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Dia a dia

Entenda como funciona o caminho das bagagens despachadas

Duas brasileiras foram presas na Alemanha após terem as etiquetas de suas malas trocadas por funcionários terceirizados que cuidavam das bagagens

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Queda na movimentação aérea de cargas foi de 29,6% no ano ado. Foto: Tânia Regô/Agência Brasil

O caso das brasileiras presas na Alemanha após terem suas malas trocadas no aeroporto levantou uma maior reflexão sobre a segurança das bagagens. Nesta terça-feira (11), as mulheres foram soltas pelo Ministério Público alemão, depois de mais de um mês aprisionadas.

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As goianas Jeanne Paolline e Kátyna Baía tinham o sonho de viajar por 20 dias pela Europa, no entanto acabaram presas por tráfico internacional de drogas horas antes do desembarque em Berlim. As bagagens com as etiquetas delas estavam cheias de cocaína. O caso é fora do comum na rotina de um aeroporto, que conta até mesmo com a atuação de uma quadrilha.

As etiquetas das bagagens foram trocadas nos bastidores do caminho percorrido pelas malas despachadas. Esse trajeto se inicia em um labirinto de portas, os e crachás para ar a parte técnica do aeroporto.

O protocolo para ar a área restrita a por uma inspeção de documentos enviados previamente e uma triagem. Essa a por um raio-x e detector de metal. Esse procedimento é feito diariamente por todos os funcionários.

As esteiras das malas

Se você imagina uma sala cheia de trabalhadores, esqueça. Depois da sala de controle, o que se encontra são diversas esteiras. As malas encaminhadas para metros de esteiras, rampas e esquinas. As bagagens que am por lá desaparecem na escuridão. Há um som intermitente de maquinário, com malas indo e vindo e sem parar, organizado por códigos de barra e feixes de laser que fazem suas leituras milhares de vezes por minuto.

Dentro desse espaço, o código de barras fixado na mala na hora da entrega no balcão de check-in, é essencial, pois é ele quem identifica o proprietário da mala, a companhia aérea, número do voo, a esteira deixada, destino, onde ela está e outras informações. Esses números fazem o sistema mais complexo funcionar.

Antes de chegar ao avião, há uma última parada. As malas são levadas pela esteira até um mecanismo chamado de “sorter”. As bagagens ficam em uma plataforma conectada a rampas em um andar inferior. E com base nas informações do sistema, as bandejas despejam as malas em sua respectiva rampa.

Somente nessa etapa há a presença humana. Ao serem direcionadas até as operadoras, os funcionários organizam as malas nos carrinhos para serem conduzidos até as aeronaves.

O esquema da troca de etiquetas

Como pode ser percebido, a segurança com as bagagens é rigorosa. São várias áreas de checagem de raio-x e protocolos para as manter seguras. No entanto, funcionários terceirizados trocam aleatoriamente etiquetas das malas e colocam em outras recheadas de cocaína com destino à Europa. O esquema acontece a serviço do narcotráfico.

As quadrilhas agem no aeroporto internacional de Guarulhos. A Polícia Federal prendeu sete pessoas envolvidas na troca das etiquetas das malas das brasileiras Jeanne e Kátyna. Em escalas internacionais, o ageiro despacha a mala no aeroporto de origem e só pega de volta no destino final, ou seja, as mulheres nem viram a troca das bagagens e das etiquetas.

O modus operandi utilizado pelas quadrilhas é de conhecimento da PF. Em um diferente caso, as investigações policiais civis e federais, descobriram que os funcionários terceirizados agem no setor de recheck-in, local para onde vão os ageiros de voos internacionais com conexão nacional.

Segundo a polícia, nesse setor somente os ageiros são fiscalizados pela Receita Federal. “As bagagens da conexão não são fiscalizadas, razão pela qual o grupo criminoso realiza o procedimento ilícito”, afirma trecho de um relatório de investigação.

De acordo com as investigações, uma pessoa era responsável por colocar etiquetas “rush” nas malas contendo drogas. As bagagens depois eram introduzidas em aeronaves com destino a Portugal, França e Holanda, na Europa, e até para Joanesburgo, na África do Sul.