Coluna Vitor Vogas
Gilberto Campos, do Psol: “Candidatura de Rose tem DNA bolsonarista”
Em entrevista ao EStúdio 360, candidato psolista ao Senado bate pesado em Magno, mas principalmente em Rose. Pergunta que fizemos é: em que medida isso não acaba ajudando a direita?
Para o candidato do Psol, Gilberto Campos, tirando a dele mesmo e a do “camarada do PSTU” (Filipe Skiter), todas as candidaturas ao Senado no Espírito Santo têm “DNA bolsonarista”. Todas, inclusive a da senadora Rose de Freitas (MDB). Em entrevista ao EStúdio 360 nesta segunda-feira (12), Gilbertinho, como é mais conhecido, não poupou Rose de críticas severas, apesar da aproximação eleitoral da emedebista com setores da esquerda e de ela ser a candidata apoiada pelo PT de Lula (por sua vez apoiado pelo Psol para a Presidência).
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“Magno Malta é a pessoa mais rejeitada que nós temos hoje no estado do Espírito Santo. É o político mais rejeitado. Não acredito que ele ganhe a eleição, porque a rejeição dele é muito alta”, começou Gilbertinho, antes de voltar-se para a outra candidata que a esta altura lidera as pesquisas:
“E a Rose de Freitas não vai pedir votos para o Lula. Ela está na mesma coligação que o PT. Votar no Lula é uma coisa, e o voto é secreto. Mas nós temos que lembrar que, quando aconteceu o processo de impeachment da Dilma, a senadora teve um princípio de AVC. Ela foi de cadeira de rodas para votar a favor do impeachment da Dilma. Então enganam-se aqueles e aquelas que pensam que a Rose vai fazer campanha para o Lula. Não vai. O único candidato que está fazendo para o Lula sou eu, é a nossa candidatura coletiva. O resto das candidaturas, com exceção do candidato do PSTU, todas as candidaturas têm DNA bolsonarista. Todas são de direita. Todas, fora a minha e a do camarada do PSTU, têm um programa que se iguala ao programa que está colocado aí pelo Bolsonaro.”
Ele reiterou que também inclui Rose nessa prateleira. E partiu para cima da senadora: “Ela é a favor do teto de gastos, votou a favor do impeachment de Dilma. A atuação dela sempre foi no campo da direita. Tem essa história de que ‘Ah, porque eu consigo dinheiro para os municípios’… E os municípios estão quebrados. Isso para mim não é trabalho de um senador. Isso para mim é tráfico de influência, no bom português. E a gente sabe o que significa tráfico de influência. E acredito até que ela já sofreu alguma consequência, porque teve escândalos envolvendo o nome dela, assessores dela. O eleitor não pode mais se enganar. São duas candidaturas que estão aí há muitos anos e não fizeram absolutamente nada pelo Espírito Santo.”
Segundo o psolista, sua candidatura é a única genuinamente de esquerda nesta eleição ao Senado:
“Nas ruas, sinto que as pessoas não sabem em quem votar. Elas sabem em quem elas não querem votar, que é na Rose de Freitas e no Magno Malta. […] A minha candidatura é a única candidatura majoritária de esquerda no Espírito Santo. Hoje existe um vazio muito grande de candidaturas majoritárias no campo de esquerda. […] Esses candidatos não representam mais o povo capixaba.”
Atirar em Rose não é dar tiro no pé?
Rose não é propriamente uma candidata de esquerda, mas, por eliminação, pode acabar se tornando a candidata de muitos eleitores de esquerda, que não querem nem sequer imaginar a possibilidade de Magno Malta ser reconduzido ao Senado. Por pura falta de alternativa, muitos desses eleitores podem engolir em seco e despejar seus votos na emedebista, a fim de impedir o retorno apoteótico de Magno à Casa Revisora, fazendo prevalecer o “voto útil” contra o ex-senador.
A realidade é que, por mais absurdo que isto soe, a esquerda no Espírito Santo não foi capaz de construir e apresentar uma só candidatura competitiva ao Senado, após quatro anos de ciclo eleitoral (uma vergonha que requer estudo detido de caso). Em outras palavras, a esquerda no Espírito Santo não tem nem sequer um candidato ao Senado para chamar de seu e com chances reais de ganhar a eleição.
Assim, não por ser realmente de esquerda, mas por ser com certeza a candidata menos à direita entre os três com campanhas mais vistosas (ela, Magno e Erick Musso), a centrista Rose de Freitas pode acabar virando a opção mais viável para os eleitores desse espectro. E para aqueles que, não importa a ideologia, são antes de tudo anti-Magno.
Nessa perspectiva, ainda mais em uma disputa voto a voto, a candidatura autenticamente de esquerda de Gilberto Campos não pode na verdade atrapalhar a própria esquerda? Será que essa candidatura do Psol não pode acabar ajudando Magno Malta, na medida em que pode puxar para si alguns votos preciosos da esquerda que migrariam tranquilamente para Rose se o psolista não estivesse na disputa e que poderiam fazer grande diferença a favor da senadora no duelo particular com Magno? Não pode, enfim, ser um tiro no pé?
Foi a pergunta que fiz ao próprio Gilbertinho. Ele respondeu com um discurso veemente de repúdio ao “voto útil”:
“Esse negócio de voto útil, isso sim atrapalha. Atrapalha o eleitor, porque você não trabalha na perspectiva de apresentar ao eleitor um programa consistente, que vai representar o eleitor lá em Brasília. Fica nesse jogo aí, que é um ou o outro. Não! Não é nem um nem o outro. O nome a ser colocado lá no Senado é o de Gilberto Campos e o de Ella Machado”, afirmou o candidato, citando a sua parceira na “candidatura coletiva” do Psol.
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