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A nossa pandemia é maior que a dos outros
Existem alguns pontos de referência na pandemia. O primeiro caso, por exemplo. E reabertura plena dos restaurantes, por marcar o fim do isolamento social. Pois uma observação rápida sobre qual a extensão desse período em outros países nos mostra como a pandemia é bem mais extensa no Brasil. Em várias nações, ela cumpriu um ciclo de 120 dias, em média. Nós estamos perto de 130 dias e sem perspectiva concreta de reabertura.
Itália, França, Espanha, NY
A Itália assombrou o Ocidente com seus números e cenas dramáticas. Pois lá, o ciclo entre o primeiro caso e a reabertura dos restaurantes foi de 108 dias. Na Espanha, 115 dias. Nova York, 114. A França demorou um pouco mais: 130 dias.
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Enquanto isso…
O primeiro caso de covid-19 no Espírito Santo foi registrado no dia 26 de fevereiro, um dia depois do primeiro caso do país. Ou seja, estamos convivendo com a doença há exatos 125 dias no estado e 126 no país. E tanto no estado quanto no país ainda não sabemos em qual ponto da curva da pandemia nos encontramos. Não há perspectiva de retomada das atividades.
A doença avança no interior
A pandemia perdeu velocidade no Norte-Nordeste. No Sudeste, não há um padrão estabelecido: São Paulo tenta voltar à normalidade, o Rio é uma bagunça, Minas teme o crescimento dos números e o Espírito Santo fala em estabilidade na Grande Vitória e crescimento no interior do estado. Mas a doença avança forte mesmo é no Centro-Oeste. Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal estão em situação dramática.
Empurrando com a barriga
O biólogo Fernando Reinach é taxativo: “A nossa estratégia está sendo a seguinte: olha, vou empurrando com a barriga. Fazendo uma coisinha aqui, outra ali, esperando que alguma boa notícia salve o dia. Mas não tem perspectiva. Basicamente, não tem plano.”
Lockdown meia-boca
Reinach já produziu dezenas de textos sobre a pandemia. E lá no início defendia um lockdown rigorosíssimo, de três semanas, para termos um ciclo curto. “Fizemos um lockdown meia-boca, os casos foram subindo lentamente. E a gente nunca conseguiu nem chegar ao platô nem diminuir os casos”, diz ele.
Igrejas reabertas
A igreja católica decidiu retomar suas atividades presenciais em vários estados, inclusive no Espírito Santo. Promete tomar medidas extremas, como controlar a presença de fiéis. Vai ser difícil convencer alguns idosos a retornarem para suas casas sem ver a missa, porque a lotação chegou ao limite…
Rolando Lero
Foram 17 minutos de enrolação. A entrevista de Carlos Alberto Decotelli foi uma demonstração de como alguém se empenha em explicar o inexplicável. Citou caso de racismo com a filha, detalhou episódios sem nenhuma relação com o caso, lamentou a morte do “professor Sigfried”, exagerando na pronúncia alemã. Mas no final a conclusão foi: ele copiou textos na tese de mestrado, não fez doutorado e nem pós-doutrado.
Para completar
A Fundação Getúlio Vargas informou ontem à noite: Decotelli não foi seu professor efetivo, ao contrário do informado no seu currículo.
Briga na Justiça
Carlos Bolsonaro resolveu partir para cima de Marcelo Freixo na Justiça. Ele interpelou o deputado federal do PSol por uma frase postada em rede social. Freixo escreveu o seguinte, quando da prisão de Sara Winter: “Formação de milícia política, atos violentos contra as instituições democráticas, disseminação de fake news… São muitos os crimes de Sara Winter. Nenhum deles é mais grave do que os cometidos por @jairbolsonaro e seus filhos”. Se Freixo não se retratar, será alvo de ação por crime contra a honra, injúria e difamação.
O boicote cresce
Não para de aumentar a lista de gigantes do mundo empresarial participantes do boicote às redes sociais mantidas pelo Facebook. A última foi a Microsoft. ou a integrar a relação já formada por Coca-Cola, Pepsi-Cola, Unilever, Adidas, Ford.
O objetivo do boicote
As empresas aderiram à campanha “Stop Hate for Profit” (“Pare o ódio pelo lucro”), puxada por ONGs contra a omissão das redes sociais em parar discurso de ódio e de racismo.
Vai doer
As empresas estão simplesmente parando de anunciar nas redes sociais de Mark Zuckerberg (Facebook, Instagram etc.). Ainda não se sabe qual o impacto nas contas da empresa. Cálculos iniciais apontam para perdas de R$ 2,5 bilhões no terceiro trimestre.
A afirmação
“A solução não é dar mais informação, mas sim cobrar uma postura da mesma maneira que fazemos com cintos de segurança. Vacinas talvez precisem ser impostas, assim como o uso de máscaras.”
(Atila Iamarino, doutor em ciências pela USP, sobre a provável resistência de parte da população quedo ocorrer o surgimento de uma vacina contra a covid-19)
A imagem

Chamada na capa do jornal Extra sobre Carlos Alberto Decotelli: como o ministro se acha doutor sem ter defendido tese, ele poderá se achar ministro mesmo se o presidente Bolsonaro desistir de sua indicação para o Ministério da Educação.
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