Coluna Inovação
O show da Metal-Mecânica
Uma empresa multinacional deveria contratar fornecedores do local onde atua, para atender sua responsabilidade social, pelo fato deles serem locais? Uma empresa multinacional que tem o às melhores tecnologias do mundo e aos melhores fornecedores deveria contratar fornecedores locais pelo fato deles serem locais?
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
Certamente essa dúvida ou pela cabeça dos dirigentes das grandes empresas que se instalaram no Espírito Santo no século ado, confrontadas com a ausência de fornecedores de qualidade na região nessa época.
Por outro lado, é sempre bom ter fornecedores próximos, mais rápidos e mais baratos no atendimento e capazes de formar uma rede de proteção junto à opinião pública. Se colocar como um enclave na sociedade, sem uma cadeia de fornecimento local de serviços e empregos, possibilita a propagação de uma antipatia que pode se refletir em conflitos onerosos com a população e o poder público local.
A solução para esse dilema foi encontrada com o apoio ao desenvolvimento de fornecedores locais, para que pudessem atingir a qualidade que atendesse aos critérios naturalmente exigidos por grandes empresas.
E como surgem do nada essas empresas, possíveis fornecedores locais? Surgem, muitas vezes, formadas por ex-funcionários capacitados, familiarizados com a operação e com espírito empreendedor, contratados como pessoa jurídica após privatizações ou por incentivo das empresas.
Dois importantes programas de apoio ajudaram no processo: o PDF, Programa de Desenvolvimento de Fornecedores, atuando fortemente na direção das grandes empresas para abrir seus processos de compra e permitir o o de fornecedores locais e o Prodfor, certificando empresas em processos de qualidade, por onde já aram mais de 750 empresas locais até o momento. No apoio institucional desse movimento vários sindicatos ligados à Federação das Indústrias – Findes, em especial o Sindifer, e mais o IEL – Instituto Osvaldo Lodi, o Cdmec – Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico, o Sebrae e a Câmara Setorial das Indústrias de Base.
Esse grande movimento, iniciado em 1995, possibilitou a criação de uma rede de fornecedores com vários desdobramentos positivos. Quando um fornecedor consegue ar pelos critérios rigorosos de uma grande empresa, significa que ele aprendeu a operar não só com qualidade técnica, mas também aprendeu a se relacionar comercialmente e a a evoluir em todo o seu processo de gestão. Consegue ganhar novos clientes de grande porte como aconteceu de fato com muitas delas. Porém, se não mantiver a qualidade, a produtividade e a competitividade, vai perder espaço e contratos. A grande empresa não vai sustentar fornecedores pelo simples fato de serem locais.
A dimensão da rede de fornecedores locais criou um volume de negócios no Estado que incentivou empresários e instituições a formar uma incipiente, na época, Feira da Inovação Industrial – Mec Show que chega em 2023, com sua 16ª edição, como uma das cinco maiores do Brasil, com 300 empresas participantes e um movimento de mais de 18.000 pessoas nos três dias de evento. Muitas das empresas expositoras trazem no DNA aquelas iniciativas pioneiras e seus empreendedores, marcando o sucesso espetacular desse movimento que leva muitas delas a atuar no país inteiro, crescendo sempre em inovação e competência.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.
