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Coluna Vitor Vogas

As possíveis mudanças de secretários no próximo governo Casagrande

Apresentamos algumas trocas que têm boas chances de se concretizar. Quem com certeza deixa a equipe? Quem pode ser incorporado? Quem pode mudar de posição? Quem saiu para disputar a eleição e, após o insucesso nas urnas, pode ser reaproveitado em outro posto?

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No sentido da leitura: Felipe Rigoni, Jacqueline Moraes, Alexandre Ramalho e Lenise Loureiro

Durante a campanha eleitoral pela reeleição, sobretudo no 2º turno contra Manato (PL), o governador Renato Casagrande (PSB) repetiu como um mantra: “O próximo governo será um novo governo”. “Novo governo” significa nova equipe. Ainda não se sabe ao certo quantas nem quais, mas mudanças no secretariado são um fato seguro. Assim que voltar da viagem ao Egito, onde participa da COP-27, Casagrande se debruçará sobre a montagem do 1º escalão que tomará posse em janeiro, quando ele ará a faixa para si mesmo. No princípio de dezembro, os anúncios deverão começar a ser feitos pelo governador.

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Tendo isso em vista e com base em informações de algumas fontes instaladas no governo, a coluna hoje apresenta algumas mudanças que têm boas chances de se concretizar. Quem com certeza deixa a equipe? Quem pode ser incorporado? Quem pode mudar de posição? Quem saiu para disputar a eleição e, após o insucesso nas urnas, pode ser reaproveitado em outro posto? Confira comigo no replay:

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Rigoni (União Brasil)

São muito fortes as chances de o deputado federal Felipe Rigoni ser incorporado à equipe – uma fonte da cozinha política do Palácio Anchieta dá isso por certo. O lugar não está definido. Pelo perfil do deputado, vou especular aqui o Instituto Jones dos Santos Neves (produção de “evidências” para embasar políticas públicas), a Secretaria de Desenvolvimento ou a de Ciência e Tecnologia. Hoje as duas estão fundidas numa só, mas isso pode ser revertido – como explicarei mais abaixo.

Amigo e ex-chefe do filho de Casagrande (Victor), Rigoni foi este ano, politicamente, como aquele filho pródigo que à casa-casa-casão torna. Entrou no processo eleitoral, em março, como pré-candidato a governador, criticando Casagrande. Em julho reviu o plano, candidatou-se à reeleição na Câmara e, no dia 2 de outubro, embora bem votado, não conseguiu renovar o mandato.

Aí, no comecinho do 2º turno, anunciou apoio a Casagrande e entrou na campanha criticando Manato de um modo mil vezes pior. Um depoimento postado por ele em suas redes sociais ajudou a fixar a estratégia do governador e a pautar o debate no 2º turno.

Foi um combo quase completo das principais fragilidades de Manato exploradas pela campanha do governador: Rigoni chamou Manato de incompetente por ter sido demitido em poucos meses do governo Bolsonaro, acusou o bolsonarista de não ter feito nada relevante em 16 anos na Câmara e pôs em letras garrafais a participação do concorrente de Casagrande no extinto grupo de extermínio Scuderie Le Cocq.

Além de agora poder apresentar essa fatura a Casagrande, Rigoni ficará sem mandato no ano que vem e tem um perfil muito técnico que viria a calhar na próxima gestão estadual. Além disso, é presidente estadual do União Brasil, partido que, no 1º turno, não apoiou ninguém no Estado, mas oficialmente ficou com Casagrande no 2º.

O UB elegeu dois deputados estaduais (Denninho Silva e Dr. Bruno Resende) que, no próximo plenário da Assembleia, estão naquele “centrão” entre os 15 eleitos pela coligação governista e os seis eleitos pela de Manato. A integração dos dois à base governista seria bem conveniente a Casagrande. E, logicamente, o ingresso de Rigoni no alto escalão do governo ajudaria a consolidar tal acordo.

Lenise Loureiro (Cidadania)

Na antessala da campanha de 2018, Lenise Loureiro (Cidadania) era a preferida de Casagrande para ser sua candidata a vice-governadora, como ele mesmo já itiu. Não rolou.

