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O dinheiro anunciado pelos governos estadual e federal não chega às empresas

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Como se sabe, nos últimos dois meses, os moradores do país da polarização se engalfinharam na discussão sobre a periodização da saúde sobre a economia ou da economia sobre a saúde. Em outras palavras, se temos de nos manter no isolamento para tratar da saúde pessoal e cuidar da saúde financeira em outro momento, ou se temos de sair todos para a rua e fazer a economia girar. É um falso dilema. Outros países encontraram soluções intermediárias, cuidaram de seus cidadãos sem descuidar de sua economia, sabendo das perdas inevitáveis nas duas áreas.

Em relação à doença, os números diários se tornam cada vez mais dramáticos. Já em relação à economia, os dados começam a surgir com toda sua dramaticidade. E entre os primeiros estão aqueles relacionados à base da crise futura: a enorme dificuldade dos empresários, de todos os portes, de conseguir crédito para manter viva a sua atividade. Pesquisa Sebrae realizada no Espírito Santo traduz essa realidade em números. Segundo o levantamento, apenas 13% dos pequenos e médios empresários interessados em algum tipo de financiamento tiveram seus contratos aprovados pelos bancos. A Federação das Indústrias do estado vai pelo mesmo caminho e acusa os bancos de levantarem uma série de dificuldades para justificar a negativa do empréstimo. Eles vão desde as exigências de cadastro impossível de serem preenchidas numa época de caos até a determinação de reconhecimento de firma, procedimento complicado por conta da restrição de funcionamento dos cartórios.

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A Federação do Comércio também se queixa. E aponta exagero nas taxas de juros acompanhada de restrição no prazo de carência. Os relatos são de desobediência total dos 3,5% de juros ao ano para quem quer pegar empréstimos para a folha de pagamento, taxas exageradas de abertura de crédito, chegando a 15% (ou sejam quem tem a aprovação de R$ 100 mil, recebe R$ 85 mil) e carência de 90 dias, quando o anúncio foi de 180.

Os bancos mostram a insensibilidade e a ganância de sempre. E os governos, federal e estadual, fingem não ter nada a ver com isso. Anunciaram as linhas de crédito, fizeram barulho acenando com verbas bilionárias, encenaram o jogo dos bons es públicos, preocupados com a iniciativa privada… e só.

Além do país da polarização, o Brasil virou a nação das narrativas. Cada grupo inventa a sua para justificar suas posições. Infelizmente, no caso dos créditos para as empresas, não há mais de uma versão: o dinheiro não chegou e pronto! Ou os governantes se movem no sentido de concretizar as linhas de crédito por eles mesmo anunciadas ou viveremos uma situação única no planeta, porque não vamos combater a pandemia com eficiência e nem vamos amparar a economia como se deve. Seria a tempestade perfeita.

Antonio Carlos Leite

Antonio Carlos tem 32 anos de jornalismo. E um tempo bem maior no acompanhamento das notícias. Já viu muitos acontecimentos espantosos. Mas sempre se sente surpreendido por novos fatos, porque o inesperado é a maior qualidade das coberturas jornalísticas. E também da vida...

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