Coluna Vitor Vogas
Os sete maiores desafios que esperam o próximo governador do ES
Listamos os problemas que Manato ou Casagrande terão que enfrentar e solucionar para melhorar a vida dos capixabas nos próximos quatro anos
Casagrande ou Manato? Neste domingo (30), os eleitores do Espírito Santo escolherão o candidato que governará o Estado de 1º de janeiro de 2023 a 31 de dezembro de 2026. Seja quem for o eleito, o próximo governador terá que dar conta de temas desafiadores, alguns deles bem antigos (com destaque para a segurança pública, a saúde e a mobilidade urbana), além de outros que voltam a nos assombrar, como o fantasma da pobreza e da fome.
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Abaixo, listamos e destacamos os sete principais desafios que esperam o governador eleito, para os quais os cidadãos capixabas demandarão respostas nos próximos quatro anos.
1. Segurança pública
Atualmente, entre as 27 unidades federativas, o Espírito Santo está no meio do ranking: é a 13ª mais violenta, em número de homicídios por grupo de 100 mil habitantes. Em 2021, foram contabilizados 1.060 homicídios no Estado. Devemos ter algo em torno de 1 mil neste ano. A curva vem decaindo, é verdade (já fomos o 2º estado mais violento, em 2009), mas a taxa ainda é alta.
Outra questão que preocupa os capixabas é nossa posição, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, no ranking de homicídios de mulheres (a 9ª maior taxa do país em 2021) e de feminicídios (a 6ª maior taxa do país em 2021) – nos dois casos, a pior do Sudeste. É urgente a implementação, ou intensificação, de políticas específicas para combater a violência contra a mulher.
2. Pobreza e miséria
De 2020 para 2021, o percentual de capixabas vivendo abaixo da linha da pobreza subiu de 18,7% para 26,3% da população estadual, o equivalente a mais de um milhão de pessoas vivendo nessa condição. Cerca de 300 mil pessoas foram empurradas para baixo da linha da pobreza de um ano para o outro.
No interior desse grupo, a faixa de capixabas vivendo abaixo da linha da miséria (ou extrema pobreza) cresceu de maneira alarmante, de 3,8% para 6,7% da população do Estado, o que corresponde a 274,6 mil pessoas. Os dados são do Instituto Jones dos Santos Neves.
Se comparados esses números com os de outros estados, o Espírito Santo, nos dois casos, está um pouco melhor que a média nacional. Mas, de 2020 para 2021, a pobreza e a miséria no Estado subiram em velocidade acima da média do país.
O próximo governo estadual deverá ter um olhar especial voltado para esse problema e para esse segmento social que mais depende da ação do Estado, com o aprofundamento de políticas focadas na erradicação da pobreza.
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3. Saúde pública
Um dos efeitos colaterais mais terríveis da pandemia do novo coronavírus foi o represamento de serviços não relacionados à Covid-19 no SUS. Na saúde, o maior e mais urgente desafio para o próximo governo é zerar a extensa fila de consultas com especialistas, exames e cirurgias na rede pública.
Também é preciso acelerar a “interiorização”, ou “microrregionalização”, da rede estadual de saúde, a fim de reduzir a afluência de pacientes do interior para hospitais localizados na Grande Vitória.
4. Educação
Também muito maltratada pela pandemia, a educação pública brasileira, que já ia mal, piorou. No Espírito Santo não foi diferente, de acordo com as notas do último Ideb, referente a 2021, tanto em termos absolutos como relativos. Na comparação com outros estados, o ensino médio público do Espírito Santo ainda figura em uma honrosa posição no pódio, mas caiu da 2ª para a 3ª posição.
No ensino fundamental – responsabilidade maior dos municípios, compartilhada com o Estado –, os resultados das escolas capixabas preocupam: nos anos finais do ensino fundamental, a nota do Espírito Santo fica abaixo da média nacional e da Região Sudeste, tanto na rede pública como no geral (incluídas as escolas privadas).
5. Sistema prisional
Longe da atenção e até do conhecimento da população, o sistema prisional capixaba é uma bomba-relógio cuja explosão o atual governo conseguiu adiar, embora não tenha sido desarmada. O déficit de vagas no sistema requer atenção: hoje, somando todos os presídios estaduais, há cerca de 24 mil detentos onde só caberiam cerca de 14 mil.
Em parceria com a Justiça (audiências de custódia, penas alternativas, tornozeleiras eletrônicas), o atual governo conseguiu cessar o crescimento da massa carcerária, política que deve ser mantida… Porém a conclusão é inevitável: o próximo governo, infelizmente, precisará construir mais presídios.
6. Mobilidade urbana
Todo morador da Região Metropolitana conhece a dimensão do problema. Para melhorar a fluidez do trânsito na Grande Vitória e a vida de quem depende do transporte coletivo no dia a dia, o próximo governo precisa dar soluções concretas e rápidas para os gargalos da mobilidade urbana, como a implantação do BRT e a efetiva reativação do sistema de transporte aquaviário (cujo início o atual governo anunciou para o fim deste ano).
Melhorias na qualidade do sistema Transcol também serão muito bem-vindas pelos ageiros.
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7. Gargalos logísticos
Falando em gargalos, para acelerar o crescimento da economia capixaba, é preciso fomentar um melhor ambiente de negócios. Para isso, é fundamental desamarrar os nós logísticos que compõem aquela pauta amarelada do Espírito Santo: duplicação da BR 262, o imbróglio da concessão da BR 101, portos, ferrovias e aeroportos regionais.
O próximo governador terá que mostrar capacidade de articulação com o Congresso e com o próximo governo federal, seja quem for o presidente eleito.
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