Bem-estar
Exames de sangue não comprovam eficácia de vacinas contra covid
Euclides Matheucci Jr, da DNA Consult, explica os cuidados necessários para aqueles que já tomaram a vacina e desejam realizar teste sorológico

É importante continuar cuidando da imunidade. Foto: CDC/ Unsplash
O avanço da vacinação pelo país e a queda de novos casos e internações tem impulsionado o retorno de atividades presenciais com a abertura de comércios, bares e restaurantes, serviços culturais, parques e academias. Dessa forma, uma parte considerável daqueles que já tomaram as duas doses das vacinas ou dose única, como da Janssen, tem buscado formas de descobrir se está imune ou não ao SARS-CoV-2. O mesmo tem ocorrido com quem já foi infectado.
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Entretanto, é preciso cuidado com os exames realizados e os métodos de diagnóstico. O presidente do laboratório de biotecnologia DNA Consult e professor na Universidade Federal de São Carlos, Euclides Matheucci Jr, orienta que não são todos os exames que identificam os anticorpos neutralizantes, únicos capazes de proteger o corpo contra o vírus. “Dado o contexto de muitos casos e mortes no país e a incerteza acerca das informações sobre a pandemia, impulsionada pela disseminação de fake news, é compreensível que muitos busquem por formas de confirmar se estão protegidas de fato contra o vírus. Mas é necessário se atentar ao método diagnóstico do exame escolhido”, aconselha.
A fim de tentar guiar como escolher o melhor método, o especialista explica a diferença entre os diagnósticos disponíveis. “Os testes sorológicos IgG e IgM apenas detectam a presença de anticorpos, mas não são capazes de distinguir se estes anticorpos são eficazes para a neutralização viral, ou seja, se protegem contra o vírus. Eles indicam apenas se existe ou não a produção de anticorpos. Já o teste de anticorpos neutralizantes IgA e IgG são sensíveis e específicos para a neutralização do vírus. Para garantir a proteção, é preciso procurar por um exame que apresente a criação de anticorpos neutralizantes”, esclarece.
Euclides ainda lembra que a capacidade de imunização individual não depende somente da produção de anticorpos. “O indicador mais conhecido para saber se alguém está protegido contra determinado vírus é o anticorpo, porém o sistema imunológico do ser humano é bem mais complexo. Um resultado negativo não significa necessariamente que o indivíduo não desenvolveu imunidade, pois existem outros mecanismos de defesa além da produção de anticorpos, como a imunidade celular, por exemplo”, completa.
Apesar de tantas dúvidas a respeito da imunização da população, o professor também alerta que os exames sorológicos não devem ser utilizados para comprovar a eficácia das vacinas. “O teste sorológico precisa ser interpretado como potencial de imunidade e não como certeza de imunização. Quem já foi vacinado, ainda precisa continuar tomando os cuidados necessários com o uso de máscaras, higienização das mãos e manter o distanciamento social”, finaliza.
