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Coluna Vitor Vogas

ES fecha novembro com o menor nº de homicídios acumulados desde 1996

De 1º de janeiro deste ano até 30 de novembro, foram registrados 882 homicídios em território capixaba. Confira o que separa o Estado de marcas históricas

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Ao centro, Renato Casagrande; ao fundo, Dona Virgínia Casagrande e Alexandre Ramalho. Crédito: Secom

O Espírito Santo encerrou o mês de novembro com o menor número de assassinatos acumulados no ano desde o início da série histórica, em 1996.

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Do dia 1º de janeiro deste ano até o dia 30 de novembro, foram registrados oficialmente 882 homicídios dolosos (quando há a intenção de matar) em território capixaba – média de 2,64 por dia.

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Até então, a melhor marca a esta altura do ano tinha sido observada em 2019. Até 30 de novembro daquele ano, haviam sido registrados 901 assassinatos no Espírito Santo. Assim, nos primeiros 11 meses de 2023, foram cometidos 19 homicídios a menos que no mesmo intervalo de 2019.

Dois mil e dezenove foi exatamente o ano em que o Estado atingiu a melhor marca dessa fúnebre série histórica. Ao final daquele ano, foram contabilizados 987 assassinatos. Foi, até hoje, o único ano em que essa mórbida estatística ficou abaixo da casa do milhar.

A parcial registrada em 2023 até o fim de novembro também é melhor que a do ano ado. Até 30 de novembro de 2022, haviam sido computados 907 homicídios dolosos no Espírito Santo – 25 a mais que os 882 registrados até a mesma altura deste ano. Em 2022, o Estado fechou o ano com 1007 assassinatos – segundo melhor resultado da série histórica, perdendo só para 2019.

Isso significa, leitores, duas coisas.

A primeira é que o Espírito Santo tem grande probabilidade de fechar 2023 com o melhor resultado anual da série histórica, isto é, o menor índice de homicídios dolosos cometidos em um mesmo ano. A meta é plenamente factível do ponto de vista matemático.

A segunda é que o Estado tem ainda maior probabilidade de encerrar 2023, pela segunda vez desde 1996, com essa sinistra estatística abaixo dos quatro dígitos. Essa meta se mostra ainda mais factível.

É só fazer as contas.

Tudo vai depender, logicamente, dos resultados colhidos em dezembro. A questão, então, é calcular o limite máximo de homicídios que separa a marca atual das duas metas citadas acima.

Ora, se até 30 de novembro houve 882 assassinatos e a menor marca histórica são 987, o Estado baterá seu recorde, positivamente, se forem cometidos menos de 105 assassinatos somente no mês de dezembro. Caso sejam registrados até 104 homicídios nos 31 dias deste mês, o Espírito Santo estabelecerá uma nova melhor marca histórica.

Os números por si são frios, e estatísticas de violência não seguem padrões regulares. Dependem de muitas variáveis. Ainda assim, há razões matemáticas para nos mantermos esperançosos e acreditarmos que é possível.

Em primeiro lugar, como visto acima, no período de 1º de janeiro a 30 de novembro deste ano, a média foi de 2,64 assassinatos por dia no Estado. Para que o menor índice histórico não seja alcançado, a média, somente em dezembro, deverá ser de 3,35 assassinatos por dia, ou seja, terá de subir bastante. Dezembro precisaria ser um mês tremendamente atípico.

E aí chegamos ao segundo dado auspicioso. Um pico de 105 mortes do tipo em dezembro se mostra pouco provável quando se analisa o retrospecto recente no mesmo mês.

Em dezembro de 2022 – e olha que foi um mês muito ruim –, o Espírito Santo computou 100 assassinatos, redondos.

Em dezembro de 2021, foram 78.

Em dezembro de 2020, 86.

Em dezembro de 2019, 86.

Em dezembro de 2018, 84.

Os 105 necessários para que o recorde histórico não se confirme este ano parecem algo muito fora da curva.

Mas sejamos menos otimistas e mais conservadores. Enfoquemos a meta mais modesta: fechar 2023 com esse índice abaixo de 1000. Para isso, em face dos 882 acumulados até 30 de novembro, não podem ser praticados, em dezembro, mais de 117 homicídios. A média não poderá superar 3,77 por dia – bem acima da média parcial de 2,64 até o fim de novembro.

Enfim, “dá pra sonhar”.

Os números são da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).

O resultado de novembro, isolado

Em novembro deste ano, foram registrados 82 homicídios dolosos no Estado, resultado melhor que o apresentado no mesmo mês em 2022 (90). Na comparação com os outros meses de novembro, o resultado de 2023 está entre os melhores da série histórica. Para se ter uma noção, em novembro de 2003, 20 anos atrás, foi registrado mais que o dobro de homicídios (169) em comparação com os 82 de novembro deste ano.

Perfil dos homicídios dolosos

A análise mais refinada dessas sombrias estatísticas conduzem a uma conclusão irrefutável: a maior parte dos homicídios dolosos no Espírito Santo está intimamente conectada com o universo do tráfico de drogas. De modo mais específico, com a perpétua guerra entre facções criminosas pelo controle do mercado ilegal de entorpecentes na periferia das maiores cidades capixabas.

Das 82 vítimas de assassinatos cometidos em novembro, nada menos que 68% tinham alguma relação com o tráfico de drogas.

Sessenta e nove por cento (69%) dos casos apresentaram característica de execução (quando a vítima não tem nenhuma chance de defesa).

Quarenta e oito por cento (48%) das vítimas eram jovens na faixa etária entre 15 e 29 anos. O mesmo percentual de vítimas tinham registro criminal.

Cinquenta e cinco por cento (55%) dos crimes foram praticados em vias públicas.

Já 22% dos casos foram classificados como crimes de proximidade, quando vítima e autor têm alguma relação de proximidade (amigo, parente, cônjuge etc.). Normalmente, em tais casos, o crime tem motivação banal.

Em novembro, 635 pessoas foram detidas ou apreendidas pelas forças de segurança do Espírito Santo por envolvimento em crimes relacionados às drogas. Cento e cinco (105) eram menores de idade.