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Coluna Vitor Vogas

Renzo Vasconcelos vai para o governo Casagrande. Está na briga pela Agricultura

Mesmo derrotado na eleição para federal, deputado estadual foi bem votado, provou potencial eleitoral, está com o e livre no mercado e nos planos do próximo governo. Pode assumir a Seag ou outras pastas. Entenda como o governo lucra

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Renzo Vasconcelos é deputado estadual. Foto: Assembleia Legislativa

Sem mandato a partir do ano que vem, o deputado estadual Renzo Vasconcelos (PSC) estará no próximo governo Casagrande. Isso é fato. A posição ainda não está definida, mas Renzo tem grandes chances de se tornar secretário de Estado. Ele é cotado para assumir a Secretaria de Esportes (Sesport), a de Desenvolvimento Urbano (Sedurb) ou, com maiores chances, a de Agricultura (Seag).

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A preferência de Renzo é pela Seag, também disputada pelo deputado federal eleito Gilson Daniel (Podemos) e pelo PT, com Julinho da Fetaes. O deputado de Colatina realmente está na briga. Há até quem diga que a secretaria já estaria à espera dele, com “porteira fechada” (autonomia para ele indicar quem quiser para os escalões menores).

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Renzo já conversou sobre sua presença no governo com o vice-governador eleito, Ricardo Ferraço (PSDB). Na manhã desta quarta-feira (23), teve uma longa reunião com o secretário-chefe da Casa Civil, Davi Diniz, um dos principais articuladores políticos do governo. Fez-se acompanhar pelo seu braço direito, Nilo Locatelli.

Ex-presidente da Sanear, empresa que cuida da rede de água e esgoto em Colatina, Nilo irá com Renzo para o governo – possivelmente, como subsecretário da pasta a ser assumida pelo deputado. Foi ele o articulador da exitosa (embora malsinada) campanha de Renzo a deputado federal nas eleições deste ano.

“Exitosa” porque, com 82.276 votos, o deputado foi o 3º candidato mais mais votado para o cargo no Espírito Santo. “Malsinada” porque nem assim conseguiu uma vaga. Como a chapa do PSC não o ajudou, a boa votação foi-lhe insuficiente. E ele virou uma “campeão eleitoral moral”, sem mandato nem troféu.

A ótima performance nas urnas, no entanto, pode ajudar a explicar o interesse do governo Casagrande/Ferraço em atrair Renzo para os seus quadros. Se o mapa eleitoral do Espírito Santo fosse um tabuleiro de War, o clássico jogo infantil de guerra, o governador precisaria fortalecer seu exército político em Colatina, cidade de Renzo. Foi o que mostraram as urnas, de maneira inapelável.

De modo geral, Casagrande foi bem votado em municípios da região Noroeste. Mas, justamente na maior cidade da região, ele perdeu nos dois turnos para Carlos Manato (PL). Não chegou a perder de lavada. Até certo ponto, os danos foram contidos no 2º turno.

Em todo caso, foi uma derrota em um município importante, onde o bolsonarismo é muito forte, apesar do apoio recebido por Casagrande de três experientes líderes políticos locais: os deputados federais Paulo Foletto (PSB) e Josias da Vitória (PP), ambos reeleitos, e o prefeito Guerino Balestrassi (do PSC de Renzo), coordenador da campanha do governador na cidade.

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Isso também sinalizou para Casagrande a necessidade de renovar os seus aliados políticos por lá. Na Assembleia, Renzo pertence à base governista. E, a poucos dias do 2º turno (realizado em 30 de outubro), publicou uma enfática declaração de apoio à reeleição do governador.

Como deputado estadual, Renzo exerce um mandato discretíssimo, não se destaca em plenário e usa bem pouco a tribuna. Por outro lado, sua excelente votação é sinal inconteste de potencial eleitoral em pleitos futuros. Como Renzo estará na planície a partir do ano que vem, é claro que convém a Casagrande manter esse quadro promissor debaixo da sua asa – ou, como gosta de dizer o próprio governador, integrado ao “movimento liderado por ele no Espírito Santo”.

