IBEF Academy
Algumas falhas gritantes dos empreendedores
- Por Ricardo Coelho
Não sou de ficar imaginando o que escrever. Eu gosto de escrever aquilo que observo e o que vivo. Hoje eu trabalho para uma grande empresa, mas eu não perdi o contato com os pequenos empresários e nem com os “empreendedores individuais”.
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Conheço uma pessoa que está fazendo uma obra junto com sua esposa em uma sala comercial. A compra de boa parte do material foi feita no cartão de crédito pessoal da família, o mesmo cartão que é utilizado para fazer compras de supermercado e das viagens de férias. Como o limite desse cartão está comprometido, o restante do material foi comprado em outro cartão e a mão de obra do serviço foi paga com dinheiro da família. Com isso, o assunto da semana foi: “não podemos gastar em casa porque estamos fazendo obra na sala da empresa”.
Quem lê o relato acima acaba achando graça e absurdo, mas poucos sabem que isso é o que acontece com 99.99% dos “empreendedores individuais”.
Vamos às falhas que identificamos nesse caso:
1. Claramente, confunde-se a renda da família e a da empresa. Eu sei que é impossível separar a pessoa jurídica da pessoa física quando estamos falando de branding. Quando falamos do dinheiro, tem que haver, sim, separação.
2. Falta de planejamento. A falta de planejamento pode resultar em gastos elevados, perda de liquidez financeira, estresse e ansiedade.
3. Falta de organização. Quando vejo essa família trabalhando, não fica claro o que é responsabilidade de quem. Se não está claro para mim, pode não estar claro para eles também, o que pode resultar em conflito de ideias, sobrecarga e, novamente, estresse desnecessário.
Para resolver isso tudo, nada melhor que uma pequena lista de dicas:
1. Separe as rendas. Mesmo que digam por aí que é impossível, isso tem que ser feito. Se você quer crescer e quer acabar com essa dor de cabeça, faça a gestão financeira de um jeito mais ou menos assim:
• Controle tudo o que entra e tudo o que sai. Sem isso, é impossível fazer qualquer planejamento.
Tenha contas bancárias separadas para a empresa e para a pessoa física. Não dá para estar tudo em apenas um lugar.
• Planeje uma remuneração que pode ser fixa ou variável, anual ou semestral, mas precisa ser planejada.
• Deixe guardada parte da renda da empresa como reserva de emergência (a pandemia já mostrou que isso é importante) e outra parte para investimentos no negócio, como reformas, expansão, cursos etc.
• Faça orçamento anual e tenha um DRE. Se não sabe do que se trata, pesquise no Google ou contrate uma consultoria.
2. Planeje. Planejamentos devem ser feitos e revisados. Periodicamente, deve-se sentar e avaliar todo o planejamento.
3. Faça um plano de ação. Todo planejamento deve ter um plano de ação, nem que seja bem simples, mas deve ter.
4. Organize. Tudo o que você faz ou o que outras pessoas fazem deve estar descrito. Todas as regras do jogo devem ser postas sobre a mesa. Esse é o primeiro o para a organização. Não dependa de nada que não faça parte do seu negócio, isso envolve qualquer recurso financeiro ou mão de obra.
Falar que não é assim que funciona, que não dá ou que ninguém faz isso é reflexo do número alarmante de empresas que fecham antes de completarem 1 ano no Brasil: 80%. Dos 20% que sobram, 60% fecham antes de completarem 5 anos. A minoria sobrevivente foi aquela que não seguiu a maioria e resolveu fazer do jeito certo.
Sobre o autor

Ricardo Coelho. Foto: Divulgação
Ricardo Coelho é Engenheiro de Produção e Mestre em istração de Empresas. Atualmente é Consultor de Empresas, Conselheiro do CREA/ES e membro da Diretoria do IBEF Jovem.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.
