Coluna Vitor Vogas
O “Manifesto de Muribeca”: a resposta enérgica contra Vidigal
Entrando definitivamente na campanha e na “trocação” contra o prefeito e Weverson, candidato de oposição respondeu, uma por uma, às indiretas da dupla pedetista contra ele nos últimos dias. Teaser: começou proclamando que “a Serra não tem dono!”

À esquerda, Pablo Muribeca; à direita. Sérgio Vidigal e Weverson Meireles
Nas entrevistas e pronunciamentos feitos no evento do PDT no último sábado (16), inaugurando sua estratégia de campanha, o prefeito Sérgio Vidigal e seu candidato à sucessão, Weverson Meireles, fizeram múltiplas referências a uma suposta “ameaça de retrocesso”, não identificada nem personalizada.
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Assim falou Weverson Meireles: “Não podemos permitir retrocesso na cidade. A Serra representa muito para nós, serranos, mas representa muito para o estado do Espírito Santo. Brincar com o futuro da Serra é brincar com o futuro do nosso Estado”.
Assim falou por sua vez Vidigal, em entrevista concedida ao telejornal EStúdio 360 na última segunda-feira (18): “Estamos vivendo um momento de muita narrativa e pouco conteúdo. Isso é uma realidade. Mas narrativa não constrói escola de qualidade para os filhos de ninguém, não traz saúde de qualidade que atende toda a população, não atrai empresas para a cidade, não gera oportunidades de emprego e renda. Hoje, infelizmente, estamos convivendo com muitos personagens na política”.
Convidado a especificar a quem se dirigia, Vidigal tergiversou. Evitou discriminar quem seria, afinal, tal “retrocesso”: “Quem sou eu para julgar pessoas? Estou falando o que não pode acontecer na cidade. […] Quando a gente fala em ‘retrocesso’, a gente não está fulanizando, não está falando de João ou de Manoel…”
Apesar dos escorregões dos pedetistas, todos que acompanham minimamente o contexto político serrano sabem muito bem de quem os dois estão falando. O alvo certo das investidas é o deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), um dos principais adversários eleitorais de Vidigal e, agora, também de Weverson.
Muito ativo nas redes sociais, Muribeca incomoda a istração desde os tempos de vereador (2021-2022), com suas constantes publicações em texto em vídeo nas redes sociais, em grande parte resultantes das “rondas de fiscalização” realizadas por ele em unidades de saúde da Serra.
Nesta semana, Muribeca preferiu se abster de rebater os ataques indiretos dos pedetistas da tribuna da Assembleia. ou em branco nas sessões de segunda, terça e quarta.
Nesta quinta-feira (21), ele enfim resolveu “falar”. Por escrito, rebateu de maneira enérgica as insinuações contra ele por parte do prefeito e de seu pré-candidato. E o fez de maneira enérgica: “A Serra não tem dono e merece muito mais! Chegou a hora de escolhermos o caminho que queremos seguir!”
O “manifesto” de 11 parágrafos enviado à imprensa corresponde à entrada definitiva de Muribeca na eleição. Vale como o marco inaugural de uma campanha de “trocação aberta” entre ele e o grupo de Vidigal.
Além de uma série de críticas à gestão de Vidigal, o deputado bolsonarista respondeu diretamente, uma por uma, às indiretas feitas pelos pedetistas sem citá-lo, mas claramente destinadas a ele.
Destacando “a necessidade de mudança” e afirmando que “a Serra não precisa de mais do mesmo”, Muribeca enumerou problemas como “a falta de oportunidades, a precariedade dos serviços públicos e a sensação de insegurança que assola a população”.
Segundo ele, as istrações dos últimos 20 anos na Serra, marcados pelo revezamento entre Vidigal e Audifax Barcelos (PP) no poder, não foram capazes de solucionar esse “problemas crônicos da cidade”:
“Ao contrário, aprofundaram as desigualdades e a falta de oportunidades para a população, servida apenas para ser condomínio desses que se dizem donos da prefeitura e ainda ficam ensaiando brigas e aproximações políticas com um único objetivo: se perpetuarem no poder, jogando com a população da Serra.”
A referência a um suposto “ensaio de brigas e aproximações políticas” é um contra-ataque de Muribeca a outra parte importante da estratégia lançada por Vidigal e Weverson no último sábado. Como analisado aqui, ambos agitaram a bandeira de paz em direção a Audifax, propondo uma trégua na histórica rivalidade política e uma união de forças neste pleito, em nome do interesse maior do povo serrano (leia-se derrotar Muribeca, por essa perspectiva).
