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Ajuda dos governos? Empresas acham lenta e modesta
Tic-tac, tic-tac, tic-tac… O tempo a rápido para as empresas. Muitas delas não sabem como fazer para honrar o compromisso da folha de pagamento do mês de março, a ser paga no início de abril. Mais: os empresários estão frustrados com as medidas tomadas até agora pelos governos federal e estadual. A frustração não é distribuída igualmente: é maior com a gestão Bolsonaro, mas não deixa de existir com o governo Casagrande.
No caso de Bolsonaro, o recado já foi dado publicamente pela Findes. A federação elenca as medidas anunciadas por outros países, compara com as tomadas até aqui pela turma de Paulo Guedes e conclui: é pouco. Ninguém sonha, obviamente, com a enxurrada de dinheiro prometido pelos governos dos Estados Unidos, Suécia e Alemanha, para ficar apenas em três exemplo. Países ricos, soluções trilionárias. Mas era preciso, dizem os empresários, maior ousadia, maior volume de recursos, maior criatividade, enfim. Há recursos ainda intocados, como o do FGTS, por exemplo. E o Tesouro deveria entrar bancando de maneira mais decisiva as linhas de crédito para as empresas se manterem nos próximos três meses, pelo menos. Não há dúvida alguma mais sobre a necessidade de o Estado entrar forte nessa briga. Nem é para garantir mercado, mas, como já diz no mercado financeiro, “comprar tempo”.
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Ilustração: Pixabay
Tempo é, aliás, o ponto comum nas avaliações críticas feitas pelos empresários em relação aos governos federal e estadual. As empresas têm pressa. Têm pressa para saber como pagar salário, para saber como pagar fornecedores, como planejar as próximas semanas. Muitas medidas foram anunciadas, mas a distância entre intenção e gesto é enorme. Levantamento feito na semana ada deu a dimensão dessa distância: de cada R$ 100 anunciados pela equipe de Guedes, apenas R$ 39 chegaram ao bolso de quem deveria. O Senado aprovou nesta segunda-feira (30) os R$ 600 para os trabalhadores informais. Ninguém sabe como e quando esse dinheiro será visto por eles… Essa dificuldade de tirar medidas do papel também é vista quando se observa o pacote anunciado no sábado por Renato Casagrande. Oficialmente, a Findes elogiou. Publicamente, o discurso foi de “estamos no caminho certo”, mesmo porque a aproximação entre a federação e o governo é histórica. Mas há críticas ao governo. A leitura: o pacote poderia ser mais amplo e, assim como ocorre com o governo federal, não se tem clareza sobre quando ele se tornará efetivo.
Tanto no governo federal quanto no estadual fala-se na possibilidade de mais medidas, mais dinheiro. Mas a questão, para os empresários (principalmente os pequenos e médios, mas também muitos dos grandes, cujo caixa não estava em situação das mais saudáveis), é como “pagar seus boletos”. O principal deles, o salário dos funcionários, vence no dia 5. A esperança está numa medida provisória qualquer, surgida na Granja do Torto, nova morada de Paulo Guedes. Mas a MP tem de vir rápido. Porque o tempo não para de correr. E ele pesa sobre a cabeça dos empresários. Tic-tac, tic-tac, tic-tac…
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