como no Espírito Santo. As medidas foram anunciadas em 13 de março, quando o Uruguai registrava quatro casos da doença. O governo tomou algumas medidas básicas, como a suspensão das aulas e de espetáculos. Não houve proibição de atividades econômicas, mas um apelo forte para a consciência individual diante da pandemia. Resultado: os comerciantes decidiram fechar seus estabelecimentos e as pessoas cumpriram efetivamente o isolamento social por conta própria. Atualmente, o Uruguai tem 853 casos confirmados da doença e 24 mortes. Um dado dá a medida dessa diferença de atitude: mais de 5.800 profissionais da saúde foram contaminados e 13 perderam a vida no Espírito Santo. No Uruguai, foram 110 casos e apenas um óbito. O país está com suas atividades praticamente normalizadas. As aulas presenciais foram retomadas em etapas desde o início desse mês. Até o dia 29 de junho, todos os alunos estarão de volta às escolas. No Espírito Santo, assim como em quase todos os estados brasileiros, não há previsão de volta às aulas, nem de retomada da normalidade…
