Dia a dia
CRM-ES defende uso de cloroquina em caso de sintomas iniciais de covid-19
Para o presidente do CRM, Celso Murad, é necessária uma intervenção maior até o 5º dia de sintomas da doença, com o uso de remédios como cloroquina

Celso Murad é presidente do CRM. Foto: Reprodução de vídeo
O CRM-ES (Conselho Regional de Medicina) defendeu nesta sexta-feira (10) que a orientação para procurar atendimento médico em caso de suspeita de covid-19 somente com aparecimento de falta de ar ou sintoma de gravidade deve ser revista. A entidade recomendou que os gestores públicos assegurem que a população tenha o à avaliação médica no início do quadro, “com a devida análise individual e dos fatores de risco para recomendar qualquer medicação que julgar necessário, quando ainda estiverem apresentando os sintomas iniciais da doença, como febre baixa ou ausente, dor de cabeça, tosse seca, diarreia, dor de garganta, coriza, mal-estar, cansaço e fadiga, entre outros”.
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Para o presidente do CRM-ES, Celso Murad, é necessária uma intervenção maior nos primeiros sintomas da doença, conhecida também como fase 1, até o 5º dia de sintomas. Segundo ele, alguns protocolos desenvolvidos por médicos na linha de frente com uso de medicamentos vêm apresentando relatos de evolução favorável com redução dos sintomas e consequentemente das internações e óbitos. “Alguns dos medicamentos já têm alguma informação científica, já existem trabalhos que comprovam que eles atuam diminuindo o replique do vírus”, afirmou Murad.
Além disso, Murad destacou que o Pará estabeleceu protocolos para tratamento inicial, na fase 1, e reduziu vertiginosamente o número de mortes. O CRM fez uma comparação de dados e vai apresentar na próxima semana ao secretário de Saúde do Espírito Santo, Nesio Fernandes.
“Muitos destes fármacos são conhecidos há muito tempo na prática médica, sendo usados há décadas com conhecida segurança e baixa incidência de efeitos colaterais graves. Os relatos de sucesso são congruentes no sentido de que a efetividade dos medicamentos com propriedades antivirais, se presente, ocorre nas fases iniciais da doença”, diz o CRM.
Entre esses medicamentos está a hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e outros. Mesmo sem terem eficácia comprovada, muitas prefeituras do Espírito Santo estão adotando um protocolo de uso desses medicamentos, deixando a cargo dos médicos decidirem se utilizam ou não o kit. Um conjunto de cinco sociedades médicas chegou a publicar um documento reprovando essa conduta, pela falta de comprovação científica. Vitória é uma das prefeitura que está receitando cloroquina para os pacientes em consultas por telefone.
Comprovação científica
A respeito da falta de comprovação científica da eficácia desses medicamentos, o CRM citou parecer do CFM (Conselho Federal de Medicina) sobre o assunto, no qual reconhece que diante da excepcionalidade da situação não cometerá infração ética o médico que utilizar de medicações ainda não fundamentadas por “amplos” estudos para o tratamento de pacientes portadores da covid-19. Além disso, consideram que a Declaração de Helsinki, documento editado pela Associação Médica Mundial, norteia os princípios éticos da pesquisa em seres humanos.
Segundo o CRM, um de seus artigos estabelece que “no tratamento de um paciente, quando intervenções comprovadas não existirem ou forem ineficientes, o médico, após buscar ajuda especializada e com consentimento informado do paciente ou seu representante legal, pode recorrer a intervenções não comprovadas que em seu julgamento ofereçam esperança de salvar a vida, reestabelecer a saúde ou aliviar o sofrimento. Quando possível, tais intervenções devem ser objeto de pesquisa, desenhada para avaliar segurança e eficácia. Em todos os casos, tais informações devem ser registradas e, quando apropriada, publicadas”.