Lenise, então, no decorrer do atual governo, foi secretária estadual de Recursos Humanos e, posteriormente, de Turismo. Desta última pasta desligou-se para concorrer a deputada estadual na eleição de outubro. Teve um resultado tímido: 7.690 votos.

Foi sua segunda frustração eleitoral, provando que política eleitoral não é muito a sua praia. Porém, com perfil muito técnico, lealdade a Casagrande e um trabalho bem avaliado na Setur, Lenise tende a ser reacomodada na equipe do próximo governo – embora talvez não mais no primeiro escalão.

Coronel Ramalho (Podemos)

O ex-secretário estadual de Segurança Pública é outro que muito dificilmente deixará de retornar à equipe de governo – embora possivelmente em outro cargo.

À frente da Sesp por dois anos, entre 2020 e 2022, o ex-comandante-geral teve um desempenho muito bem avaliado pela cúpula do Palácio Anchieta. Porém, em recente conversa com Casagrande, ele externou o desejo de assumir outra função. Pelo perfil de Ramalho, podemos especular: se não a Sesp, qual seria a área correlata? Talvez a Secretaria de Justiça (Sejus), um problemão inadiável para o próximo governo, dada a atual superlotação do sistema prisional estadual

Fato é que o coronel Ramalho tem crédito com Casagrande. Ele mesmo é um eleitor bolsonarista e, mesmo vindo de uma tropa majoritariamente favorável a Bolsonaro – por conseguinte, a Manato –, deu reiteradas demonstrações de lealdade política a Casagrande no processo eleitoral. Tentado por promessas de mundos e fundos (inclusive por parte de Rigoni) para sair do Podemos e se candidatar ao Senado fora da coligação de Casagrande, bateu o coturno e ficou. Teve a candidatura ao Senado barrada pelo mesmo Podemos e, ainda assim, permaneceu.

Manteve-se fiel a Casagrande… e não fez feio nas urnas. Na disputa por uma vaga de deputado federal, obteve quase 40 mil votos. Não conseguiu uma vaga, mas ajudou o Podemos a fazer dois federais, ampliando a “presença” de Casagrande na Câmara Federal, com os também casagrandistas Gilson Daniel e Victor Linhalis.

Enfim, é outro com lugar assegurado na próxima istração.

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Paulo Foletto (PSB)

Falando em “fidelidade política e partidária”, poucos políticos são mais fiéis a Casagrande que o deputado federal Paulo Foletto, de Colatina, e o deputado estadual Eustáquio de Freitas, de São Mateus, ambos do PSB do governador. Foletto pode ser puxado de volta para o secretariado – em outra pasta que não a Agricultura (Seag) –, abrindo espaço para que Freitas, seu 1º suplente, o substitua na Câmara já no início do ano que vem.

Meio espremido (como tantos candidatos e partidos) na polarização entre PL e PT no pleito de outubro, o PSB teve um resultado “brochante” nas eleições legislativas no Espírito Santo. Na Câmara, onde era geral a certeza de pelo menos dois, o partido de Casagrande só fez um federal, com a reeleição de Foletto.

Aliás, é preciso tirar-lhe o chapéu: com a suada reeleição, o deputado de Colatina vai para o quarto mandato seguido na Câmara. E, com a derrota de Rose, torna-se o decano da bancada capixaba no Congresso Nacional.

Porém, contudo, todavia… mais uma vez, Foletto pode não exercer de fato o mandato, como fez em 2019 – quando, em acordo com Casagrande, assumiu a Secretaria de Agricultura, dando o lugar ao seu então 1º suplente, Ted Conti. Se a história se repetir, Foletto irá para outra área no próximo governo Casagrande – a Seag está descartada.

Desta vez, porém, por vontade do próprio Foletto, é possível que ele assuma e exerça mesmo o mandato em Brasília… Com um problema de saúde que limita a sua mobilidade, o deputado possivelmente caminha para seu último mandato. Se o assumir de fato, fará uma ponte política do governo Casagrande com a Câmara e, sem a pressão e a necessidade de se reeleger em 2026 (o que exige do deputado aquele contínuo vaivém entre Brasília e seu reduto eleitoral), poderá se fixar na Capital Federal e ficar tranquilamente por lá.

