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Coluna André Andrès

Vinho branco de inverno? Existe e é muito bom…

A nova aposta da Ervideira, grande vinícola do Alentejo, é um vinho branco produzido para ser tomado durante dias mais frios do ano

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Alguns pratos e algumas bebidas estão totalmente ligados ao clima, à temperatura de determinada época do ano. Assim é com a feijoada, um prato típico de inverno. Por seu frescor, as saladas são mais relacionadas ao verão, e assim por diante. Não é diferente com os vinhos: pela regra geral, tintos são para o inverno e brancos para o verão. Aliás, o Brasil deveria ser um terreno fértil para os brancos, mas isso ainda não acontece. Mesmo no calor, muitos brasileiros preferem os tintos. Uma pena. No sentido inverso, há quem não veja possibilidade de abrir um branco durante os meses mais frios do ano, principalmente porque eles não teriam corpo para acompanhar pratos mais estruturados. É um erro. Pedro Landim, da revista Adega, dá um exemplo: a Chardonnay com agem em barrica ganha estrutura para escoltar massas com molho carbonara ou pratos orientais. Outras castas, como Viognier e Riesling, também ttêm bom desempenho em tarefas parecidas.

Diante dessas possibilidades, a vinícola Ervideira resolveu inovar novamente. Incrustada no Alentejo e a poucos quilômetros de Évora, a Ervideira tem se notabilizado por apostar em métodos pouco usuais na produção de seus vinhos. Assim foi com o Invisível, vinho branco feito com uvas tintas, ou com o Vinho da Água, amadurecido no fundo de um lago. Agora chegou a vez de o enólogo Nelson Rolo estampar no rótulo a ideia básica do seu projeto. “Quando sonhamos em criar um vinho, queremos que o nome reflita toda a essência desse vinho”, disse ele.

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Custo: R$ 249,00

A essência do Conde d’Ervideira Escolha do Enólo Branco de Inverno tem como base a combinação de duas uvas e a agem por barricas de carvalho húngaro. Quem explica é Duarte Leal da Costa, o “comandante” dos trabalhos da vinícola, em conversa com a coluna. “A Antão Vaz é fermentada nas barricas de carvalho húngaro usadas para fazer o Private Selection. (Antes de prosseguir, é necessário uma explicação: Private Selection é o principal vinho branco da Ervideira; trata-se de um vinho excelente, capaz de vencer rótulos bem mais famosos e muito mais caros em degustações às cegas. Agora, voltemos às palavras de Duarte…). As barricas, no primeiro ano, fermentam o Private Selection e, no segundo ano, fermentam a Antão Vaz. É a antiga nomenclatura de ‘garrafeira’, ou seja, o vinho fica um ano em barrica e um ano em estágio na garrafa. Ao final de um ano na garrafa, juntamos 10% de Viosinho. A Viosinho é do Douro, mas no Alentejo tem dado resultados de muita frescura e mineralidade”. Essa proporção de 90% de Antão Vaz com um ano de barrica e 10% de Viosinho resulta numa combinação de muita estrutura, garantida pela primeira casta, com o frescor da segunda. Temos força e vibração num branco “corpulento”, pronto para encarar pratos mais condimentados, um típico “branco de inverno”, normalmente servido numa temperatura menos fria que aquela praticada no verão. Detalhe importante: o  branco da Ervideira tem graduação alcoólica de 13%, ou seja, não é “pesado” em termos de álcool.

O vinho vem colecionando prêmios em Portugal. É merecido. Ele foi recentemente provado numa degustação promovida pela Wine Vix, na Praia do Canto, em Vitória, juntamente com outros rótulos da vinícola de Duarte Leal da Costa. Provou seu vigor e riqueza nos aromas e nos sabores. Só terá, agora, de superar a barreira do preconceito, erguida por quem enxerga nos brancos apenas uma opção para os dias quentes, para ocupar um lugar de destaque em nossas mesas, nos nossos meses mais frios. Convenhamos, o preconceito em algumas áreas, é algo absolutamente desprezível. No caso dos vinhos, não chega ser grave, mas é totalmente dispensável, porque nos priva de alguns prazeres deliciosos, como, por exemplo, abrir e provar uma taça de um grande branco num dia de inverno…

André Andrès

Há mais de 10 anos escrevo sobre vinhos. Não sou crítico. Sou um repórter. Além do conteúdo da garrafa, me interessa sua história e as histórias existentes em torno dela. Tento trazer para quem me dá o prazer da sua leitura o prazer encontrado nas taças de brancos, tintos e rosés. E acredite: esse prazer é tão inesgotável quanto o tema tratado neste espaço.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.