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Dia a dia

Equipes do Ibope são detidas em Cachoeiro e São Mateus durante pesquisa da covid-19

O estudo é financiado pelo Ministério da Saúde e ocorre em 133 municípios brasileiros. Objetivo é dimensionar o número real de casos do novo coronavírus no país e auxiliar o governo no enfrentamento à pandemia

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Equipes do Ibope treinadas e contratadas pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas) que realizam a primeira pesquisa nacional sobre a pandemia do novo coronavírus foram detidas pela Polícia Militar em Cachoeiro de Itapemirim, São Mateus e em outros nove municípios brasileiros. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, as equipes estão sendo impedidas de trabalhar pelos governos municipais.

O estudo, chamado EPICOVID19-BR, tem como objetivo estimar a dimensão real do novo coronavírus no Brasil, para auxiliar o governo federal no planejamento de combate à doença no país. No total, 99.750 pessoas de 133 cidades de todos os Estados da União serão testados. A pesquisa é coordenada pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel, aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e financiada pelo Ministério da Saúde.

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À Folha de S.Paulo, um dos coordenadores do estudo afirmou que os pesquisadores estão sendo barrados pelas prefeituras por não haver autorização de trabalho. Em outros casos, são atacados nas ruas por estarem descumprindo a quarentena e também por boatos que os apontam como golpistas e ameaça à saúde.

De acordo com uma publicação oficial no site do Ministério da Saúde, quatro municípios capixabas participam do estudo: Vitória, São Mateus, Colatina e Cachoeiro do Itapemirim.

Em nota, a UFPel considerou a situação “constrangedora”. Confira abaixo alguns trechos do posicionamento oficial da Universidade. Clique aqui para ler a nota completa.

Constrangimento

“Infelizmente, desde o início do trabalho de campo no dia 14 de maio (quinta-feira), as equipes da pesquisa vêm ando por diversas situações constrangedores, amplamente noticiadas na mídia. Em quase 40 cidades, os pesquisadores estão de braços cruzados, esperando autorização dos gestores municipais, num processo burocrático que pode causar prejuízo aos cofres públicos, visto que a pesquisa é integralmente financiada com recursos públicos”.

Truculência

“Nas situações mais graves, os entrevistadores do IBOPE foram detidos, com uso de força policial, tendo sido tratados como criminosos. Trata-se de cerca de 2.000 brasileiros e brasileiras, que estão trabalhando para sustentar suas famílias, numa pesquisa que pode salvar milhares de vidas, e que mereciam proteção das forças de segurança e uma salva de aplausos por parte de toda a população. Ao contrário, as forças de segurança, que deveriam proteger os entrevistadores, foram responsáveis por cenas lamentáveis e ações truculentas, algumas delas felizmente registradas”.

A pesquisa segue até dia 19 de maio

“Pedimos que essa nota seja amplamente divulgada, pela mídia, e por toda a população brasileira, especialmente nos municípios cujos gestores municipais não estão permitindo a realização da pesquisa. Apesar de tudo, nossas equipes estarão em campo até a terça-feira, dia 19 de maio de 2020, para garantir que o maior estudo populacional sobre coronavírus do Brasil continue ajudando a salvar a vida de milhares de brasileiros”.

Confira na íntegra a resposta do governo do Estado

Polícia Militar

“No final da tarde da última quinta-feira (14), policiais militares foram acionados, pois segundo informações da Secretaria de Saúde do município de São Mateus dois indivíduos estariam se identificando como funcionários da saúde, visitando residências e colhendo sangue para fazer o teste da covid-19 no bairro Cohab. No local os militares encontraram dois indivíduos com vários materiais e lixo biológico. Eles relataram aos policiais que estavam fazendo uma pesquisa vinculada a uma empresa particular a cerca do corona vírus, em que eles estavam colhendo sangue, realizando teste da covid-19 e informando o resultado. Foi mantido contato com o secretário de Saúde do município e o coordenador da Vigilância Sanitária que informaram não ter conhecimento de nenhuma pesquisa ou teste em São Mateus. As autoridades ainda disseram que para realizar os testes, o encarregado deve ser formado na área de saúde com diploma ou formação médica. Posteriormente compareceu ao local uma mulher se identificando como supervisora de campo informando que estava coordenando uma equipe de 17 pessoas em diversos bairros do município de São Mateus realizando testes da covid-19 e nenhum deles tinha formação na área de Saúde, apenas um treinamento prático. Devido ao fato, os dois homens e a mulher foram levados para a Delegacia Regional do município”.

Polícia Civil

“Em São Mateus, três pessoas foram conduzidas à Delegacia Regional de São Mateus, na ultima quinta-feira (14), onde declararam que estavam na cidade a serviço de uma empresa de pesquisas. Os três am um Termo Circunstanciado com base no artigo 41 da Lei das Contravenções Penais: Provocar alarma, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto. Os três foram liberados para responder em liberdade, após assumir o compromisso de comparecer em juízo.

Sobre Cachoeiro de Itapemirim, infelizmente, não teremos como apurar as informações solicitadas hoje, pois, durante finais de semana, feriados e ponto facultativos a assessoria só tem o as ocorrências e autuações do plantão vigente das Delegacias. Os cartórios onde consultamos ocorrências de plantões finalizados, funcionam de segunda a sexta-feira, em dias úteis”.

Secretaria de Estado da Saúde

“A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) esclarece que recebeu ofício do Ministério da Saúde (MS) sobre a pesquisa “Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 no Brasil: Estudo de Base Populacional” na sexta-feira (15), depois do trabalho iniciado. Apesar do atraso da comunicação do MS com os municípios, a Sesa acionou equipes da Vigilância em Saúde Estadual para fortalecer a interlocução com os municípios pesquisados, destacando a importância da realização da referida pesquisa para o manejo da pandemia no Brasil.

A Sesa esclarece, ainda, que a pesquisa realizada pelo MS não possui relação com o “Inquérito Sorológico Covid-19 no ES”, lançado pelo Governo Estadual no último dia 13 e realizado em parceria com os 19 municípios selecionados, cuja próxima fase será de 27 a 29 de maio”.