Dia a dia
Espírito Santo tem a terceira maior queda de homicídios em 2018
Os dados fazem parte do Atlas da Violência 2020, pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira (27)

Taxa de homicídios, por UF (2018). Foto: Reprodução/Atlas da Violência 2020
O Espírito Santo teve a terceira maior queda de homicídios no país no ano de 2018. A taxa geral de homicídios por 100 mil habitantes caiu 48% no Espírito Santo nos últimos 10 anos. Em 2008 era de 56,4 e em 2018 ou para 29,3 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Os dados fazem parte do Atlas da Violência 2020, pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (27).
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O comparativo mostra que, em 2008, o Espírito Santo figurava como o segundo mais violento do Brasil, com uma taxa de 56,4 homicídios por 100 mil habitantes, ficando atrás apenas de Alagoas, naquela ocasião com taxa de 60,3. Ao chegar em 2018, ano base para a confecção do Atlas, os números caíram para 29,3 homicídios por 100 mil habitantes, tirando o Espírito Santo da vice-liderança e o colocando na 16ª posição.
De acordo com os dados do Atlas, a taxa chegou a 32, em 2016. Em 2017, o número de homicídios cresceu no estado. O ano foi marcado pela paralisação da Polícia Militar capixaba, no mês de fevereiro, quando a taxa saltou para 37,9 mortes a cada 100 mil habitantes. A variação um ano e outro foi de 18,5%. O Ipea entende que o movimento de redução de homicídios em 2018 possui relação com a recomposição da tendência anterior de diminuição da letalidade no estado.
No estudo, o número é atribuído às mortes em 2016, quando ocorreram 1.270 homicídios. Em 2017, o número aumentou consideravelmente para 1.521. Em queda, no ano seguinte o estado registrou um total de 1.165 assassinatos.
“Gostaríamos que não tivéssemos nenhuma vida sendo perdida pela violência em nosso Estado. No ano ado tivemos o menor número de homicídios desde 1992 e queremos, a cada ano, seguir diminuindo. No Espírito Santo, homicida não fica impune. Mostramos a esses criminosos que, ao tirar uma vida, não ficará impune. O Programa Estado Presente é nosso principal programa de segurança pública, aliando operações policiais com inclusão social em comunidades mais vulneráveis. A segurança pública é um tema sensível e que gosto de acompanhar de perto, por isso lidero todos os meses reuniões de acompanhamento do programa”, afirmou o governador Renato Casagrande.
Jovens
Apesar de em 2018 ter havido melhora nos índices de assassinato de jovens, a última década ainda representa um período de aumento na taxa. De 2008 a 2018, a taxa no país aumentou 13,3%, ando de 53,3 homicídios a cada 100 mil jovens para 60,4. Entre 2017 e 2018, contudo, três estados tiveram queda considerável: Pernambuco (-28,3%), Espírito Santo (-27%) e Minas Gerais (-26,2%).
Em 2016, foram 707 homicídios na faixa etária de 15 a 29 anos de idade no Espírito Santo. Em 2017, o número subiu para 848. Já em 2018, voltou a cair e registrou 618 assassinados de jovens.
Mulheres
Somente em 2018, 4.519 mulheres foram assassinadas em todo o país. Nesse quantitativo, estão incluídas as ocorrências de feminicídio, embora não estejam especificadas. O índice nacional foi de 4,3 homicídios para cada 100 mil habitantes do sexo feminino, o que indica que uma mulher foi assassinada no Brasil a cada duas horas. Em comparação ao ano anterior, o que se viu foi uma redução de 9,3% entre 2017 e 2018 na taxa geral, acompanhada por queda em 19 das 27 unidades federativas.
No Espírito Santo, o número de homicídios femininos apresentou redução de 33,8% entre 2017 e 2018. Analisando-se o período entre 2008 e 2018, essa diferença fica ainda mais evidente: enquanto a taxa de homicídios de mulheres caiu 47,4%. Em 2017, o estado registrou 151 assassinatos de mulheres. Já em 2018, o número caiu para 100.
A coordenadora da Gerência de Proteção à Mulher da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), delegada Michelle Meira, destacou que, além da queda nas mortes de mulheres em geral, o Espírito Santo ainda se destaca pelo combate efetivo e diário aos casos de feminicídios, que vêm apresentando uma redução sistemática ano a ano.
“Credito essa diminuição principalmente ao reconhecimento, pelo Estado, que a violência contra a mulher é um problema a ser enfrentado. No âmbito da Sesp e das polícias foram criados projetos importantes, como a ‘Patrulha Maria da Penha’, que fiscaliza o cumprimento das medidas protetivas, e o ‘Homem que é Homem’. Ainda temos a Casa Abrigo para proteção das vítimas que correm risco grave à vida. Também foi criada a Divisão Especializada da Mulher e fomos pioneiros com a Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher, com cerca de 80% de resolutividade dos inquéritos. Sabemos que existe um desafio ainda grande a ser enfrentado e continuaremos trabalhando”, pontuou Michelle Meira.
Violência contra pessoas negras
Os assassinatos contra pessoas negras no Brasil cresceram ao longo da última década, período em que os homicídios contra não negros registraram queda. A taxa de mortes de negros cresceu 11,5%, chegando a 37,8 por 100 mil habitantes, e a de não negros caiu 12,9%, com uma taxa de 13,9.
Em 2008, 32,7 mil negros foram assassinados no Brasil. O número cresceu continuamente até 2017 e apresentou queda em 2018, ano mais recente avaliado. Apesar da redução recente, o número de vítimas de 2018 (43,8 mil mortes de negros) é 34% maior na comparação com o dado de 2008.
Considerando-se o percentual de crescimento da taxa de homicídios de negros entre 2008 e 2018, novamente o Rio Grande do Norte perde a primeira posição, que ocupava em 2017, mas, desta vez, para o Acre, que registrou um aumento de 300,5% nesse período, seguido de Roraima (264,1%), Ceará (187, 5%) e Rio Grande do Norte (175,2%).
Em contrapartida, estados da região Sul e Sudeste registraram as menores taxas de homicídios de negros em 2018 – São Paulo (9,8), Santa Catarina (12,6), Paraná (17,7), Minas Gerais (19,9) –, juntamente com o estado do Piauí (20,3). As maiores reduções de taxas do decênio estiveram majoritariamente concentradas nas seguintes unidades federativas: Distrito Federal (-54,7%), São Paulo (-47,3%), Espírito Santo (-39,2%), Paraná (-30,8%), Alagoas (-27,0%) e Pernambuco (-20,9%).
Em 2008, foram registrados 1.252 assassinatos contra pessoas negras no Espírito Santo. O número permaneceu estável ao longo dos anos seguintes e sofreu queda em 2018, quando aconteceram 964 homicídios. A redução no período foi de 22,6%.