Além disso, pesa o fator econômico. Renzo é filho de Pergentino de Vasconcellos Júnior, dono da faculdade Unesc e do Hospital Maternidade São José, portanto é herdeiro de um mini-império econômico em Colatina. Trata-se de uma das famílias mais poderosas da cidade. E é evidente que convém a Casagrande cultivar uma boa relação não só com essa família, mas, por extensão, com o empresariado colatinense.

Até porque uma das muitas lições deixadas pela campanha ada a Casagrande e seu governo foi a necessidade de melhorar a interlocução com o empresariado capixaba (muito permeável ao bolsonarismo). Daí o importante papel jogado por Ricardo Ferraço, notadamente no 2º turno.

Ricardo, inclusive, afirmou já durante a campanha, no horário eleitoral gratuito e em reuniões públicas, que, no próximo governo, ajudaria a tocar as ações na Agricultura. A ponte de Ricardo com os empresários do interior pode ser mais um fator favorável à ida de Renzo para a Seag.

Por fim, Renzo e sua família também são produtores rurais.

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Com a palavra, Renzo Vasconcelos

Procurado pela coluna, Renzo afirmou que não gostaria de deixar a vida pública e confirmou interesse em fazer parte da equipe do governo Casagrande 3.

“Fico feliz em ser lembrado. Se alguém está lembrando, é porque devo estar mesmo sendo cogitado. Não gostaria de deixar a vida pública. Tenho as minhas atribuições istrativas na empresa familiar, mas amo a política, amo lidar com o público. Gostaria, de fato, de fazer parte do próximo governo. Tenho excelente relação e diálogo tanto com o Renato quanto com o Ricardo, mas, pragmaticamente, Renato não se sentou comigo para tratar disso. Ainda não tem convite. Se ele está mesmo se lembrando de mim, pode ser que faça isso nos próximos dias.”

O deputado disse ter sido procurado pessoalmente por Casagrande e por Ricardo logo no início do 2º turno. Sobre a demora em declarar apoio (o PSC, aliás, foi com Manato), ele alega ter ado algum tempo de “ressaca eleitoral”, precisando digerir sua “não eleição”, como prefere chamar, evitando o termo “derrota”. “Não vou dizer derrota porque fui vitorioso nas urnas. A regra do jogo é que não me levou.”

Ele nega que tenha havido algum acordo prévio, de apoio a Casagrande em troca de uma secretaria no futuro governo. E diz não ter preferência por nenhuma pasta e estar pronto para jogar onde for escalado:

“Minha vontade é a de fazer um trabalho no serviço público. Não tenho interesse específico em nenhuma pasta, mas de continuar na vida pública e ajudando o Estado. Sou produtor rural. Isso me dá um pouco mais de conhecimento, junto com o ensino superior. Tenho condições de trabalhar em educação. No ado, já ajudei efetivamente a istrar o Hospital Maternidade São José. A vida inteira exerci istração nas empresas da família. Então me sinto apto e preparado para exercer qualquer função pública, se for convidado.”

Renzo é formado em Direito, cursou istração por três anos (não completou) e tem pós-graduação em Pedagogia (todos os cursos pela Unesc).

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Movimento das peças

Se Renzo assumir mesmo a Seag, uma outra possibilidade é que Julinho da Fetaes se torne subsecretário de Agricultura – nesse caso, a tal “porteira” não seria tão “fechada” para o deputado. Para Gilson Daniel, restaria a Sedurb, e o PP, que hoje comanda a pasta, teria de ser remanejado. Já para o PT restariam a Sesport e/ou a Secretaria de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades).

Há outro fator, novíssimo, a ser adicionado à equação. O Podemos acaba de anunciar a incorporação do PSC. Ora, o PSC é o partido de Renzo – que, permanecendo na sigla, ará a pertencer ao Podemos.

O Podemos já tem Gilson Daniel na luta por Seag ou Sedurb, tem o Coronel Ramalho que pode voltar ao governo (se Gilson não retornar), tem a atual secretaria estadual de Planejamento, Emanuela Pedroso… Não vai caber tanta gente do mesmo partido, não.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: vitor.vogas@es360.com.br

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