Nesse caso, é claro, Freitas dança: ou vai para o governo em algum cargo do 2º escalão para baixo, ou fica completamente no limbo.

Jacqueline Moraes (PSB)

Com cerca de 30 mil votos para deputada federal, a atual vice-governadora, Jacqueline Moraes (PSB), não conseguiu eleger-se, mas, nos últimos quatro anos, provou-se uma aliada incondicional do governador – o que por sinal não é pouco, num momento de “tretas” tão explicitadas entre chefes do Executivo e vices.

Jacqueline é cotada para assumir alguma secretaria na área social do governo, o que, diga-se de agem, é diagnosticado por alguns governistas como um dos grandes calos da atual gestão.

O “problema social”

Aumento da fome, da pobreza e da miséria: poucos pontos foram tão martelados por adversários de Casagrande no 1º turno da eleição como esse. Não só adversários, aliás. Nem aliados pouparam o governo nesse aspecto. Antes de o PT firmar a aliança com o PSB e o apoio à reeleição de Casagrande no Espírito Santo, a presidente estadual do partido, Jack Rocha, e o senador Fabiano Contarato, deram entrevistas dizendo que o governo Casagrande deixa muito a desejar nas políticas sociais.

Alguns governistas entendem que existe de fato um “problema político” aí: os secretários(as) das áreas que dirigem as políticas sociais do governo podem até realizar um bom trabalho, tecnicamente competente, mas não dão a menor visibilidade para isso, e as realizações não chegam para a população – o que, convenhamos, também pode ser uma falha da comunicação institucional do governo (alô, Secom!). “A área social está escondida em algum lugar”, fuzila um governista.

Neste caso, não será surpresa se a secretária de Direitos Humanos, Nara Borgo (PSB), e principalmente a de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social, Cyntia Grillo, forem substituídas por alguém que mescle o perfil técnico ao político – muito embora o trabalho de ambas seja bem avaliado pela cúpula do Palácio Anchieta.

Nésio Fernandes (PCdoB) fora

Vai sair, é fato. O secretário estadual de Saúde já é considerado carta fora do baralho.

Um destino possível para Nésio, cogitado por muitos governistas, é que ele seja nomeado para um cargo de natureza técnica no governo Lula. Isso não só pelo perfil técnico do secretário – que se provou um profundo conhecedor do SUS – mas também pelo fator político-partidário.

Às vezes até nos esquecemos, mas a rigor o presidente eleito não pertence tão somente ao PT, mas à Federação Brasil da Esperança, formada por PT, PV e… pelo partido de Nésio, o PCdoB. Assim, o partido do secretário de Saúde também elegeu o próximo presidente da República e também governará o país a partir de 2023.

O elefante na sala

Até princípios de 2021, no organograma do governo estadual, havia a Secretaria de Ciência e Tecnologia, e separada, muito separada, a Secretaria de Desenvolvimento. Eis que, para surpresa coletiva, as duas pastas foram fundidas.

E por que foram fundidas? Para que Casagrande pudesse acomodar na Secretaria de Governo seu aliado Gilson Daniel (Podemos) – que acabara de deixar a Prefeitura de Viana – e, ao mesmo tempo, prestigiar o até então secretário de Governo, um dos seus principais escudeiros, Tyago Hoffmann.

Deu-se origem, então, à paquidérmica Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Desenvolvimento Econômico (Sectides), comandada por Tyago até março deste ano, com direito a todos aqueles cursos do programa Qualificar-ES – um ativo eleitoral. A bem da verdade, foi o próprio Tyago quem construiu e levou a Casagrande o desenho dessa supersecretaria.

Tyago agora elegeu-se deputado estadual e, “na real”, não há mais o menor motivo para o governo manter essa superestrutura, a não ser…

A não ser que Felipe Rigoni convença Casagrande a manter a Sectides e assuma a supersecretaria a partir de janeiro. É outra possibilidade real.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: vitor.vogas@es360.com.br

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