Dia a dia
Entidades ligadas à educação questionam a eficácia do ensino não presencial no ES
Programa adotado pelo governo tem sido duramente criticado por professores e pais de estudantes; eles apontam erros no método e dificuldade para alunos acompanharem as aulas

Sala de aula vazia: ocupação em 28 escolas estaduais é menor que 10%. Foto: Pixabay
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A solução adotada pelo governo para manter em atividade os 240 mil alunos da rede estadual de ensino tem sido duramente criticada pelas entidades ligadas à educação. Com escolas fechadas e aulas suspensas, o governo lançou o programa EscoLAR, baseado no ensino à distância. Mas a eficácia do alcance das transmissões por meio da TV aberta e a incerteza sobre a absorção do conteúdo por parte dos estudantes gerou muitos questionamentos. E chegou até aos tribunais. A Assopaes (Associação de Pais de Alunos do Espírito Santo) solicitou na justiça a suspensão do ensino não presencial no estado. A entidade alega que o Decreto nº 4606/2020, do Governo Estadual, e a Resolução nº 5447/2020, da Sedu, comprometem o o à educação dos alunos.
“A metodologia adotada atribui a responsabilidade para os pais serem mediadores pedagógicos, e essa não é uma tarefa deles. Essa responsabilidade é da escola e dos professores. Isolamento social não é férias, os pais estão trabalhando no ambiente doméstico ou fora de casa, muitos não tem tempo e nem habilidade para ajudar os seus filhos nas atividades”, explicou o secretário geral da Assopaes, Aguiberto Oliveira de Lima.
A Associação de Pais e Alunos ressalta ainda que nem todos os alunos têm o a recursos de comunicação que lhes permita participação nas aulas não presenciais, causando prejuízo à aprendizagem e qualidade do ensino. Segundo as normas do programa, as aulas serão consideradas ministradas independentemente de o aluno ter ou , o às ferramentas de comunicação.
A Sedu alega que o EscoLAR é um programa de atividades não presenciais, em que as principais estratégias são a transmissão das aulas pela TV e pela plataforma Google Sala de Aula, que pode ser ado pelo aplicativo EscoLAR. As escolas que identificarem alunos que não possuem nenhuma das duas alternativas farão, através de sua própria equipe, a estruturação de uma série de outras ações, para que não haja exclusão de nenhum aluno dos conteúdos. Os primeiros conteúdos vieram sem interprete de Libras. A expectativa é que as próximas aulas sejam transmitidas com interprete.
Conteúdo do Amazonas
Outra crítica das entidades de ensino é a origem das aulas: elas foram elaboradas pelo governo do Amazonas. “O material é desconectado com a realidade local. Alguns conteúdos, inclusive, não tem ligação com a proposta pedagógica do nosso estado. Tem abordagem de conteúdo descolada da nossa. Ações metodológicas que são muito diferentes das adotadas no sistema estadual de ensino. E não há eficácia, por não ter um feed back da quantidade de alunos acompanhando, a produção deles. Como esse aprendizado será avaliado para sabermos como será a sequência? Afinal, todo ensino tem uma sequência. E pela TV aberta não temos esse recurso”, critica Aguiberto Oliveira.
Para tentar aproximar o conteúdo da realidade local, o estado abriu um processo seletivo para que professores gravem videoaulas. De acordo com a Sedu, o IdeAção é um incentivo à divulgação de metodologias inovadoras e projetos pedagógicos, bem como a produção de objetos digitais educacionais por profissionais da rede estadual. O objetivo é dar visibilidade ao trabalho docente qualificado, exitoso, inovador, como forma de reconhecimento e valorização profissional.
Faltou diálogo
O Sindiupes (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo) reconhece que o momento é de muita apreensão e incertezas. E vê um desafio no ensino à distância. Mas aponta a falta de diálogo nas tomadas de decisão por parte do governo do Espírito Santo como um ponto falho. “Inclusive, nós entramos com uma ação no MPES (Ministério Público do Espírito Santo) e a Assopaes entrou na Justiça. Essa decisão foi unilateral do governo. No Conselho Estadual de Educação foi aprovado, mas os movimentos social que tocam o cotidiano da educação não aprovaram essa medida”, esclarece o diretor do sindicato Gean Carlos Nunes.
