IBEF Academy
A nova era dos investimentos brasileiros – parte I
- Por Gabriel Bylaardt Meira Rodrigues
Com o recente corte da taxa básica de juros brasileira (Selic) para 2,00% ao ano, amos a viver em um novo cenário, até então impensável para mercados emergentes. Agora convivemos com uma taxa de juros real negativa e em uma sociedade em que, pasmem, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) rende mais que a poupança.
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Para contextualizar: Selic é a nossa taxa básica de juros, norteia as taxas de empréstimos e das aplicações e quase todo o resto, sendo um ponto-chave da nossa rentabilidade. Inflação é o aumento generalizado de preços, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nossa Selic, agora, está em 2,00% ao ano e nossa inflação acumulada em 12 meses está em 2,31%. Então, subtraindo a taxa de juros da inflação, achamos o juro real.
E o que esses números, de fato, interessam ao brasileiro? Primeiro: o juro real é o que importa para um portfólio de investimentos. Se temos uma rentabilidade de 2% no ano e a inflação (lembra dos preços aumentando?) sobe 2,31%, temos, ao final do período, -0,31% na rentabilidade. Ou seja, você perde poder de compra. Feito até então impensável para nós, que convivíamos com o famoso 1% ao mês sem risco. Segundo: a poupança continua rendendo seus 0,50% ao mês e é onde temos parte relevante do capital brasileiro.
O país paraíso dos rentistas, em que bastava comprar títulos do governo para ter ótimos retornos, agora obriga o investidor a tomar risco. Na prática, o que muda? Para os que procuram retorno em seus portfólios de investimentos, faz-se necessário acrescentar ou aumentar esse risco!
Para quem estava acostumado com a renda fixa (títulos públicos, certificados de depósito bancário – CDBs, caderneta de poupança), é necessário adquirir conhecimento e contar com a ajuda profissional para, gradualmente, aumentar o perfil de risco de sua carteira, caso queira ter maior rentabilidade.
Mas, por onde começar para acrescentar risco à minha carteira? Por risco, aqui entendemos como investimentos que deem a possibilidade de maior retorno à carteira. Falamos de economia real: renda variável (ações), empreendedorismo, negócios de impacto, imobiliário etc. Essa movimentação de capital de ativos “reais” movimenta a economia, fazendo com que o sistema aqueça e o país cresça.
Com o crescimento de investidores ainda tímidos na bolsa de valores, o brasileiro está percebendo a dificuldade de retornos na renda fixa. Começar com percentuais pequenos da carteira (1˜2% do portfólio) auxilia na tomada de risco, de forma a não assustar o investidor com a volatilidade de um mercado variável.
Nos primeiros os, vale pensar a ótica de um portfólio de investimentos como uma carteira de curto, médio e longo prazo: o primeiro para a reserva de emergência, o segundo para os objetivos e o terceiro para aposentadoria e sucessão de patrimônio.
Mas não se engane, o crescimento da carteira vem através da tomada de risco e isso exige um prazo maior para os investimentos (acima de 10 anos), só assim teremos um crescimento constante e sadio do capital.
Sobre o autor

Gabriel Bylaardt Meira Rodrigues. Foto: Divulgação
Gabriel Bylaardt Meira Rodrigues é sócio da Valor Investimentos. Assessor de investimentos credenciado à CVM e B3. Atua com assessoria e alocação de investimentos há cinco anos. Graduado em Ciências Contábeis e atualmente participa como Diretor de Formação do IBEF Jovem.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.
