fbpx

Dia a dia

Doações para voluntários caem um ano após início da pandemia

Muitos grupos continuam o trabalho, mas sem o volume de doações recebidos nos primeiros meses da pandemia no ano ado

Publicado

em

Quando a pandemia chegou ao estado, há um ano, e o governo determinou a interrupção de várias atividades econômicas para garantir o isolamento social e o preparo da rede de saúde, muitas famílias aram por dificuldades, com a queda na renda.

E já nas primeiras semanas de isolamento, o voluntariado ganhou destaque: muitos grupos se organizaram para levar para os mais necessitados comida, itens de higiene e também equipamentos de proteção como máscara e álcool em gel.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

Hoje, muitos voluntários continuam o trabalho de assistência, mas enfrentando agora outro desafio: a redução do volume de doações, principalmente depois do Natal e Ano Novo.

Entrega de cartões para compra de alimentos pelo projeto UniãoES. Foto: Divulgação

Doações do UniãoES

O grupo UniãoES contou com a doação de grandes empresas ao longo de 2020 para distribuição de cestas básicas e proteínas  aos mais necessitados. Até dezembro, foram arrecadados R$ 415 mil para montagem de quase 7 mil cestas básicas, que atenderam 6,6 mil famílias de toda a região metropolitana do Espírito Santo e cidades como Água Doce do Norte, Ibitirama, Laranja da Terra, Marataízes e Muqui.

> Grupo do ES quer arrecadar R$ 1 milhão para fazer doação de alimentos

Mas em 2021, o volume recebido para compra de alimentos parou. Surgiram outros dipos de doação, como a de uma grande quantidade de tecidos, cedidos por uma empresa. Eles foram usados na confecção de 57 mil máscaras para serem distribuídas para grupos vulneráveis na Grande Vitória. O grupo também recebeu um tipo de cartão com crédito de R$ 100 e distribuiu para 34 famílias por três meses.

“Depois de um ano de pandemia realmente até o voluntariado acaba perdendo a energia. Algumas pessoas têm gás inicial e depois vão parando. As grandes empresas acreditam que já fizeram sua cota de apoio e poucas estão dispostas a fazer mais. Mas o trabalho tem continuado”, afirma Felipe Ramaldes, articulador do UniãoES.

Soldados da solidariedade

Quem também viu o número de doações diminuir, mas não desistiu do trabalho, é Marcelo de Jesus Pereira, responsável pelo projeto Soldados da Solidariedade. A ação começou no dia 15 de março do ano ado com o objetivo de arrecadar alimentos para os mais necessitados durante a pandemia, mas o projeto foi além, arrecadando também muletas, camas hospitalares e móveis para a casa das pessoas. Todo sábado o grupo fazia um bazar para arrecadar alimentos e dinheiro para transformar em cestas básicas, mas o movimento foi caindo ao longo dos meses.

Carro que ajuda nas doações do projeto Soldados da Solidariedade. Foto: Divulgação

Segundo Marcelo, foram mais de 3,7 mil famílias carentes ajudadas durante a pandemia, com cestas básicas, kits de higiene e kits de verdura na Grande Vitória e no interior. O grupo chegou a ganhar um carro para auxiliar na distribuição das cestas e também para pegar doações.

“Diminuiu o número de doações, mas a doença continua e isso se tornou uma missão na minha vida”, afirma Marcelo, que conta com a ajuda da rede de amigos para efetuar as doações. Ele conta que ao todo, são mais de 150 “soldados da solidariedade”, alguns de outros países.

Risco de fechamento

A redução nas doações também tem impactado o trabalho do Almoço Solidário, um espaço idealizado por Paulo Roberto Moreira que oferece marmitas para moradores de ruas e pessoas em vulnerabilidade em Boa Vista, Vila Velha.  Atualmente, eles atendem a 750 pessoas por dia, mas esse número já chegou a 1.800 há alguns meses.

“Comecei em 23 de março do ano ado. Vi uma família comendo lixo numa rua aqui perto e isso mexeu comigo. A partir daí uso o espaço onde era meu restaurante para fazer as refeições e distribuir. Custeei tudo com doação, mas a ajuda diminuiu bastante, principalmente depois da época do Natal. Vendi carro e moto para continuar fazendo o trabalho”, conta Paulo Roberto.