Vidigal chegou a dizer, durante entrevista coletiva após lançar Weverson: “Acho até que era um bom momento de a gente se unir para fazer a virada de chave no município da Serra. Não é para derrotar o Muribeca, é para que a Serra não retroceda. Quando eu falo em ‘se unir’, é porque acho que o interesse da cidade é maior que o nosso nesta história”.
Em seu manifesto, Muribeca se apropriou da mesma expressão usada por Vidigal, invertendo-a a seu favor:
“A virada de chave que a Serra precisa é sair do retrocesso, é acabar de uma vez por todas com o mais do mesmo. A população quer é mais médico. Mais emprego. Mais qualidade de vida. Mais respeito!”
E não parou aí.
Do TikTok ao Power Point
Também no ato do último sábado, discursando à militância e sempre sem citar nominalmente Muribeca, o recém-lançado Weverson ironizou nas entrelinhas o estilo de fazer política e a falta de formação acadêmica atribuída ao adversário:
“Eu sou formado em istração pela Ufes. Não sou formado em Instagram e pós-graduado em TikTok. Tenho no meu currículo experiências de gestão. Eu não tenho no meu currículo uma ficha corrida.”
“Vestindo a carapuça”, Muribeca aceitou a provocação (mas, também, a fase de ignorar e “fingir que não é com ele” já ou…). Rebateu-a assim:
“Minha formação acadêmica não me torna melhor ou pior gestor. Se fosse assim, o poderia fazer chegar os investimentos onde o cidadão mais precisa. Ou o médico, no caso o prefeito atual, resolveria o problema da saúde da Serra. Mas o que vemos não é bem assim. Mas, com minha formação, posso afirmar que, além de preparado, tenho meu olhar voltado para nossos irmãos serranos, me aproximando das pessoas e entendendo a necessidade do ser humano.”
Lembrando que é “o deputado estadual mais votado da história da Serra”, Muribeca respondeu à gozação de Weverson sobre seu uso intenso de redes sociais com uma “contragozação” relacionada ao uso de um programa muito famoso da empresa Microsoft:
“Conheço os problemas da Serra e as soluções necessárias para o desenvolvimento da cidade no dia a dia das ruas, não fico dentro de gabinete assistindo televisão e apresentando Power Point.”
Weverson é chefe de gabinete de Vidigal.
Muribeca ainda fez, de agem, uma menção às denúncias recebidas de uma servidora do Sine da Serra sobre o suposto direcionamento de vagas de emprego na agência pelo subsecretário Renato Ribeiro, atendendo a critérios políticos e interesses eleitorais. A denúncia levou Muribeca a realizar a autointitulada “Operação Peixada”.
“Eu dialogo com a Serra e sei que direcionar as vagas de emprego do Sine é um retrocesso. Sei que ficar horas na fila de uma unidade de saúde é uma cena que o serrano não aguenta mais enfrentar!”, disparou o deputado.
Para se antecipar a futuras novas críticas relacionadas à sua formação acadêmica e profissional, Muribeca afirmou que está cercado de gente qualificada e que será capaz de formar uma equipe de governo das mais competentes:
“Estando rodeado por pessoas capacitadas, com experiência e, com o poder de aglutinar que tenho, podemos montar um bom time e vencer qualquer desafio, desde o mais simples, até os mais sensíveis.”
Muribeca ainda citou istrações de cidades vizinhas como exemplos de gestões bem-sucedidas. Citou especificamente três da Grande Vitória:
“Não precisamos ir muito longe para vermos bons exemplos de como a virada de chave faz a diferença. Exemplos como Vila Velha, Cariacica e Viana demonstram que é possível fazer mais e melhor. Através da quebra de paradigmas e da implementação de políticas públicas inovadoras, essas cidades alcançaram resultados positivos em áreas como saúde, educação, segurança e desenvolvimento social.”
O deputado arrematou assim: “A Serra precisa de um líder capaz de unir a cidade e construir um futuro melhor para todos!”
Adendo
A primeira versão do manifesto assinado por Muribeca veio sem menção ao prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, do mesmo partido do deputado (Republicanos), entre os exemplos de boas istrações na Grande Vitória. Após a publicação, Muribeca entrou em contato com a coluna e pediu para fazer este acréscimo:
“Em tempo, quero aqui também fazer menção à gestão do prefeito de Vitória Lorenzo Pazolini, que tem sido um verdadeiro exemplo de que a mudança com responsabilidade, equipe e planejamento dá certo! Vitória tem sido referência de gestão pública no país!”
Está feito o registro.
