fbpx

Dia a dia

As três versões sobre a morte do adolescente na porta do Himaba

Kevinn Belo Tomé da Silva morreu após 4h de espera por atendimento

Publicado

em

Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves, em Vila Velha. Foto: Divulgação/Sesa

Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves, em Vila Velha. Foto: Divulgação/Sesa

Uma morte e três versões sobre o que de fato ocorreu na madrugada de sábado (30) que resultou na morte do adolescente de 16 anos na porta do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, após ser transferido de Cachoeiro de Itapemirim.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

Kevinn Belo Tomé da Silva morreu após quatro horas de espera por atendimento. Ele sofreu três paradas cardíacas durante o período em que esteve na ambulância, entre 0h e 4h30 da manhã.

As duas médicas da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) deram a sua versão do caso por meio do advogado que as representa, Jovacy Peter Filho. Segundo ele, ao contrário do que afirmou o secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, nesta segunda-feira (2), a vaga reservada para Kevinn era de enfermaria e não de UTI.

O advogado explicou ainda que o adolescente chegou a ser levado para dentro do hospital pela equipe da ambulância, mas a avaliação era de que ele precisava de uma vaga na UTI e de um respirador, o que não estava disponível no momento. Por isso, ele foi levado de volta à ambulância, quando a equipe de paramédicos continuou com o atendimento e a respiração mecânica. Também não se sabe se a condição dele piorou a ponto de precisar do respirador no caminho ou ainda em Cachoeiro, diz o advogado.

Já o Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) se manifestou nesta terça-feira sobre o assunto. Em nota oficial, a diretoria do conselho manifestou sua desaprovação às acusações feitas às médicas, antes do devido processo legal e lamentou a morte do adolescente.

O CRM-ES abriu sindicância no dia 2 de maio para apurar os fatos. O procedimento correrá com absoluta imparcialidade, lisura e respeitando a presunção de inocência de todos os envolvidos, e garantido o direito à ampla defesa.

Confira as três versões sobre o atendimento ao adolescente

O que dizem as médicas

– A reserva de vaga para Kevinn não era de UTI, tipo de unidade que o adolescente precisava naquele momento.
– Kevinn seria destinado para leito de enfermaria. Não se sabe o momento em que o quadro teria se agravado, se foi na saída ou durante o percurso.
– O médico da remoção levou o menino até o corredor do hospital, onde as médicas chegaram a encontrá-lo. Ao não conseguirem tratamento adequado, que era conectar a um respirador, ele volta para a ambulância. Elas justificam que só poderiam receber o paciente se a estrutura asse.
– As profissionais tentaram vagas de UTI em outros hospitais durante a madrugada para atendimento do adolescente, mas não havia leito disponível.
– Enquanto o jovem esperava dentro da ambulância, as médicas atendiam outros oito casos graves.
– As duas não eram plantonistas de enfermaria, para onde Kevinn seria encaminhado, e sim do setor de emergência

O que afirma o secretário de Saúde e o governador Casagrande

– Para o secretário, houve uma negação expressa de fazer o devido acolhimento do paciente no pronto-socorro.
– A regulação de vagas definiu que o paciente deveria ser encaminhado para o Himaba, visto que não poderia mais continuar numa UPA.
– A direção assistencial do hospital afirma que o hospital teria UTI reservada para atender o adolescente.
– Casagrande também se manifestou afirmando que havia estrutura montada para receber o paciente com leito hospitalar reservado, regulado.

O que diz a direção do Himaba

– A internação do paciente Kevinn no pronto-socorro da unidade estava autorizada pela Central de Regulação por aceite devidamente documentado pelo Núcleo Interno de Regulação da Unidade Hospitalar. O pronto-socorro do Himaba está composto por três médicos plantonistas na porta e mais três profissionais na rotina para avaliação dos pacientes em observação.
– Sobre a mudança do quadro do paciente durante a remoção esclarece que a conduta de issão do hospital de referência para urgência e emergência se mantém, ou seja, o protocolo é garantir a assistência e estabilização do paciente com encaminhamento para emergência do hospital e reavaliação do quadro clínico para encaminhamento ao recurso necessário ao paciente. Durante avaliação na emergência é definido o recurso a ser solicitado podendo ser atendido em UTI ou enfermaria na própria unidade hospitalar ou solicitada vaga em outro hospital.
– O serviço de emergência, que se localiza dentro do próprio Pronto Socorro da unidade, conta com 10 leitos atendidos por dois profissionais médicos especialistas e que possuem todos os recursos de materiais, medicamentos, pontas de oxigênio e equipamentos para atendimento adequado a pacientes críticos. No momento da chegada de Kevinn, a emergência possuía somente cinco pacientes críticos e os demais pacientes estáveis com condições de transferência para outros setores do hospital.
– A direção reitera que na ocasião o hospital tinha recurso assistencial disponível para o atendimento do adolescente e por isso o Boletim de Ocorrência foi registrado para abertura dos procedimentos de investigação diante dos fatos apresentados.