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“Esse é o momento de tomar medidas para evitar novo pico de covid”, diz pesquisadora da Ufes

Curva de casos teve aumento nas últimas semanas. A taxa de transmissão do estado saiu de 1,29 para 1,33; o que significa dizer que dez pessoas podem contaminar outras 13

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Brasil é o 16º país entre os que menos investem . Foto: Pixabay

Taxa de transmissão do coronavírus aumenta no ES. Foto: Pixabay

 

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A taxa de transmissão do novo coronavírus, calculada para o interior e a Grande Vitória, voltou a apresentar crescimento pela terceira semana consecutiva. A taxa de transmissão do estado saiu de 1,29 para 1,33. O que significa dizer que dez pessoas podem contaminar outras 13. O cálculo é do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos, sediado no Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Ele leva em consideração os números da doença entre 30 de outubro e 2 de novembro.

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Para a pesquisadora e pós-doutora em epidemiologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel, esse é um reflexo da ampliação da testagem de pacientes com covid-19 e também do aumento da interação entre as pessoas. “A curva que estava descendo, começou a crescer. Ainda é uma subida pequena, mas com potencial para subir muito, o que nos preocupa. Agora é a hora de entender que estamos em um aumento exponencial e é o momento de tomar medidas para não sofrermos com um pico como o da primeira onda”, disse.

O aumento de novos casos e internações tem deixados os especialistas preocupados sobre a possibilidade de uma segunda, ou até mesmo de uma continuação da primeira onda. Apesar do novo aumento, a pesquisadora identifica diferenças cruciais entre a situação da Europa e do Brasil. Para ela, os europeus aram por um isolamento que quase zerou o número de novos casos de covid-19 na maioria dos países, enquanto que no Brasil essa situação não aconteceu.

“Estamos aprendendo e formulando essas definições para a covid-19. Até o momento, uma definição que tem sido bem aceita é a da Associação das Escolas de Saúde Pública da Europa. Ela leva em consideração que a segunda onda seria um ‘ressurgimento’ de casos, que deve conter dois pressupostos fundamentais e cumulativos: 1) aumento exponencial de casos num determinado período, seguido por um fase de quase desaparecimento de novos infectados; ou 2) a modificação de comportamento do agente infeccioso, ou seja, não zeramos o número, tivemos um platô, por isso não dá para dizer que estamos de fato na segunda onda”, explicou.

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Independentemente de estarmos ando por uma segunda onda ou não, os infectologistas e especialistas estão de olho no eventual aumento de número de casos no estado. A infectologista do Hucam (Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes) Rúbia Miossi chamou a atenção da população e das autoridades sobre a importância de se manter as medidas de combate à disseminação do coronavírus.

Para a infectologista, o que ocorreu é que reduzimos os números de casos por conta de um distanciamento social que foi muito bem respeitado em maio, junho e julho. Mas em agosto, com a reabertura dos estabelecimentos, as pessoas se esqueceram de usar as máscaras ou não quiseram mais usar, foram viajar, encontraram familiares e participaram de festas. E uma vez que o distanciamento acaba, a doença não é controlada e novamente volta a aumentar o número de casos. Daí vemos uma nova sobrecarga do sistema de saúde.

“Não podemos falar em segunda onda sem ter tido uma regressão sustentada do número de casos. O que tivemos foram dois picos. E quando formos olhar esses dados a longo prazo, veremos uma onda só, provavelmente, ou talvez até pior nesse momento do que foi em julho. Em alguns municípios, como Vila Velha, por exemplo, a curva desde abril tem dois picos. Mas dentro do nosso estado, quando se agrupam os dados de todos os municípios, não podemos chamar de segunda onda”, explicou Rubia.

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De acordo com Ethel, de setembro para cá, também foi percebida uma mudança no perfil dos contaminados pela covid-19 e  uma maior ocupação de UTIs da rede privada. Para ela, a mudança nesse perfil pode estar relacionada com o aumento da interação em eventos sociais e em bares e restaurantes, onde as pessoas tendem a relaxar com as medidas de proteção.

O aumento da curva no estado contrariou as previsões matemáticas. Ainda em agosto, com a queda no número de casos da covid-19, a pesquisadora chegou a descartar a possibilidade de uma segunda onda. Ethel explica que a previsão era que no final de novembro e início de dezembro os casos estivessem próximos de zero. A possível segunda onda era esperada para meados de abril. Porém, a partir de setembro, após o feriado do dia 7, houve uma mudança na curva, com o relaxamento das medidas de proteção e o retorno do movimento.

Como o comportamento da doença no Brasil é diferente do que aconteceu em outros países, onde houve um isolamento que quase zerou o número de novos casos de covid-19, é necessário monitorar os números para ter certeza que o aumento apresentado nas últimas três semanas é sustentável. “Vamos avaliar melhor as semanas seguintes. Precisamos ter números de pelo menos quatro semanas para saber se está consolidado ou não essa crescente da curva ou se as próximas semanas serão de queda. Mas é importante destacar que a preocupação é máxima para não chegar no patamar que foi o auge da pandemia”, conclui a pesquisadora.

A pesquisadora reforça que para diminuir a disseminação do novo coronavírus, as pessoas devem continuar seguindo as medidas de proteção e higienização. Não esquecer de sempre usar a máscara, manter o distanciamento social, buscar ficar em locais com fluxo de corrente de ar e evitar ao máximo aglomerações.

Veja como está a taxa de transmissão: